Não é de
hoje que os cardápios digitais, via QRCode ou tablets, vem ganhando cada vez
mais espaço em restaurantes, bares, lanchonetes, cafeterias e outros
estabelecimentos que atuam com foco em alimentação fora do lar. Sabemos que,
como qualquer outra mudança, é necessário um certo tempo para nos acostumarmos
com essa nova realidade. Mas, tal iniciativa vem sendo questionada pelos
consumidores saudosos do cardápio físico. Será que o que nos incomoda pode ser
bom?Freepik
Antes de sua
leitura deste meu ponto de vista, vale a pena lembrar que o setor de
restaurantes, bares, lanchonetes e similares vive da fidelização de seus
clientes, que buscam alimentos saborosos, acessíveis, sem renunciar à qualidade
e muitas vezes necessitam de rapidez, e a diferenciação entre os negócios
muitas vezes é a hospitalidade. É um setor muito competitivo, com várias opções
no mercado. E quando o consumidor não é bem atendido, muitas vezes troca o
estabelecimento por outra opção, e é por isso que atender seu cliente com um
bom produto e serviço a preços justos é um cuidado muito importante.
Voltando ao
cardápio digital, é importante levar em consideração alguns fatores,
principalmente relacionados à idade dos clientes. Na 6ª edição da pesquisa
Alimentação Hoje: a visão do consumidor, realizada pela Galunion, podemos
observar que as novas gerações preferem digitalização e ter autonomia no
momento de efetuar o pedido na hora das refeições. Para os entrevistados de 18
a 23 anos, 52% preferem este meio para acessar o menu, 43% para realizar o pedido
e 45% para realizar o pagamento. Na faixa etária que vai de 24 a 38 anos, 48%
preferem o digital para acessar o menu, 41% para realizar o pedido e 45% para
pagar o pedido. Porém, quando considerada as idades entre 39 e 54 anos, apenas
38% preferem acessar o menu digital, 36% realizar o pedido e 42% efetuar o
pagamento.
Apesar da preferência do consumidor contar muito na jornada de compra no mercado de Food Service, a implantação de cardápios digitais, como o QRCode, trazem benefícios e vantagens ao setor como um todo, em diferentes frentes. Uma das questões é a praticidade e autonomia, já que é possível acessar as opções disponíveis no menu com apenas um clique, de forma mais rápida, sem a necessidade de esperar pelo garçom. Isso facilita muito a dinâmica principalmente quando o local está com alto volume de pessoas.
Levando em
consideração os novos hábitos oriundos da pandemia, trata-se de uma opção
mais higiênica se comparado ao cardápio em papel ou plástico,
que podem não ser limpos com a frequência necessária ao longo do dia. Esta
alternativa também visa questões de acessibilidade, já que na evolução dos
cardápios digitais sabemos que é possível ouvir o cardápio em caso de pessoas
com deficiência visual, por exemplo, promovendo mais autonomia na hora da
escolha. Para aqueles que acham as letras pequenas, basta aumentar a tela por
meio de zoom, para facilitar a visualização, ou até mesmo as letras. Para
pessoas com baixa visão, os smartphones atuais tem a opção de deixar o fundo
preto e as letras brancas, melhorando a leitura. E na questão das pessoas que
possuem alergia a ingredientes e precisam das informações nutricionais, podem
ter links para facilitar o acesso, que muitas vezes o atendente ou garçom não
saberiam explicar.
Talvez você
esteja pensando: mas fui em um estabelecimento e o cardápio por QRCode não
tinha todas estas funcionalidades. O fato é que a adoção das melhores
tecnologias faz parte de um processo constante de aprimoramento do setor.
