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quinta-feira, 11 de maio de 2023

Lúpus: compreendendo e gerenciando uma doença autoimune crônica

Ainda é difícil contar de forma exata quantas pessoas possuem Lúpus no Brasil. A doença possui difícil diagnóstico, fazendo com que muito mais pacientes que o estimado tenham Lúpus, mas ainda não saiba. E, talvez, nunca descubram. 


 

Estima-se que existam cerca de 65 mil pessoas com Lúpus Eritematoso Sistêmico  no Brasil, sendo a maioria mulheres, de acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR). O lúpus faz parte de um conjunto de doenças reumáticas autoimunes e crônicas que pode afetar vários órgãos e tecidos do corpo humano. 

 

Embora possa ocorrer em qualquer idade, é mais comum em mulheres entre 15 e 45 anos de idade e a prevalência e gravidade da doença é maior na população afro-americana. “O nome "lúpus" vem do latim e significa "lobo", pois no passado, foi encontrada semelhança entre lesões de pele ocasionadas pelo Lúpus e lesões de mordida de lobo”, elucida Ana Luísa Pedreira, médica reumatologista e membro da Sociedade Baiana de Reumatologia.

 

A causa exata do lúpus ainda não é totalmente conhecida, mas acredita-se que uma combinação de fatores genéticos, hormonais e ambientais possa desempenhar um papel na ocorrência de alterações autoimunes que culminam no surgimento do lúpus. “Alguns dos fatores de risco incluem histórico familiar de lúpus (influência genética), gênero feminino, exposição à luz solar, infecções virais e tabagismo”, explica a especialista.


 

Órgãos afetados e dificuldade de diagnóstico

 

O lúpus pode afetar vários locais incluindo a pele, articulações, rins, coração, pulmões, sangue e sistema nervoso central. Os sintomas podem variar de leves a graves e incluem fadiga, dor nas articulações, febre, erupção cutânea, sensibilidade à luz solar, dor no peito, falta de ar e problemas neurológicos, como convulsões e confusão mental.

 

“O diagnóstico do lúpus pode ser um desafio, uma vez que os sintomas podem imitar outras doenças. O diagnóstico é geralmente baseado em uma combinação de história clínica, achados do exame físico e  alterações nos exames laboratoriais”, alerta Ana Luísa. Os exames de sangue  incluem a pesquisa de anticorpos como o anticorpo antinuclear (ANA ou FAN), que é positivo em cerca de 95% das pessoas com lúpus, além de outros anticorpos específicos

 

Devido a dificuldade em dar o diagnóstico, o paciente com sintomas pode demorar entre três e seis anos para chegar a um reumatologista e receber o diagnóstico correto. Além disso, são poucos os reumatologistas no Brasil. De acordo com o último relatório de demografia médica do Conselho Nacional de Medicina (CRM), são 2.727 especialistas na área, sendo mais de 50% no Sudeste.


 

Tipos de Lúpus

 

Existem dois tipos da doença: o Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) e o Lúpus Cutâneo (LC). “No Lúpus Cutâneo, apenas a pele é comprometida Nesses casos, é comum a formação de lesões nas bochechas e no nariz, também conhecida como ‘asa de borboleta’”, elucida a reumatologista.

 

Já no Lúpus Eritematoso Sistêmico, todos os tecidos internos do corpo podem ser acometidos, com ênfase nos rins. Um caso muito famoso é o da atriz e cantora Selena Gomez, que precisou fazer um transplante de rim para ter melhora na qualidade de vida. O tratamento do lúpus pode incluir uma combinação de medicamentos, dependendo dos órgãos afetados e da gravidade dos sintomas. “Os medicamentos  incluem corticosteróides (principalmente no início da doença ou quando existem crises graves), hidroxicloroquina e imunossupressores. Além disso, medidas preventivas, como o uso do protetor solar  e parar de fumar, podem ajudar no controle da doença”, explica a especialista Ana Luísa Pedreira.

 

Embora não haja uma cura definitiva para o lúpus, muitas pessoas podem ter qualidade de vida   com o tratamento correto. É importante trabalhar em estreita colaboração com o médico reumatologista e seguir um plano de tratamento adequado para ajudar a gerenciar a doença. “O acompanhamento multiprofissional, exercício físico e psicoterapia para controle dos gatilhos emocionais são também muito importantes nesse processo”, afirma Ana Luísa.


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