Unsplash - Susana Coutinho
Você sabe como funciona uma terapia infantil e
quando ela é necessária? Assim como nós adultos, as crianças também precisam
cuidar da saúde mental. A diferença é que o processo terapêutico infantil
funciona a partir de métodos lúdicos como brincadeiras, desenhos e uma
linguagem adequada e compreensível aos pequenos para tratar de assuntos
importantes como o problemas emocionais, comportamentais e de
desenvolvimento. Isso é terapia infantil.
Geralmente a primeira sessão acontece com os
responsáveis buscando coletar informações importantes, dados e possíveis
queixas e demandas principais. As sessões podem ser feitas de forma individual
ou em conjunto com os pais ou responsáveis, depende de cada caso. O
profissional sempre dará o suporte necessário para que a família saiba como
lidar com as questões em casa, na escola e em todos os ambientes de convivência
da criança.
A terapia pode dar início a uma fase muito
importante na vida de uma criança. Pode ser aplicada para que aprendam a lidar
com dificuldades de aprendizado, separação dos pais, inseguranças, ansiedades,
medos, nascimentos de um novo irmão ou irmã, luto, transtornos como tdah,
comportamentos agressivos, problemas de relacionamento, traumas e assim por
diante.
Por isso, a cada dia que passa, torna-se mais comum
encontrar crianças que fazem terapia semanalmente ou quinzenalmente. Isso
acontece não só porque distúrbios como ansiedade e depressão infantil estão
aumentando, mas porque é justamente durante a primeira infância que as emoções
humanas se desenvolvem e nutrem a personalidade de uma criança.
Como funciona a terapia
cognitivo-comportamental?
A terapia cognitiva comportamental infantil é uma
das possíveis abordagens que um psicólogo pode aplicar para atender o seu
público. É uma abordagem bastante reconhecida pela classe de psicólogos
modernos e bastante utilizada por terapeutas durante o tratamento com diferentes
públicos, incluindo as crianças. Surgiu nos anos 60 em estudos realizados pelo
psicólogo Aaron Beck que buscou entender a influência da cognição sobre as
emoções, comportamentos e sentimentos que, consequentemente, ajudava a
identificar possíveis transtornos em seus pacientes.
Essa terapia funciona como um processo de
desenvolvimento das habilidades socioemocionais e comportamentais da criança,
ajudando-a a lidar com o turbilhão de sentimentos desenvolvidos por meio de
estímulos familiares, escolares e mesmo midiáticos. O processo
terapêutico trabalha essas situações, a partir da compreensão de que não são os
eventos que presenciamos que influenciam diretamente no comportamento das
crianças, mas sim a forma como os pacientes encaram e interpretam esses
momentos. Com essa compreensão, o trabalho do terapeuta é entender as
influências dos pensamentos em relação às emoções e os comportamentos dos
pequenos.
No consultório, por vezes, chegam crianças com
questões relacionadas a como elas interpretam os eventos que acontecem e o que
elas têm internalizado a respeito disso, de suas emoções e como se sentem. Por
isso, é importante que o terapeuta entenda o que precisa ser trabalhado, ou
seja, quais são os comportamentos que estão sendo repetidos, como as crianças
lidam com as suas próprias emoções, em que situações surgem esses
comportamentos, entre outros aspectos importantes.
Além disso, na TCC (Terapia Cognitiva
Comportamental) é essencial que o vínculo terapêutico seja estabelecido com a
criança. Às vezes tendemos a pensar que a criança não entende muito sobre
estabelecer conexões, porém elas são muito sensíveis quanto a isso. Estabelecer
um vínculo forte e agradável é muito necessário no processo terapêutico
infantil, faz com que a criança confie no terapeuta e se sinta mais à vontade
para falar sobre seu dia, seus amigos, rotina e até mesmo seus medos, angústias
e desejos. Durante o processo com as crianças, os pais são grandes aliados,
ajudando em todo o percurso, observando os contextos em que a criança está
inserida e quais têm sido as reações dela.
Se o seu filho ou a sua filha está passando por esses desafios e você não sabe por onde começar é válido buscar ajuda terapêutica. Esse processo com certeza irá melhorar a saúde mental da criança, podendo auxiliar na melhoria do rendimento escolar, diminuir a ansiedade e ampliar os recursos que a criança tem para lidar com situações desafiadoras. Aos poucos, os avanços serão percebidos pelos adultos que convivem com a criança e isso fará com que ela se sinta ainda mais amada e acolhida.
Helen Mavichian -
psicoterapeuta especializada em crianças e adolescentes e Mestre em Distúrbios
do Desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. É graduada em
Psicologia, com especialização em Psicopedagogia. Pesquisadora do Laboratório
de Neurociência Cognitiva e Social, da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Possui experiência na área de Psicologia, com ênfase em neuropsicologia e
avaliação de leitura e escrita.
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