Dr. Rodrigo Gomes da Silva
Divulgação
Médico da Rede
Mater Dei de Saúde fala sobre prevenção, detecção e fatores de risco, entre
eles hábitos de vida e alimentação
O câncer colorretal (CCR) afeta aproximadamente um
milhão de pessoas em todo o mundo, com incidências variando entre países. No
Brasil, a incidência está em ascensão, tornando-se o terceiro câncer mais
comum, depois do câncer de mama e próstata, de acordo com dados do Instituto
Nacional do Câncer (INCA). E este mês é marcado pelo “Março Azul Marinho”, uma
campanha dedicada a divulgar informações sobre a prevenção dessa doença.
De acordo com o médico coloproctologista Rodrigo
Gomes da Silva, titular da Sociedade Brasileira de Coloproctologia e
coordenador da equipe de Coloproctologia do Hospital Mater dei Contorno, em
Belo Horizonte, os fatores de risco para o câncer de intestino são idade
(quanto maior a idade, maior o risco), grau de desenvolvimento econômico da
população, dieta rica em gordura animal, carne vermelha em excesso, carne
processada (presunto, salame, salsicha e defumados), obesidade (índice de massa
corporal acima de 30), tabagismo, alcoolismo, sedentarismo, e algumas condições
médicas, como a retocolite ulcerativa e histórico familiar.
“A história familiar merece atenção especial. O
risco de um indivíduo apresentar o CCR ao longo da vida nos Estados Unidos e na
Europa varia de 5% a 8%. No Brasil, provavelmente estamos próximo disso. Se há
história familiar positiva, ou seja, um parente de primeiro grau que apresentou
o câncer colorretal, o risco desse indivíduo é de 15% a 30%, dependendo de
alguns fatores. Além disso, há síndromes genéticas que aumentam esse risco para
70% a 100%”, alerta o especialista.
Sintomas e exames - Os sinais e sintomas do câncer colorretal são sangue nas fezes,
alteração do hábito intestinal, dor abdominal em cólica, emagrecimento e
anemia. As pessoas com esses sintomas devem procurar um especialista para
realizar a avaliação completa do intestino grosso. Geralmente, o exame indicado
é a colonoscopia.
“Todo paciente com sangue nas fezes deve procurar
um coloproctologista para avaliação local. Creditar o sangramento às
hemorroidas, sem examinar, é inadequado”, diz o médico.
Em relação aos exames oferecidos pela medicina na
melhor prática médica atual são dois: teste de sangue oculto nas fezes e
colonoscopia. O primeiro reduz a mortalidade pelo CCR em 33% e o segundo entre
60% a 90%. São os mais utilizados na prática. O teste de sangue oculto nas
fezes é barato, não invasivo e fácil aceitação”, esclarece o médico.
Na colonoscopia, a detecção de um pólipo pode
evitar que aquele pólipo sofra uma degeneração para o câncer, visto que o
pólipo é uma lesão pré-maligna. Conforme explica o coloproctologista, a
colonoscopia permite diagnosticar tumores iniciais, com maior potencial de
cura. A aceitação da colonoscopia varia entre os países: na Europa é de cerca
de 30%; nos Estados Unidos, no estado de Nova York, 80% das pessoas já fizeram
algum método para rastreamento do CCR, com a colonoscopia sendo o principal
exame. “No Brasil, os médicos percebem que a aceitação é muito alta, devendo
ser até maior que nos EUA”, diz.
Cirurgia robótica - A Rede Mater Dei de todo o Brasil é capaz de diagnosticar, estadiar e
tratar o câncer colorretal com excelência. “No Mater Dei Contorno, por exemplo,
temos um serviço de endoscopia capaz de oferecer colonoscopias com altíssima
qualidade e alta taxa de detecção de pólipos. Temos especialistas para ressecção
de pólipos maiores e complexos por via colonoscópica, sem necessitar de
cirurgia em grande parte dos casos. O serviço de radiologia nos fornece laudos
adequados para decisão do tratamento a ser seguido em cada caso e realizamos
reuniões com oncologistas clínicos, radioterapeutas e coloproctologistas
semanalmente a fim de individualizar o tratamento do câncer colorretal. Além
disso, as cirurgias de ressecção do câncer colorretal podem ser feitas com a
robótica, já que contamos com a plataforma Xi, a mais avançada na atualidade,
do robô da Vinci, da Intuitive”, acrescenta Gomes.
Segundo ele, o uso da platoforma robótica é
interessante porque, além das vantagens técnicas para o cirurgião, facilitando
a dissecção cirúrgica, há dados que mostram, por exemplo, em comparação com a
cirurgia laparoscópica, redução na taxa de conversão para cirurgia aberta,
diminuição de mais de 50% na taxa de fístula, melhores resultados de função
sexual e urinárias após as cirurgias nessa região.
Incidência em jovens - Outro dado que merece atenção, segundo o médico, que é professor
associado do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da UFMG, é o
número relativamente maior de jovens com este tipo de câncer. “A taxa de câncer
de reto abaixo de 50 anos era, historicamente de 5% de todos os pacientes com
câncer. Ou seja, ele ocorria em 95% das vezes em pacientes acima de 50
anos. Porém, a estimativa, nos Estados Unidos, para 2030 é que 33% de
todos os pacientes com câncer de reto estejam abaixo de 50 anos. Isso é um alerta
para todos nós”, acrescenta.
O aumento deste tipo de câncer em pessoas mais
jovens ainda não está claro para a comunidade médica e científica. Segundo
explica o coloproctologista da Rede Mater Dei, os fatores de risco respondem em
parte a questão. “A obesidade iniciada na infância resulta em uma pessoa jovem
de 45 anos com as consequências metabólicas da obesidade e fatores de risco
associados por um período de 40 anos. O mesmo vale para a dieta inadequada, o
uso do cigarro, entres os outros fatores de risco. Mas os pesquisadores estão
procurando respostas nos agrotóxicos, na poluição do ar e nos conservantes de
alimentos industrializados, ou seja, além da alimentação, há a questão
ambiental que está interferindo na nossa qualidade de saúde”, esclarece Rodrigo
Gomes.
Há variação na incidência entre diferentes regiões
do Brasil, que se explica por fatores econômicos: este tipo de câncer é mais
comum em populações economicamente mais desenvolvidas, o que tem associação com
hábitos de vida.
“No Nordeste do Brasil, por exemplo, é o quarto
câncer mais comum no homem e também na mulher. Por outro lado, no Sudeste, é o
segundo mais comum, correspondendo a 11% de todos os cânceres”, diz. A
prevenção do câncer colorretal deve ser buscada com mudanças com hábito de vida
e prevenção com exames médicos. “Em relação aos hábitos de vida, comer menos
carne vermelha já ajuda. Fazer atividade física regularmente reduz o risco de
câncer em 25%. Dieta rica em fibras, evitar obesidade, não fumar e evitar
alcoolismo diminuem o risco de desenvolver o câncer colorretal”, sugere
Rodrigo.
Rede
Mater Dei de Saúde
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