Uma das
melhores vantagens é que o cardápio digital acaba sendo mais
ecológico, pois não há a necessidade de ser impresso. Sim, isso
reduz custos, o que é importante para os preços do cardápio continuarem a ser
competitivos. Mas também traz outras vantagens: o cardápio digital pode ser
atualizado antecipadamente a cada mudança de prato, alteração de valores ou
inclusão de promoções esporádicas. Por meio do digital, as
promoções podem ser aproveitadas de forma melhor e mais ágil, ganhando destaque
logo que o consumidor acessa o menu da casa. Há muitos chefs que adotam produtos
mais frescos e sazonais, e o cardápio digital facilita a
introdução das novidades. No caso do impresso, há uma dificuldade nas
alterações, pois há a necessidade de uma nova versão. Ou seja, também há uma
redução considerável na produção de lixo e nos gastos com impressão de inúmeras
cópias.
Pensando do
ponto de vista do estabelecimento, o próprio dono pode acessar, editar e
incluir as novidades de maneira prática e dinâmica. Isso possibilita o
lançamento de promoções com mais frequência, que acabam sendo uma alternativa
mais atrativa e barata aos próprios clientes. Na parte visual, as fotos
acabam sendo um destaque a parte, já que, como sabemos, comemos
primeiro com os olhos do que com a boca. Assim, as imagens dos produtos também
facilitam no momento de escolher o que beber ou comer em determinada ocasião.
Temos ainda
o benefício, no cardápio digital, de atualizar os produtos que temos em
estoque: aquela bebida que acabou, ou ingrediente, pode ser facilmente
atualizado e no cardápio consta apenas o que realmente se tem. Ou seja, sem o
consumidor ficar frustrado por pensar em pedir algo e de repente o garçom
informa que infelizmente este item não poderá ser servido.
Os
benefícios são inúmeros, mas há quem não goste ou não se adapte a esta nova
realidade. Para isso, os bares e restaurantes devem sempre prezar pela
hospitalidade, tendo o QRCode ou tablet como opção principal, mas ter formas de
atender os consumidores que tem alguma resistência ou dificuldade de verificar
as opções por meio de uma tela. E isso também pode ser feito digitalmente, com
um tablet do garçom que explica o menu. Ou pelos exemplares impressos, que, no
entanto, limitam a introdução de novidades, aumentam os custos, são menos
higiênicos e podem não ter as fotos que tantos gostam no momento da escolha.
Mais
autonomia para uns, incômodo para outros. Porém, as questões que envolvem o
quesito sustentabilidade, seja ela no âmbito social, econômico ou ambiental,
acabam sempre prevalecendo quando optamos pelo digital. Pode dar um pouco de
trabalho para alguns, há necessidade de evoluirmos nas transformações da
jornada dos consumidores para quem opta pelo digital, mas é fato de que pode
ser bom para o planeta como um todo.
Breve resumo
dos principais benefícios possíveis do cardápio digital para os consumidores:
- É mais higiênico;
- É mais ecológico, pois não gera novas impressões
constantes;
- Autonomia para o consumidor: chega e já pode acessar o
menu;
- Pode ter fotos que facilitam a escolha;
- Pode ser atualizado constantemente com novidades,
promoções em horários diferentes
- Pode ser atualizado com estoque, facilita a escolha e
não gera frustração;
- Pode ter o link com a lista de nutrientes e alergênicos
dos ingredientes do cardápio;
- Pode ter sua letra aumentada facilitando a leitura;
- Podem ter link para pedido e pagamento automáticos,
gerando mais rapidez;
- Podem facilitar os cardápios sazonais e de produtos
frescos da estação.
Simone
Galante
- fundadora e CEO da Galunion,
consultoria especializada em alimentação fora do lar e catalisadora de
conhecimento, network e inovação em prol dos negócios e dos
profissionais do setor. A Galunion atua em projetos de consultoria e
estratégia, estudos, missões técnicas, eventos e soluções inovadoras.
Engenheira de alimentos, Simone tem mais de 25 anos de experiência no mercado
de foodservice.
Pela Galunion, realizou mais de 270 projetos customizados de consultoria para
empresas e associações líderes do mercado brasileiro de alimentação fora do
lar.
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