2ª edição do “Guia de Vacinação no Paciente Oncológico”, produzido pela SBOC em parceria com a SBIm, traz detalhes sobre a imunização das pessoas com câncer
A imunização de pacientes oncológicos
contra o vírus da Influenza pode reduzir em até 58% o risco de mortalidade por
esse tipo de infecção. Por isso, é fundamental que todos os pacientes com
câncer, a partir dos 6 meses de idade, recebam esse imunizante. As complicações
por gripe Influenza é apenas um dos exemplos destacados no “Guia de Vacinação
no Paciente Oncológico”, produzido pela Sociedade Brasileira de Oncologia
Clínica (SBOC), em parceria com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
Segundo explica a oncologista clínica
Dra. Mariana Scaranti, membro da SBOC e uma das autoras do Guia, pacientes
oncológicos podem apresentar o comprometimento do sistema imunológico, o que
requer cuidados especiais em relação a imunizações. “Precisamos olhar para este
paciente como um todo e a prevenção de doenças infectocontagiosas, através da
vacinação, é fundamental para promoção da saúde em sua integralidade”, afirma.
Sobre o calendário vacinal das pessoas
com câncer, também em destaque no Guia, a especialista conta que as
recomendações são individualizadas porque dependem de variáveis como idade,
histórico de imunizações, entre outros fatores. “É muito importante que todo
paciente oncológico consulte seu médico para entender quais vacinas são
recomendadas ou contraindicadas”, diz. “Nossa diretriz vai auxiliar o médico
oncologista nessa tomada de decisão”, acrescenta a oncologista.
Vacinas
contraindicadas
Pacientes com câncer, em tratamento
imunossupressor e com doença maligna não controlada não devem receber vacinas
desenvolvidas com bactérias ou vírus vivos atenuados, como por exemplo a vacina
da dengue ou do sarampo. Além disso, qualquer antecedente de alergia grave a
algum componente da vacina pode contraindicar a administração de um imunizante.
Idealmente, essas vacinas devem ser
administradas pelo menos 30 dias antes do início do tratamento imunossupressor.
Caso não tenham sido aplicadas nesse período, a recomendação é adiá-las por, no
mínimo, três meses após o término da quimioterapia, desde que o câncer esteja
em remissão e o paciente não esteja enfrentando um estado grave de
imunocomprometimento.
Vacina Covid-19
Todas as vacinas para Covid-19
disponíveis hoje são inativas e não há contraindicações para vacinação de
imunocomprometidos. As vacinas de vetor viral são constituídas por vírus não
replicantes e classificados como funcionalmente inativas. Além das três doses
iniciais, reforços são previstos. Segundo o Ministério da Saúde, a partir de
2024, a vacinação será anual e voltada aos grupos prioritários, incluindo
pessoas com câncer e/ou em tratamento imunossupressor.
Precauções Gerais
Recomenda-se adiar a vacinação em casos
de doença febril, de moderada a grave, para evitar confusão entre uma eventual
piora no estado de saúde e um potencial evento adverso pós-vacinal. Para
indivíduos com distúrbios de coagulação ou em uso de anticoagulantes, é
essencial aplicar vacinas intramusculares com cuidados adicionais para prevenir
sangramentos e hematomas. Dependendo da doença de base e sua gravidade, a via
subcutânea ou a administração de fatores de coagulação ou concentrados de
plaquetas, antes da aplicação, podem ser indicadas.
É fundamental ressaltar ainda que
reações alérgicas tardias, ocorrendo entre 48 e 96 horas após a vacinação, não
representam risco de morte e não contraindicam o uso das vacinas. Contudo,
eventos adversos graves pós-vacinação devem ser investigados, e se for
demonstrada uma relação causal com a vacina, podem contraindicar doses
subsequentes.
Lançamento do Guia
O lançamento do Guia
de Vacinação no Paciente Oncológico aconteceu na última quarta-feira, 20 de
março, em live transmitida no Instagram de ambas as sociedades (@sboc_oncologia
e @sbim_nacional), com a presença das autoras do documento.
O Guia está prontamente disponível para
consulta e download no site oficial da SBOC, servindo como um norte aos
profissionais que buscam mais informações sobre cuidados especiais que devem
ser tomados para imunizar pacientes com câncer contra outras doenças.
“Consideramos que disponibilizar essas
orientações online é essencial para fortalecer os cuidados e promover uma
melhor qualidade de vida para aqueles que enfrentam desafios únicos durante o
tratamento oncológico”, finaliza a Dra. Maria Ignez Braghiroli, diretora da
SBOC e coordenadora da segunda edição do “Guia de Vacinação no Paciente
Oncológico”.
Além da Dra. Mariana Scaranti e da Dra.
Maria Ignez, o Guia também conta com a autoria das médicas pediatras Dra.
Isabella Ballalai e Dra. Tânia Petraglia.
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