Presidente da
entidade reforça necessidade de ter cuidado no tratamento de complicações
decorrentes de procedimentos estéticos
O caso da influenciadora digital Mariana Michelini,
de 35 anos, que perdeu os lábios após complicações de um preenchimento labial
feito com material inadequado causou comoção nas redes sociais e levantou uma
série de dúvidas sobre esses a segurança desses procedimentos. O cirurgião
plástico e presidente da Abramepo, Eduardo Costa Teixeira,
comenta que recebe cada vez mais pacientes em seu consultório com problemas
provocados por implantes corporais feitos por profissionais despreparados que
utilizaram materiais inadequados, como silicone industrial, ou que utilizam o
PMMA de uma forma que não é a indicada pela Anvisa. “O PMMA é
seguro e tem uso liberado pela Anvisa para algumas aplicações, mas não é
indicado para preenchimento labial. Neste caso, o material indicado é o ácido
hialurônico. Por isso é indispensável que pacientes procurem médicos
qualificados para fazer esses procedimentos”, comenta Teixeira.
O cirurgião, que é professor titular da Escola de Medicina e Cirurgia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), no Hospital Universitário Gaffrée Guinle (HUGG), estuda e trata sequelas decorrentes de implantes ilegais. “O problema é que as pacientes são vítimas da desinformação e o resultado acaba sendo, em alguns casos, o pior possível. Se houver alguma complicação em um procedimento estético, procure um médico, mas não deixe de fazer uma segunda ou terceira avaliação. É preciso escolher um profissional qualificado para fazer um procedimento estético e um ainda mais qualificado para tratar eventuais problemas decorrentes desses procedimentos”, comenta.
Fique atento
Teixeira conta que os pacientes podem tomar alguns
cuidados para minimizar o risco de problemas na realização de procedimentos
estéticos. O primeiro deles é desconfiar de preços muito abaixo do mercado,
procurar sempre por um médico qualificado e uma clínica segura. “Pesquise
sobre o trabalho dele; procure informações com outras pacientes e, de
preferência, consulte mais de um profissional antes de decidir sobre qual
procedimento e técnica adotar. Hoje o acesso à informação é mais fácil.
Pesquise muito antes de se submeter a um procedimento”, explica
o cirurgião.
Atenção no momento
da aplicação
Teixeira orienta observar o material que o
profissional manipula na hora de fazer o procedimento. Tanto o ácido
hialurônico quanto o PMMA vêm em embalagens com bula, rótulo e selo da Anvisa. “Peça para
ver o material, confira essas informações e se certifique de que esse é o
material que será injetado em você. No caso de pequenas intervenções na face, a
paciente pode verificar sozinha, mas se for um procedimento mais abrangente, é
recomendável levar um acompanhante para se certificar de que o material correto
será aplicado”, conta Teixeira.
PMMA
O cirurgião explica que não há motivos para
demonizar o PMMA, porque ele é um material autorizado pela Anvisa para alguns
tipos de tratamento. “PMMA não é a mesma coisa de silicone líquido, que
tem seu uso em humanos proibido. O PMMA tem seu uso autorizado para certas
aplicações, mas tem que ser manuseado por um profissional capacitado e que
saiba como executar o procedimento com segurança”, comenta.
O cirurgião conta que não é necessário alarmismo. “Se você
tem um implante com PMMA, continue fazendo o acompanhamento de rotina com o seu
médico de confiança. Ao sinal de qualquer alteração, consulte seu médico”,
completa.
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