Pesquisas norte-americanas recentes revelam o quão solitários os americanos se sentem, tendo como prevalência os jovens, que tiveram o tempo de qualidade em suas relações, com amigos e colegas, reduzido por mais de 50%.
Outro estudo, lançado em 2021, sobre o tempo de exposição a telas,
de crianças e adolescentes, revelam que o Brasil está em terceiro lugar no
ranking dos países que mais utilizam celular ou dispositivos eletrônicos,
passando até nove horas diárias consumindo conteúdos pela internet.
Considerando que podemos resolver muitas coisas virtualmente, sem
precisar sair de casa, temos poucas motivações para sair do conforto e
segurança do lar. Desta forma, temos cada vez mais homens e mulheres, jovens e
crianças, com poucas interações sociais e maior isolamento. A pandemia acelerou
um processo natural que já vinha acontecendo, e assim, este fenômeno
tecnológico foi potencializado.
A vida já estava sendo desenhada para favorecer o isolamento, mas
esse caminho não era apresentado como isolamento, mas como privacidade, como
algo bom. Porém, a privacidade não pode levar ao isolamento.
Perguntemos para nossos avós, como era a convivência com a
vizinhança na época em que eram crianças? Como viviam, brincavam, e como os
nossos bisavós viviam? Precisamos resgatar os bons exemplos! A tecnologia
trouxe inúmeros benefícios, sem dúvidas, mas é preciso saber usá-la sem que nos
adoeça.
Quanto mais tempo na internet, menos tempo presencialmente teremos
com as pessoas e, automaticamente, mais chances de nos sentirmos solitários.
Afinal, existe uma diferença muito grande entre o virtual e o real!
As alterações neuroquímicas provocadas pela internet,
especialmente pelas mídias sociais, são semelhantes às de uma pessoa que possui
um vício, nunca fica satisfeita, sempre quer mais e mais. Nessa busca por mais,
muitos caem no vazio, na depressão, sofrem por não conseguir lidar com pequenas
frustrações e, às vezes, atentam contra a própria vida.
É como se entrasse em uma roda gigante, onde não se sabe mais o início
e o fim dela, pois a busca pelo prazer e realização na internet vai levando ao
isolamento, que gera um buraco dentro do peito, que sufoca a ponto de perder o
sentido da vida. Repito: Não é que devamos parar de usar a internet e a
tecnologia! Afinal de contas, se você está lendo este texto neste momento é
graças a essa tecnologia que te alcança, com esse grande benefício.
Porém, não se pode fechar os olhos para os malefícios de algo
vivido de forma desordenada. Faça as seguintes perguntas a você neste momento:
Tenho me sentido sozinho(a), mesmo tendo muitas pessoas ao meu redor? Quanto
tempo tenho passado na internet? Esse tempo tem me privado de fazer algo
importante, de conviver com pessoas que amo? Quando estou em uma roda de
conversa, em uma festa, ou até mesmo em casa, com minha família, estou inteiro
(a) ou divido minha atenção com a tela mais próxima? Quantas vezes saio de casa
durante a semana? Quanto tempo me exponho ao ar livre? Qual foi a última vez
que me senti feliz?
Perguntas “fáceis” que precisam ser respondidas de tempo em tempo,
com o objetivo de nos mover para uma vida ativa e rica de sentido, e não uma
vida enjaulada dentro de um aparelho em uma casa fria e vazia. Mas atenção! Se
você já se percebe com uma dor no peito que parece não ter fim e, mesmo estando
rodeado de pessoas, se sente sozinho e não sabe por onde começar para mudar a
sua história, procure ajuda! Você não precisa passar por isso sozinho, e nem
deve ter vergonha de recorrer a alguém próximo ou a um profissional da área da
saúde que possa ajudar.
Viva a alegria de uma vida na verdade!
Aline Rodrigues - psicóloga, especialista em saúde mental, e
missionária da Comunidade Canção Nova. Atua com Terapia Cognitiva
Comportamental, no campo acadêmico, clínico e empresarial.
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