As
filas de espera pelo oftalmologista podem chegar a 13 meses em muitas cidades
paulistas
Dados do último Atlas da Federação Internacional do
Diabetes, o Brasil têm 16 milhões de pessoas com a condição e cerca de 50% de
pessoas, entre 20 e 79 anos, que não sabem que têm o diagnóstico da condição*.
Um estudo não muito recente, mas que na
prática os dados não fogem muito da realidade brasileira é: Prevalência
e Correlações do Controle Glicêmico Inadequado: resultados de uma pesquisa nacional em 6.671
adultos com diabetes no Brasil. Os dados mostram que o controle glicêmico inadequado foi de uma média de 76%, sendo que 90%
das pessoas com diabetes tipo 1 e 73% em indivíduos com diabetes tipo 2.
A junção do diagnóstico precoce e a falta de adesão ao
tratamento traz um resultado alarmante: o gasto com saúde relacionado à condição
atingiu 42,9 bilhões de dólares em 2021, no Brasil*. Em curto prazo, o mau
controle do diabetes pode
levar à maior suscetibilidade da pessoa com diabetes a desenvolver complicações
com diabetes, entre elas a Retinopatia Diabética.
O estudo “As Condições de Saúde Ocular no Brasil”, publicado em 2019 pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia, ressalta que a retinopatia diabética é responsável por 4,8% dos 37 milhões de casos de cegueira devido a doenças oculares, o que equivale a 1,8 milhão de pessoas.
No Brasil, segundo as diretrizes da Sociedade
Brasileira de Diabetes (2019-2020), a retinopatia afeta 4 milhões de pessoas,
correspondendo de 35% a 40% dos indivíduos com a condição. A melhor forma de
evitar a retinopatia diabética ou diagnosticá-la precocemente é controlar a
glicemia adequadamente, visitar o oftalmologista com a descoberta do
diagnóstico do diabetes e ter um acompanhamento anual com este profissional. Se
houver alguma alteração da visão, é necessário visitá-lo o mais rapidamente
possível.
”Com base nas informações via lei de acesso à
informação, em Presidente Prudente, há 18.823 pessoas esperando a primeira consulta
do oftalmologista, o que leva a uma espera de 13 meses. Em Rio Preto, há uma demanda reprimida no sistema para
consultas na especialidade de oftalmologia de 35.528 pacientes com tempo médio
aproximado de espera de 272 dias. Em Araçatuba, há 17.963
pessoas que aguardam as
consultas com oftalmologistas”
relata Vanessa Pirolo, coordenadora da Coalizão Vozes do Advocacy em Diabetes e
Obesidade.
“Como
desdobramento desta fila, temos conhecimento de que várias pessoas com diabetes
se encontram com estágio bem avançado da doença, em que o oftalmologista não
consegue reverter a perda de visão com qualquer tratamento disponível no SUS.
Sabemos que se todas as pessoas com diabetes visitassem o oftalmologista uma
vez ao ano, preventivamente, haveria uma diminuição do gasto, principalmente no
SUS ”, complementa Vanessa.
Pensando nisso, a Deputada Estadual Maria Lúcia
Amary se sensibilizou com a causa e convocou a Audiência Pública para discutir as
dificuldades de acesso ao diagnóstico e ao tratamento adequado da retinopatia
diabética no SUS, na esfera estadual. A
iniciativa será realizada no dia 9 de agosto, às 11h, no Plenário Tiradentes,
na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.
A
Comissão de Saúde da Assembleia convocou: Vanessa Pirolo, coordenadora da
Coalizão; Maria Julia Araújo, diretora Da Retina Brasil, Dr. Paulo Henrique
Morales, diretor do Instituto da Visão; Dr. Arnaldo Bordon, presidente da Sociedade Brasileira de Retina In Vitro; Dr. Levimar Araújo, presidente
da Sociedade Brasileira de Diabetes; Dr. Eleuses Paiva, secretário de saúde do
Estado de São Paulo; Dra. Carmela Grindler, Coordenadora do
Projeto de Implantação do Programa Estadual de Atenção Integral às Pessoas com
Doenças Raras; e Raquel
Zaicaner, Diretora de Regulação da Secretaria Estadual
de Saúde.
O
endereço da Assembleia Legislativa é: Avenida Pedro Álvares Cabral, 201, em
Moema, em São Paulo.
Sobre a Coalizão Vozes do Advocacy em
Diabetes e em Obesidade
Com a participação de 21
associações e de 2 institutos de diabetes, o projeto promove o diálogo entre os
diferentes atores da sociedade, para que compartilhem conhecimento e
experiências, com o intuito de sensibilizar a sociedade sobre a
importância do diagnóstico e tratamento precoces do diabetes da obesidade e das
complicações de ambas as doenças, além de promover políticas públicas, que
auxiliem o tratamento adequado destas doenças no país.
Referência:
*Federação Internacional de Diabetes: https://diabetesatlas.org/
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