Médica
endocrinologista, Dra. Sylka Rodovalho comenta sobre os impactos da cirurgia
bariátrica na para pacientes na terceira idade
Os critérios para indicação de cirurgia bariátrica são baseados em indicações da década de 1990, quando o Instituto de Saúde Americana recomendou a cirurgia para pacientes com IMC acima de 40 e com idades entre 18 e 64 anos. Entretanto, esses critérios não abrangem uma grande porcentagem dos idosos. Apesar de não haver uma indicação formal acima dos 64 anos, muitos pacientes idosos podem se beneficiar dessa cirurgia.
“Ao longo do tempo, houve uma mudança para critérios mais clínicos e individualizados para cada paciente idoso. Alguns idosos podem estar muito doentes e enfrentar riscos cirúrgicos significativos, enquanto outros podem estar com boa saúde. Nesse sentido, a indicação da cirurgia bariátrica deve ser avaliada de forma individualizada”, pontua a especialista.
De acordo com a endocrinologista, pacientes com diabetes frequentemente apresentam comorbidades associadas, como doença renal crônica, insuficiência cardíaca, limitações na mobilidade devido a doenças periféricas e problemas visuais. Portanto, se um paciente apresentar fragilidade ou comorbidades que possam interferir no resultado da cirurgia bariátrica, o procedimento pode não ser indicado.
“A indicação da cirurgia bariátrica em idosos deve levar em consideração outras doenças presentes na pessoa com obesidade, já que algumas delas podem contraindicar a cirurgia bariátrica, como é o caso de câncer avançado em pessoas com mais idade e com obesidade. É importante analisar a saúde geral do paciente para obter melhores resultados pós-cirúrgicos e evitar complicações operatórias”, salienta a médica.
Em relação a má absorção de nutrientes e possíveis efeitos colaterais, a Dra. Sylka explica que é possível que aconteça uma perda de massa óssea e deficiências vitamínicas, que podem ser acompanhadas e tratadas por meio de reposição adequada de vitaminas, monitoramento dos níveis de vitamina D, vitamina B12 e cálcio.
A especialista destaca que é crucial levar em consideração a abordagem cirúrgica, seja ela aberta ou laparoscópica, que influencia diretamente os riscos pós-operatórios e a recuperação. Também é necessário observar a técnica cirúrgica, sendo o bypass gástrico, que reduz o tamanho do estômago e desvia o intestino, ou a cirurgia sleeve, que envolve apenas a redução do estômago.
“A técnica sleeve tem sido preferida devido à possibilidade de menor déficit nutricional e deficiência de vitaminas no pós-operatório, além de contribuir para o controle do diabetes e a redução do número de medicamentos. Embora a perda de peso possa ser um pouco menor em comparação com o bypass, essa abordagem oferece benefícios significativos”, explica a endocrinologista.
Após a cirurgia, é crucial continuar com o acompanhamento médico. É essencial discutir essa necessidade durante o período pré-operatório, pois alguns pacientes podem negligenciar o acompanhamento médico após a cirurgia, acreditando que todas as complicações foram resolvidas com a perda de peso. No entanto, o objetivo não é apenas perder peso, mas também ganhar massa muscular e melhorar a saúde global. Para alcançar esses objetivos, é fundamental ter um acompanhamento multidisciplinar adequado.
SBEM-SP - Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do Estado de São Paulo
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