Professor do curso
de Direito da Universidade Cruzeiro do Sul explica os principais cuidados que
os donos devem ter ao soltar os animais para fazerem suas necessidades em
locais públicos
É muito comum alguns tutores saírem de manhã para
passearem com os pets na rua, ou ainda apenas soltar o animal para fazerem xixi
e cocô. Porém, existem aqueles responsáveis que nunca recolhem as necessidades
dos pets, mas o que poucos sabem é que, nestes casos, podem sofrer punições
judiciais.
De acordo
com o Prof. Me. Wellington Ferreira de Amorim, coordenador do curso de Direito da Universidade
Cruzeiro do Sul, o tutor é responsável por todos os danos que o seu pet vier a
causar a terceiros, conforme dispõe o artigo 936 do Código Civil, que
estabelece: “Art. 936.
O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não
provar culpa da vítima ou força maior”.
O
especialista ressalta que se o cachorro ou gato defecar na calçada do vizinho,
o proprietário da casa pode reclamar. Por mais que popularmente a calçada é
tida como pública, a responsabilidade por ela é do dono do imóvel que faz
frente para aquele local. Sendo assim, o responsável tem o dever de cuidar e o
direito de exigir que se respeite a conservação e higiene da calçada.
“É possível
o ajuizamento por danos morais, se for uma conduta reiterada que tenha causado
abalo psicológico ao proprietário do imóvel, ou ainda tutela de urgência em
relação ao descumprimento de uma obrigação de não fazer, ou seja, temos o dever
de abstenção em relação a causar danos a outrem”, sinaliza.
Se o dono
solta o animal, de forma deliberada, para fazer as suas necessidades
fisiológicas, ele está ciente de que o pet poderá fazê-la em qualquer lugar,
desde a via pública, calçada e até no jardim ou portão de algum vizinho em
condomínios residenciais que não possuem muros e portões, exemplifica Amorim.
Assim, o dono tem o dever de recolher as fezes e lavar o ambiente em caso de urina.
“Muitas
pessoas gostam de pets, mas não têm por falta de tempo ou de vontade cuidar
dessas questões de natureza fisiológica, logo, não podem ser obrigados a
suportar sujeiras por irresponsabilidade do dono do animal”, opina.
A Lei
Federal que trata dos animais e do meio ambiente é a n° 9.605/98. “Em
nosso país, existem diversas Leis Municipais e Estaduais que também regulam o
assunto de forma complementar, sendo importante que se verifique a legislação
da região. Além disso, em condomínios verticais ou horizontais também existem
regras de convivência e que tratam também sobre a questão dos animais
(Convenção do Condomínio e Regimento Interno: se é permitido ou não; o porte do
animal; a necessidade do uso da focinheira; a responsabilidade do dono do
animal pelos danos que causar; etc. No Estado de São Paulo, por exemplo, existe
o Código de Proteção aos Animais do Estado (Lei nº 11.977, de 25 de agosto
2005)”.
Se os donos
insistirem em não recolherem as sujeiras, o professor do curso de Direito da
Universidade Cruzeiro do Sul orienta os proprietários a manterem o diálogo em
primeiro lugar. “O diálogo é sempre o melhor caminho para a
resolução de um conflito, sendo essa a primeira etapa que deve ser tentada. Se
não for possível uma resolução amigável, a próxima etapa seria na esfera
administrativa, ou seja, acionar a Prefeitura Local, por intermédio de sua
Secretaria de Saúde que, geralmente, possui um serviço específico para o
Controle de Zoonoses”, discorre.
“A
Prefeitura poderá multar ou aplicar alguma outra sanção, conforme legislação
local, fazendo uso do seu poder de polícia, ínsito à administração pública. Já
se as medidas citadas acima forem insuficientes, caberá à pessoa prejudicada,
acionar judicialmente o dono do animal”, completa.
Por fim,
Amorim reforça que a responsabilidade do dono se estende a qualquer dano, de
qualquer natureza a terceiros, ou seja, se um animal ataca alguém, morde ou
arranha, entre outros, além de causar danos às propriedades alheias, a
responsabilidade será do seu proprietário. “O artigo 936 do Código Civil
estabelece uma responsabilidade objetiva, independentemente de culpa ou de
intenção, por isso, é importante que os tutores de pets saibam que estão
assumindo o risco de causarem danos e de repará-los quando deixam os seus
animais soltos em locais públicos”, pontua.
https://www.cruzeirodosul.edu.br/
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