Chance de complicações na gestação natural aumenta gradativamente
a partir dos 35 anos
Doenças maternas, como hipertensão e diabetes, assim como doenças genéticas do feto, são riscos a serem enfrentados por gravidez tardia.
Do ponto de vista
fisiológico, uma gravidez natural aos 50 anos é uma situação rara, pois a
produção de óvulos já está bastante diminuída ou encerrada com a menopausa, que
tende a acontecer entre 45 e 55 anos. As gestações nessa faixa etária ocorrem,
principalmente, por métodos específicos da Medicina Reprodutiva, como
congelamento de óvulos, fertilização em vitro e outros.
A partir dos 35
anos, a chance de complicações aumenta gradativamente, afirma Vinícius Pacheco
Zanlorenci, obstetra e professor da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná
(FEMPAR). Segundo ele, há o risco maior de doenças maternas, como hipertensão e
diabetes, além de doenças genéticas do feto, as cromossomopatias. A mais
conhecida delas é a Síndrome de Down.
Para evitar
problemas durante a gestação, é fundamental que a mulher procure avaliação
pré-concepcional para avaliar seu estado de saúde, rastrear possíveis doenças e
tratá-las adequadamente o quanto antes para que a gestação ocorra no organismo
mais saudável. “É de suma importância o acompanhamento de pré-natal com equipe
de saúde para acompanhamento e tratamento adequado da gravidez”, pontua o
especialista.
Psicóloga e
docente do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) da Universidade
Presbiteriana Mackenzie (UPM), campus Higienópolis, Patricia Delfini,
salienta que, independentemente de idade, a confirmação de uma gravidez tende a
causar surpresa e mobilizar sentimentos diversos. A especialista explica que a
ambivalência emocional é uma característica comum nas gestantes devido o
surgimento do medo e insegurança.
Os cuidados são
maiores para mulheres que têm uma gravidez em idade avançada e é necessário ter
um cuidado extra para reduzir qualquer risco de maior gravidade. “Pensando em
uma gestação que acontece aos 50 anos, a mulher terá indicações médicas de
pré-natal específicas. Atualmente, considera-se que as condições de saúde e o
estilo de vida da mulher são melhores preditores de uma boa gestação do que a
idade cronológica em si, então há um acompanhamento antes da gravidez acontecer
para ver se aquela mulher tem boas condições de saúde para minimizar qualquer
tipo de risco que possa sofrer”, destaca a professora.
Dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) mostram que, entre 2010 e 2020, a
quantidade de mulheres que deram à luz após os 50 anos cresceu 55%. O adiamento
da maternidade é uma tendência incontestável, muitas mulheres com esse desejo
planejam engravidar por volta dos 40 anos de idade, prova disso é o aumento no
número de partos nessa faixa etária, que cresceu 33% em uma década (entre 2009
e 2019), diz Vinícius Zanlorenci. A chance de gestação espontânea diminui com a
idade.
Para amenizar as
preocupações, a docente do CCBS orienta que uma boa condição de saúde, cuidado
em todos os aspectos de nutrição, prática de atividade física e cuidados
preventivos minimizam drasticamente os riscos de uma gravidez aos 50 anos.
De uma perspectiva
psicológica, Patricia Delfini fala que a maturidade advinda com a idade pode
contribuir para o exercício da maternidade, então ser mãe aos 20 anos pode
gerar mais insegurança e instabilidade em relação aos diferentes papéis que ela
exerce na vida. “A segurança em si é adquirida com o passar do tempo. Claro que
isso não é uma regra geral, mas existe essa tendência. A vivência de cada
pessoa pode ser singular, individual e única independentemente da idade. Para
algumas mulheres, isso pode ser um momento muito gratificante, predominam
sentimentos positivos, mas sem dúvida nenhuma, inseguranças e medos vão
aparecer”.
Na última década,
foi possível perceber as principais mudanças na Medicina que auxiliam a
gestação tardia. O especialista da FEMPAR comenta que as técnicas de reprodução
assistida tornaram possíveis a gestação em mulheres após os 40 anos e com idade
mais avançada. “É fundamental um aconselhamento pré-gravídico para analisar a
saúde da mulher e programar a melhor maneira para que ocorra uma gestação
saudável. A medicina materno-fetal passou por grandes avanços tecnológico nas
últimas décadas, permitindo o diagnóstico precoce de muitas alterações fetais e
inclusive o tratamento intrauterino de algumas patologias”.
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