Pesquisa realizada
pelo Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) mostrou o preconceito da
sociedade com a deformidade
Uma pesquisa liderada pelo Hospital do Servidor
Público Estadual (HSPE) mostrou que quase 90% dos pacientes já tiveram
problemas de relacionamento afetivo e interpessoal por conta da deformidade
congênita do pé torto. O levantamento dos ortopedistas da instituição aponta os
problemas de bullying ou discriminação pelo mesmo motivo.
1 a cada 1000 bebês nasce com pé torto no Brasil. A
deformidade provoca perda na qualidade de vida, fazendo com que pessoas adultas
que convivem com essa alteração no formato dos pés tenham dificuldade de
locomoção e problemas no convívio em diferentes ambientes da sociedade.
Atualmente, cerca de quatro mil casos de pé torto congênito são diagnosticados
ao ano no país, de acordo com dados do DATASUS.
O trabalho e a produtividade desses indivíduos
também são impactados uma vez que 76% dos participantes afirmaram já terem tido
dificuldade em encontrar emprego. Cerca dos 35% já dos entrevistados tiveram
que faltar pelo menos uma vez na semana do trabalho ou às aulas por culpa do pé
torto, gerando perda de renda no final do mês.
De acordo com os especialistas, para que a pessoa
conquiste melhor qualidade de vida, o tratamento deve ser feito logo nos
primeiros meses do recém-nascido para um resultado rápido e eficaz. O “Programa
Erradicando o Pé Torto no Brasil" foi feito por um grupo de ortopedistas
brasileiros, coordenados pela médica ortopedista, Monica Nogueira, do Hospital
do Servidor Público Estadual (HSPE), e visa jogar luz para a necessidade de
novas políticas públicas para o problema. “Conseguimos transformar vidas em
menos tempo, livrando as crianças, nos primeiros meses de vida, de uma
deformidade que se não tratada poderia causar tanto preconceito e limitação. As
crianças tratadas não têm limitações funcionais, e o pé tem aspecto estético
muito próximo do normal.”, explica.
Entre os anos 2016 e 2018, o programa treinou 50
médicos em todo o país na aplicação correta do Método Ponseti, um tratamento
com apenas 23 anos no Brasil e no mundo, baseado em manipulações gentis dos
pés, e aplicação de gessos a cada semana, por cinco semanas, preparou para uma
pequena cirurgia, que pode ser feita ambulatorialmente, e orientou obre o uso
de uma órtese – botinhas separadas por uma barrinha para dormir. Esse programa
ensinou os médicos a partir do modelo de mentoria, e, como contrapartida, os
médicos implantaram clínicas de referência de padrão internacional em seus
serviços públicos em todo o país. Os alunos aprenderam na prática, através de
“mega clínicas”, que eram unidades de atendimento organizadas para treinamento
dos profissionais.
A médica ortopedista trabalha neste momento em um
estudo de custo-efetividade do pé torto, ou seja, que analisa quanto custa para
que essa “carga da doença” de uma pessoa adulta com deformidade, limitação e
preconceito seja eliminada, se for aplicado o tratamento pelo Método Ponseti,
considerado padrão-ouro na especialidade médica.
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