Crédito - Silvia por Pixabay |
Ginecologista do Vera Cruz Hospital, em Campinas (SP), alerta: ao menor sinal de dor, como cólicas menstruais ou durante a relação íntima, é essencial buscar ajuda médica
Atualmente, a endometriose acomete 176 milhões de mulheres em todo
o mundo, sendo mais de sete milhões só no Brasil. Os dados são da Organização
Mundial da Saúde (OMS). O problema é gerado quando o endométrio fica fora da
cavidade uterina, causando dores intensas, infertilidade e, se não tratado,
atacar outros órgãos. Neste 7 de maio, Dia Internacional da Luta contra a
Endometriose, o médico cirurgião ginecológico Dorival Gomide, do Vera Cruz
Hospital, em Campinas (SP), traz à luz 12 mitos e verdades comuns que são
compartilhados diariamente nos consultórios.
“Acho super importante destacar que é preciso acabar com a
‘normalização’ da dor. Ou seja, a paciente que tem cólica ou sente dor na
relação sexual, principalmente na penetração mais profunda, precisa entender
que este pode ser o indício de um problema como a endometriose e precisa
investigar. Com o diagnóstico e acompanhamento, a qualidade de vida dessa
paciente tem muito a melhorar e, inclusive, evitar problemas maiores, como a
infertilidade”, destaca.
1 – A endometriose é hereditária.
Verdade. Em
geral, a maioria das pacientes com diagnóstico positivo têm, na família, uma
mãe, tia ou avó que já apresentou o problema. E, neste caso, é interessante
também acompanhar as filhas, pois há ali um risco importante.
2 – A endometriose sempre causa infertilidade.
Mito.
Cerca de 60% das mulheres com endometriose engravidam normalmente. As outras
40% acabam precisando de algum tratamento médico; às vezes, uma fertilização e,
em outros casos, cirurgias.
3 – A endometriose sempre traz sintomas.
Mito. Há
pacientes que têm endometriose e não apresentam nenhum sintoma; algumas com
casos avançados. Na verdade, o que pode causar a dor é a localização da lesão.
Então, é possível que uma paciente com endometriose leve sinta mais dor, ou
algum outro sintoma, do que alguém em estado mais grave. Por isso, é importante
sempre realizar os exames periódicos.
4 – Os primeiros sintomas da endometriose surgem a partir da
primeira menstruação.
Verdade.
Geralmente, a paciente já tem um histórico familiar, apresenta cólicas fortes e
um fluxo menstrual aumentado. Esses são os primeiros sinais de alerta.
5 – A endometriose não tem cura.
Verdade. Não
há como afirmar que tem cura, mas é possível fazer um bom controle. Geralmente,
a cirurgia retira todas as lesões e a paciente fica livre. De qualquer maneira,
por ser uma doença inflamatória e crônica, pode voltar. Então, é essencial ter
certos cuidados, como uma dieta equilibrada, que exclua alimentos
inflamatórios, e praticar atividades físicas, pois isso ajuda bastante a longo
prazo.
6 – A endometriose só é tratada com cirurgia.
Mito. O
tratamento só prossegue para uma cirurgia se não houver sucesso com o controle
clínico. O princípio do tratamento é controlar os sintomas, muitas vezes com
hormônios ou mudanças no estilo de vida, como a prática de exercícios físicas e
uma dieta equilibrada. Caso essas primeiras medidas não resolvam, aí, sim,
pode-se adotar a cirurgia para remover as lesões.
7 – A endometriose exige acompanhamento periódico
permanente.
Verdade.
Geralmente, o acompanhamento da paciente é feito pelo ginecologista.
Eventualmente, poderá precisar de um especialista em endometriose. O ideal é
fazer um acompanhamento periódico para controlar os sintomas e também a
evolução da doença, caso a paciente não tenha sido operada. Caso esteja bem,
sem dor, pode ser anual.
8 – A endometriose exige que a paciente use medicamentos
diariamente.
Mito. Na
verdade, os medicamentos só são utilizados para controlar os sintomas. Então,
se uma paciente não os apresenta – seja por ter feito a cirurgia ou por ter
alterado o estilo de vida -, não há necessidade de medicamentos. Vale lembrar
que não há remédios, até o momento, que tratem a endometriose. Todas as
medicações, sejam hormonais, como anticoncepcionais, implantes, DIU, ou
analgésicas e anti-inflamatórias, apenas tratam os sintomas.
9 – A endometriose pode ser prevenida.
Mito. Não
pode ser prevenida, pois sua origem tem relação com histórico familiar. Ou
seja, a mulher pode nascer com um endométrio diferente e desenvolver, ou não, o
problema. O importante é que os sintomas podem ser tratados e prevenidos.
10 – É possível desenvolver ou descobrir a endometriose
durante a gestação.
Verdade.
Geralmente, o principal desafio da paciente com endometriose é engravidar. Ao
conseguir, na maioria dos casos, a gestação é assintomática, e isso ocorre
devido à supressão dos hormônios ovarianos. A doença ainda pode ser descoberta
quando a mulher sente dificuldades no processo de engravidar.
11 – A endometriose é o mesmo que as cólicas menstruais
consideradas “normais”.
Mito. A
dor é relativa de pessoa para pessoa e, por isso, é impossível definir o que é
“cólica normal”. Então, nenhuma dor é normal e todas devem ser investigadas. E,
infelizmente, esse conceito de “cólica é normal” é o que faz com que a doença
tenha uma demora de oito a dez anos para ser diagnosticada. É muito tempo.
12 – Um quadro de endometriose controlado pode ter piora
clínica.
Verdade. Há,
sim, pacientes que têm controle dos sintomas, mas continuam apresentando uma
progressão da doença. Por isso, o acompanhamento periódico é essencial.
Nenhum comentário:
Postar um comentário