Quando bem
indicada, a cirurgia é o caminho mais simples e rápido. Pais e mães relatam
melhoras expressivas e muito céleres em todas as idades
Cada vez mais pediatras e odontopediatras estão
chamando a atenção para um problema relativamente simples, mas de consequências
importantes para a sucção, deglutição, alimentação, respiração, desenvolvimento
da fala e autoestima das crianças: a língua presa. O nome científico é
anquiloglossia, um problema que acomete de 1 a 10% dos recém-nascidos, sendo a
maioria meninos.
“Muitas vezes, os pais não percebem, mas a criança,
por conta da língua presa, não mama satisfatoriamente, não consegue fazer o
aleitamento materno e torna-se um bebê irritado, que dorme mal, com baixo peso
e não se desenvolve bem. Além disso as mães relatam fissuras e
sangramentos na amamentação, ou seja, o que deveria ser prazeroso torna-se um
martírio”, explica a odontopediatra Ericka Ranzani, especialista em cirurgia de
frenectomia e frenotomia lingual, nome dado à cirurgia de correção da alteração
do frênulo lingual.
Nos bebês com a chamada língua presa, esse frênulo
lingual, a estrutura abaixo da língua, é mais curto do que deveria e acaba
atrapalhando o movimento da língua, não conseguindo fazer a ordenha do leite da
forma adequada. Com a intervenção cirúrgica quando indicada, o bebê, na maioria
das vezes, recupera instantaneamente o movimento da língua.
Nos casos de crianças maiores, que já desenvolveram
a fala e apresentam dificuldades por conta da falta de movimento adequado da
língua e postura inadequada, é preciso um acompanhamento fonoaudiológico
posterior à cirurgia para que ela aprenda a movimentar a língua, antes presa,
de forma correta e consiga falar as palavras e fonemas que antes não era capaz
de pronunciar.
“Hoje sabemos que as consequências de crescer com a
língua presa vão além do risco da amamentação, envolvem a respiração,
mastigação, deglutição, o crescimento satisfatório dos maxilares e
posicionamento dentário, além de comprometer o desenvolvimento da fala,
interferindo, inclusive, na personalidade e na autoestima da pessoa”, disse
Ericka. São chamados de Cebolinha, numa alusão ao personagem da Turma da
Mônica, que também tem a língua presa e viram alvo de piadas e brincadeiras
negativas.
De acordo com a especialista, alguns estudos
sugerem que essa anomalia pode contribuir inclusive para alterações no
desenvolvimento dos ossos da face, além de promover maloclusões dentárias,
gerando alterações de mastigação e deglutição. “Vemos casos em que a criança
não tem sequelas na fala, mas alteração no padrão mastigatório e atividade
alimentar”, explica.
O diagnóstico pode ser feito a qualquer tempo por um
Pediatra, Odontopediatra ou Fonoaudiólogo. Em geral, a cirurgia pode ser feita
em consultório e o tempo de recuperação é de uma semana.
“A Isabela não dormia, mamava de hora em hora e não ficava satisfeita. Depois da cirurgia, eu até fiquei assustada quando percebi ela dormindo a noite quase toda e mamando super bem. Mudou radicalmente” disse Julyanna, cuja filha recém-nascida foi operada com 3 meses de vida.
Ericka Ranzani - Dentista especializada em Frenectomia Labial e Lingual pela USP, Habilitada em Laser (USP), Especialista Odontopediatria e Periodontia, Professora adjunta do curso de cirurgia em odontopediatria – FUNDECTO (USP) e Professora adjunta do curso de cirurgia de frenectomia lingual e labial – São Leopoldo Mandic. https://www.trellege.com.br/
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