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quinta-feira, 8 de setembro de 2022

Professores apostam nas experiências das crianças para trazer maior significado aos processos de aprendizagem

 Considerar o repertório dos alunos é um desafio para a docência. Paulista (PE) e Suzano (SP) são exemplos de redes municipais que conseguiram aproximar o método da vivência dos estudantes da educação infantil 


Recentemente, viralizou na internet o vídeo do professor de educação infantil Allan de Souza, em que ele canta junto com os seus alunos uma música composta a partir das características dos cabelos de cada um da sala de aula. A canção colocou as crianças no centro da proposta pedagógica e ainda trouxe uma importante mensagem antirracista e de empoderamento. 

 

A criança desempenhar um papel ativo, que considere suas experiências, é uma vertente da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), que tem por objetivo aprimorar os processos de aprendizagem na educação básica. Transpor a diretriz à prática, como fez o professor Allan, é o grande desafio para dar mais significado às rotinas da vida escolar, ampliando o envolvimento dos alunos desde a educação infantil.  

 

Focar mais nos saberes das crianças pode ser uma iniciativa de toda uma rede de ensino. Em Suzano (SP), o município “virou a chave” na educação infantil. As atividades do processo de alfabetização se apoiaram nas histórias dos nomes dos alunos para apresentar a eles o mundo das letras. A turma da Escola Municipal Antonio Carlos Mayer, da professora Dorisnilce Aparecida da Silva, por exemplo, descobriu que o nome do Murilo era com M porque todos os irmãos também tinham nomes começando com essa letra e também porque o pai do Maycon era fã de Michael Jackson. Já o pai da Kyara gostou do som do nome da personagem do filme Rei Leão. 

 

“A maneira como as crianças têm de fazer relações nunca cessa. Por esse motivo, apenas levar conteúdo é bem menos interessante do que propor oportunidades de experimentação e vivências”, explica a professora Carolina Barros Jatczak, da rede pública municipal de Suzano.

 

Para trilhar este caminho, o município implementou a tecnologia educacional “Experiências formativas em cultura escrita com crianças de 4 a 6 anos”, disponibilizada pelo programa Melhoria da Educação, do Itaú Social. 

 

“O nome é um texto e a informação que ele comunica é a própria criança, o próprio ser que ele representa. O nome é livre de contextos e não possibilita a ambiguidade de significado”, explica a formadora do Avisa Lá – parceira do Itaú Social na implementação da tecnologia, Dami Cunha. Para a criança que está refletindo sobre o sistema alfabético, o nome é fonte de informação das mais seguras — é uma palavra estável, não tem plural e, sempre que a criança tiver que escrever seu nome, vai usar aquelas letras, daquela forma. 

 

Para a coordenadora de implementação municipal do Itaú Social, Sonia Dias, é preciso que as redes municipais invistam na formação dos professores que favoreçam o processo de alfabetização por meio de propostas mais instigantes e significativas para as crianças. “É importante propor intervenções de acordo com suas necessidades, considerando suas experiências de vida e o que já sabem sobre a linguagem escrita, leitura e oralidade”, explica. A ideia não é ferir a identidade da educação infantil (que não tem como propósito alfabetizar), mas sim buscar uma continuidade das investigações das crianças sobre a língua, iniciadas muito cedo, e um processo de transição mais favorável às aprendizagens. 

 

Em Paulista (PE), a rede municipal também promoveu melhorias focadas na educação infantil, por meio da formação dos professores. “Antes, eu fazia meu planejamento baseado no que eu achava que o aluno deveria aprender. Agora escuto muito para desenvolver uma sequência didática. A aprendizagem acontece junto comigo, mas é centrada na criança”, contou a professora Simone Almeida.  

O município implementa a tecnologia educacional “Gestão e formação de equipes de educação infantil”, disponível para todas as redes de ensino no site do programa Melhoria da Educação. “O maior benefício para quem acessa essa tecnologia é poder implementar uma formação continuada de gestores e professores alinhada com as políticas nacionais da educação infantil, como a BNCC e as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil”, explica Sonia.


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