Novas formas de diagnóstico e desenvolvimento de medicamentos podem mudar a forma de controle desta doença neurodegenerativa?
A Doença de Alzheimer acomete mais de 1 milhão de
pessoas no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. Neurodegenerativa, a enfermidade
é o tipo mais comum de demência, um termo genérico usado pela medicina para
identificar doenças cognitivas que acontecem principalmente na terceira idade.
“O Alzheimer é cada vez mais incidente na população em razão da maior expectativa de vida, mas envolve estigmas e falta de conhecimento, por isso a importância de desmistificar conceitos”, alerta o Dr. Marcelo Valadares, neurocirurgião funcional do Hospital Israelita Albert Einstein (SP) e médico chefe da área de Neurocirurgia Funcional da Disciplina de Neurocirurgia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Um dos desafios do Alzheimer é entender o que exatamente acontece no cérebro dos pacientes. Acredita-se que ocorra um acúmulo das proteínas Beta-amiloide e da Tau, responsáveis pela inflamação, desorganização e destruição das células do cérebro, principalmente em regiões como o hipocampo e demais áreas do córtex. O que a ciência tem certeza é de que enfermidade se manifesta principalmente a partir dos 65 anos de idade, e leva à perda de funções cognitivas (memória, orientação, atenção e linguagem), mudanças de comportamento e até alterações psiquiátricas, como a depressão e quadros de alucinações.
A Doença de Alzheimer progride de forma faseada. Inicialmente, o paciente apresenta sintomas leves que são confundidos contra outras condições, o que leva muitas vezes ao diagnóstico tardio. Num segundo momento, as falhas de memória ficam evidentes. Já, no avançar da enfermidade, há comprometimento importante de inúmeras funções fisiológicas, como a dificuldade de controlar a urina, de deglutir os alimentos além de outras restrições”, esclarece o especialista.
Para ajudar a sociedade a compreender a doença, o Dr.
Marcelo Valadares elencou fatos sobre o Alzheimer que são essenciais para quem
convive com algum conhecido com a enfermidade.
Nem toda demência é Alzheimer
Segundo o médico, essa é a maior dúvida entre as
pessoas: associa-se a demência exclusivamente ao Alzheimer. “Não existe uma
doença chamada ‘demência’: quando dizem que alguém tem uma demência, na
verdade, ainda não existe um diagnóstico correto”, reitera. A demência é o nome
dado ao conjunto de alterações e perdas de memória, inteligência, cognição,
raciocínio, capacidade de se comunicar e se relacionar, personalidade e
habilidades.”, explica.
Como diagnosticar o Alzheimer?
Além de análise clínica minuciosa de um neurologista
que inclui entrevista com o paciente e cuidador, além de testes cognitivos,
existem exames que identificam biomarcadores e os de imagem para o diagnóstico
da doença, como a ressonância e a cintilografia de perfusão cerebral. “Um exame
cognitivo pode mostrar perdas na habilidade, mas não é determinante para
diagnóstico. Para a identificação desta doença, é preciso que exames de imagem
sejam solicitados corretamente”, alerta o neurocirurgião.
Por que o diagnóstico precoce é importante?
Com a identificação precoce do Alzheimer, o médico
pode iniciar o tratamento o mais breve possível e empregar recursos para ajudar
a estimular a área do cérebro acometida. Embora ainda não seja possível impedir
a progressão da enfermidade, o tratamento precoce significa melhorias na
qualidade de vida e bem-estar do paciente. E, para tanto, também é essencial o
papel do familiar ou das pessoas que convivem com o paciente. Afinal, é o outro
que irá identificar as mudanças de comportamento nos idosos. A lista de
manifestações desta doença inclui sintomas como perda de memória, mudanças
comportamentos e disfunção da linguagem.
Algum medicamento cura o Alzheimer?
Hoje a doença ainda não tem cura, mas há uma corrida acelerada da indústria em busca de tratamento eficaz. Pesquisas clínicas na área trazem medicamentos que atuam principalmente nas proteínas vistas como causadoras do Alzheimer, mas ainda há um caminho de estudos árduo pela frente. Algumas pesquisas até indicaram redução de perda cognitiva em pacientes analisados, mas também trouxeram efeitos colaterais indesejados e às vezes graves. Mas hoje existem opções que auxiliam no melhor controle desta enfermidade e tratamento multidisciplinar com diferentes profissionais de saúde. O importante é procurar ajuda médica.
Dr. Marcelo Valadares
Instagram: @drmarcelovaladares
Nenhum comentário:
Postar um comentário