Com 1,5 milhão de novos casos em todo mundo, câncer de cabeça e pescoço vira alerta em julho
Os cânceres
que surgem nas regiões da cabeça e do pescoço trazem estatísticas pouco
animadoras para os pacientes e seus familiares. De acordo com o Instituto
Nacional do Câncer (Inca), eles respondem em média por 10 mil mortes ao ano no
Brasil. O problema é que este número poderia ser bem menor, não fosse pela
constatação mais trágica: em nada menos que 75% a 80% dos casos, o paciente
recorre ao médico com a doença já em estágio avançado.
A Agência
Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc, na sigla em inglês), braço da
Organização Mundial da Saúde (OMS), projetou somente para o ano passado 1,5
milhão de novos casos em todo o mundo e cerca de 460 mil mortes. Os dados
efetivos ainda não foram divulgados, mas na classe médica admite-se que não
deveria haver razões para números tão elevados.
Por isso,
entre os oncologistas, o sentimento é de frustração. “Quando ocorre o
diagnóstico precoce, as chances de cura chegam a 90%. No estágio avançado, ela
reduz para 40%, portanto menos da metade. O tempo, neste caso, joga contra os
pacientes”, sustenta Dr. Celso di Lascio, médico do plano de saúde You Saúde. O
cenário é tão grave que, desde 2022, o estado de alerta converteu-se em uma lei
federal que institui o Julho Verde, em combate a esse tipo de câncer.
“O objetivo
do Julho Verde é chamar a atenção das pessoas para os riscos do diagnóstico
tardio quando se trata do câncer de cabeça e pescoço. E aqui vale uma
explicação: há um leque de variedades de câncer nessa região, como o de boca,
língua, gengiva, faringe, laringe, tireoide, glândulas salivares, cérebro,
entre muitos outros”, enumera o médico, antes de reforçar o alerta para a
prevenção. “Pode até parecer uma repetição, mas, no caso do câncer de cabeça e
pescoço, a precaução realmente é o melhor remédio.”
E os
sintomas e os cuidados para se evitar esse tipo de tumor são bastante
evidentes. Os sintomas mais comuns, segundo ele, são ferimentos na boca e dores
de garganta intermináveis, surgimento de caroços na região do pescoço,
rouquidão, dificuldade de mastigar e engolir alimentos, inchaço na região
mandibular, frouxidão dos dentes, entre outros.
“O maior
problema dos sintomas é que os pacientes costumam associá-los a doenças menos
graves, e recorrem ao médico quando descobrem que as pomadas ou os
anti-inflamatórios que usaram não fizeram efeito. Por isso o diagnóstico é
quase sempre elevado”, aponta o médico da You Saúde. Mas, além dos sintomas
visíveis e até palpáveis, ele também observa que, diferentemente de outras
manifestações de câncer, é possível se precaver contra a doença.
“Os
principais fatores de risco do câncer de cabeça e pescoço são o consumo
excessivo de álcool e de tabaco e a exposição prolongada ao sol, além da
infecção pelo vírus HPV. Ou seja, é possível também evitar sua ocorrência
assumindo hábitos de vida mais saudáveis. É uma questão mais de consciência do
que propriamente de sucumbir a doença que pode chegar a ser grave”, defende.
Razões que, afirma, justificam a realização do Julho Verde.
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