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terça-feira, 23 de maio de 2023

De inchaço à depressão: confira os 5 subtipos da TPM

 Com mais de 150 sintomas, a TPM foi separada em 5 categorias diferentes, que podem estar associadas ou não

 

Segundo a FEBRASGO (Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia), cerca de 75 a 80% das brasileiras apresentam sintomas de TPM (Tensão Pré-Menstrual), que surgem na semana anterior à menstruação e costumam cessar ou diminuir com o início do fluxo menstrual. 

“Entretanto, estas manifestações são variáveis e cada mulher passa por experiências muito particulares e em diferentes níveis”, afirma Carlos Moraes, ginecologista e obstetra pela Santa Casa/SP, membro da FEBRASGO e médico nos hospitais Albert Einstein, São Luiz e Pro Matre. 

Por conta da complexidade dos mais de 150 sintomas da TPM, ela foi separada em 5 categorias diferentes, que podem estar associadas ou não. Confira:

 

TPM A

O tipo A tem como foco a ansiedade, um dos sintomas mais citados por mulheres que sofrem de TPM. Isso ocorre devido à queda do estrogênio, hormônio neurotransmissor que, entre inúmeras funções, regula o emocional da mulher. 

“Além disso, há uma maior liberação de adrenalina e cortisol, dois hormônios neurotransmissores que aumentam os níveis de estresse e ansiedade”, completa Claudia Chang, doutora e pós-doutora em Endocrinologia e Metabologia pela USP.

 

Principais sintomas: Angústia, tensão/estresse, insônia ou sono em excesso, dores musculares, fadiga, irritabilidade, alterações constantes de humor e desatenção.

 

O que pode ajudar: É recomendável praticar atividades que trabalhem mente e corpo, como yoga e meditação, além dos exercícios de respiração. 

“Se a ansiedade se tornar crônica e incapacitante em todos os ciclos menstruais, o ideal é buscar ajuda médica. É possível a indicação de terapia comportamental e até medicamentosa”, pontua Danielle H. Admoni, psiquiatra geral, preceptora na residência da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM).

 

TPM C

O tipo C, que vem de "craving" (desejo, em inglês), está diretamente relacionado à compulsão alimentar. Alguns alimentos, como os doces, ativam o sistema límbico no cérebro, região envolvida com o mecanismo de ganho e recompensa. Este efeito acaba sendo registrado pelo cérebro como uma solução para combater o desconforto. 

“Ou seja, na TPM, automaticamente haverá uma associação aos doces, como uma espécie de alívio e fuga do estado emocional, fazendo com que a mulher os consuma de forma descontrolada”, explica Monica Machado, psicóloga e fundadora da Clínica Ame.C, pós-graduada em Psicanálise e Saúde Mental pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein.

 

Principais sintomas: Compulsão por doces ou comidas gordurosas/calóricas, descontrole alimentar em um curto período de tempo, sentimento de culpa, arrependimento ou vergonha depois de comer.

 

O que pode ajudar: Pratique atividades aeróbicas moderadas, como bicicleta e caminhada. Além de auxiliar na estabilização da taxa glicêmica, aumenta a liberação de endorfina e dopamina, que proporcionam relaxamento e efeitos analgésicos. 

“Se o quadro for mais grave, o tratamento se faz com terapia e medicamentos que controlam a compulsão. O acompanhamento de nutricionista também é importante para a mudança dos hábitos alimentares”, diz Monica Machado.

 

TPM D

Aqui, a referência é a depressão. Segundo a psiquiatra Danielle Admoni, na fase pré-menstrual, há diminuição da serotonina, um hormônio neurotransmissor que regula humor, sono, apetite, frequência cardíaca, entre outros fatores. “Com os níveis mais baixos, a mulher tem maior suscetibilidade a transtornos depressivos, principalmente se ela já tiver pré-disposição”.

 

Principais sintomas: Labilidade emocional (variação frequente do humor), desinteresse pelas atividades do cotidiano, dificuldade de concentração, dificuldade para dormir ou sono excessivo, tristeza sem causa aparente, fraqueza generalizada e dores no corpo.

 

O que pode ajudar: Invista em atividades que lhe proporcionem prazer e aumente a ingestão da vitamina B6, que ajuda na síntese da serotonina. Ela está presente em ovos, banana, cereais integrais, feijão branco, soja, nozes, batata, aveia, pistache, tomate, entre outros. 

Assim como na ansiedade e na compulsão alimentar, é preciso avaliar com um médico os sintomas depressivos. “Em muitos casos, a depressão já está instalada na mulher, e a TPM pode ou ‘mascarar’ ou levantar a hipótese dessa possível depressão. Daí a importância de buscar ajuda o quanto antes”, alerta Danielle Admoni.

 

TPM H

Neste grupo, o H está relacionado à hidratação, ou seja, quando a mulher tem como principal sintoma a retenção de líquido. “Isso ocorre devido a maior produção da progesterona, que aumenta o volume plasmático (líquido do sangue) e a sensação de inchaço”, explica o ginecologista Carlos Moraes.

 

Principais sintomas: ganho de peso (por conta da retenção de líquido), inchaço abdominal, sensibilidade e inchaço nas mamas e inchaço nas extremidades do corpo, como mãos e pés.

 

O que pode ajudar: Evite produtos com muito sódio, como os ultraprocessados, que estimulam a retenção hídrica, e aposte em alimentos como frutas, verduras, legumes, grãos inteiros e proteínas magras. “Também aumente o consumo de água e evite bebidas alcoólicas e gasosas, que estimulam o inchaço”, aconselha Claudia Chang.

 

TPM O

Segundo Carlos Moraes, há também outros sintomas que podem estar relacionados a TPM. Estes foram agrupados e classificados como tipo O, referente a “outros” sintomas. 

Entre eles estão: alteração no funcionamento intestinal, aumento da frequência de urinar, calores repentinos ou sudorese fria, dores generalizadas, incluindo cólicas, náuseas, acne e pele oleosa, reações alérgicas e infecções do trato respiratório. 

“Vale lembrar que mudanças permanentes no estilo de vida, como alimentação saudável, prática de atividade física, check-ups regulares e boas noites de sono, ajudam muito não só a reduzir os sintomas da TPM, mas a ter uma melhor qualidade de vida. De qualquer forma, se a TPM for incapacitante, a ponto de afetar sua rotina, consulte-se com seu ginecologista. Nem sempre estes sintomas têm relação direta com o ciclo menstrual”, finaliza Carlos Moraes.

 

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