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terça-feira, 26 de março de 2024

Obesidade e refluxo gastroesofágico aumentam riscos de câncer da cárdia, localizado entre o esôfago e o estômago

O aumento de casos dessa neoplasia, um subtipo do câncer gástrico, tem preocupado especialistas. Oncologista da BP reforça a importância de hábitos saudáveis para prevenção

 

O câncer da cárdia, que se situa na junção esofagogástrica ou imediatamente abaixo dela, tem registrado um aumento significativo de casos ao longo das últimas cinco décadas. Atualmente, representa aproximadamente um terço de todos os diagnósticos de câncer gástrico, de acordo com dados de 2021 do Journal of Cancer. 

Os tumores gástricos podem ser divididos em duas classificações: os que se desenvolvem na cárdia e os que nascem abaixo dela. A diferença não está apenas na localização, mas também nas causas associadas. Enquanto os cânceres não cárdicos atacam a porção inferior do estômago e, em sua maioria, estão associados à infecção pela bactéria H. Pylori, o câncer da cárdia está associado, em grande medida, à obesidade e a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), de acordo com estudo veiculado na mesma publicação. 

De acordo com Lucas Vieira dos Santos, oncologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, um dos principais hubs de saúde de excelência do país, o aumento do sobrepeso e da obesidade, que atualmente atinge mais de 20% da população brasileira, de acordo com o Ministério da Saúde, tem sido apontado como a causa mais relevante para a maior incidência desse tipo de neoplasia. “São inúmeras as doenças que estão relacionadas à obesidade, que é uma doença crônica, e o câncer da cárdia é uma delas. A expectativa é que sua incidência continue a aumentar em virtude da obesidade”. 

Somado a isso, há um outro agravante, que é o fato de o câncer gástrico sofrer um mau prognóstico e alta mortalidade no mundo. “A maioria dos pacientes encontra-se em estágio intermediário ou tardio quando diagnosticado”, aponta o especialista. 

Por isso, a importância de realizar exames de rotina. A endoscopia digestiva alta é recomendada diante de sintomas como náuseas, dores abdominais persistentes, dificuldade para engolir, azia, vômitos ou outro desconforto nos órgãos do sistema digestivo. Também é indicada para pessoas acima dos 40 anos, para rastreio, ou para aqueles com histórico familiar de câncer. 

Um estilo de vida saudável, incluindo sono adequado, alimentação balanceada e prática regular de exercícios físicos, além do manejo do estresse, é essencial na prevenção do câncer da cárdia. “Evitar refeições apressadas e o consumo de industrializados, manter a prática de exercícios físicos e ter um sono de qualidade são fundamentais”, reforça Lucas.

 

Como diagnosticar e tratar o câncer da cárdia? 

Alguns dos sintomas que podem indicar câncer da cárdia são a dificuldade para deglutição, seja por meio de regurgitação ou engasgos, sensação de saciedade precoce, eructação, além de sintomas como falta de apetite, perda de peso e fadiga. O diagnóstico é realizado por meio de endoscopia, que permite a visualização da lesão e a coleta de biópsia, que é fundamental para que o diagnóstico seja confirmado. 

No caso de um diagnóstico em fase mais avançada, recomenda-se mais de uma modalidade de terapia, como a cirurgia. “Usualmente, emprega-se mais de um método de tratamento como a quimioterapia seguida por cirurgia, ou ainda radioquimioterapia e cirurgia. Essas combinações são frequentemente associadas a melhores resultados”, explica Santos. “Estes casos são complexos e demandam avaliações multidisciplinares, com vários especialistas, em especial o cirurgião do aparelho digestivo, cirurgião oncológico, oncologista, radioterapeuta, entre outros”, conclui o médico.

 

BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo

 

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