O mercado que emergiu da pandemia se tornou ainda mais desafiador pela conjugação dos novos desafios econômicos com as mudanças percebidas no comportamento e na atitude dos consumidores.
O
tema saúde gerou mudanças e adotou procedimentos que não eram comuns no
passado, como o desenvolvimento da telemedicina, o aumento da atenção com o
bem-estar e todas as cautelas que passamos a adotar.
O
setor de telecomunicação precisou se adaptar e reforçar suas estruturas para
suportar a elevada troca de dados e de informações, sendo agora redesenhado
pelo avanço da oferta massificada do 5G.
As
estruturas do trabalho estão se alterando pelo crescimento do autoemprego
intensificado pela Gig Economy, com a reconfiguração do
presencial mesclado com o home office.
E
os desafios econômicos locais e globais, envolvendo inflação, energia e
combustíveis, alteram a oferta e demanda de produtos e serviços.
Nesse
turbilhão de mudanças, um dos setores mais impactados foi (e é) o varejo, em
todos seus segmentos, canais, formatos de lojas e modelos de negócio.
A
forma como escolhemos, compramos e consumimos mudou.
Hábitos
e decisões como ir a um restaurante, a uma loja, ou acessar o e-commerce
foram alterados, precipitando uma reconfiguração estrutural no setor.
Entre
tantas transformações, todo esse processo gerou maior concentração de mercado,
aumento das alternativas e da participação dos diferentes canais, predisposição
à experimentação, migração para outras marcas e um aumento significativo da
competitividade, o que mudou a estrutura e até mesmo determinou o
desaparecimento de operadores que não conseguiram sobreviver ao “tsunami” das
rápidas mudanças.
Muitos
ficaram pelo caminho, enquanto outros conseguiram crescer.
Nessa
reconfiguração envolvendo o online e presencial, o habitual e o
eventual, o necessário e o possível, o que emerge é diferente do passado e será
ainda diferente do futuro que se aproxima.
A
nova equação de elementos envolvendo razão e emoção nas escolhas e na decisão
de compras, a conveniência exponenciada, o aumento dos dispêndios com saúde,
bem-estar e cuidados pessoais, além dos desejos reprimidos envolvendo lazer,
entretenimento e viagens, são parte dos desafios que se impõem ao varejo e
levam a profundas e rápidas mudanças nas estratégias, prioridades de
investimentos e revisão de modelos de negócios.
O
admirável mundo novo, de novo, que emerge de todo esse cenário reserva ainda
fortes emoções para quem opera nos setores de varejo e consumo: a velocidade e
a acuidade para entender e antecipar movimentos tornou-se fator fundamental
para o crescimento, ou até mesmo sobrevivência dos negócios.
E
oferecer um nível de serviço diferenciado no relacionamento com os consumidores
tornou-se um fator ainda mais crítico nessa nova realidade.
Isso
ficou evidente no levantamento Customer Insights, que avaliou o
sentimento dos consumidores nesse momento pós-pandemia e que vai servir de base
para a premiação NPS Awards 2022, que mostra as mais bem-avaliadas marcas de
varejo do Brasil em diversas categorias e segmentos, a ser realizada no Latam
Retail Show, de 13 a 15 de setembro.
Os
relatórios contemplaram centenas marcas e negócios de 17 segmentos, que vão do
mercado pet ao setor de farmácias, avaliando as percepções dos
consumidores sobre o nível de serviços. Só participam desse levantamento as
empresas líderes em market share. Essas impressões formam a
média NPS, que vai de 0 a 100.
Ao
avaliarmos esses dados, percebemos como os consumidores, mais do que nunca,
pelas mudanças de expectativas e aumento de acesso a alternativas, querem e
precisam de melhores níveis de serviço.
No
amplo estudo, que envolveu mais de 214 mil avaliações, isso ficou muito
evidente quando, por exemplo, no segmento de farmácias, o NPS médio ficou em
45,73, um dos mais baixos no comparativo dos diversos setores, pois, na maioria
das vezes, o consumidor vai a essas lojas quando tem uma necessidade ligada à
saúde, um tema muito sensível e que exponencia as expectativas.
Enquanto
isso, no segmento de artigos esportivos, que contemplou as empresas líderes do
setor, o NPS médio foi de 79,24, um dos maiores entre os 17 segmentos avaliados.
Uma
das análises mais emblemáticas ainda é o de aplicativos de Delivery,
que cresceram muito durante a pandemia e agora precisam se reinventar para
continuarem relevantes. Nesse novo momento, eles já começam “perdendo” a
corrida. Afinal, é bem difícil substituir a experiência de uma refeição em um
restaurante ou uma compra de supermercado. O NPS médio nesse canal, que avaliou
as empresas líderes do segmento, ficou em 57,53, também abaixo da média geral e
com um enorme potencial para tornar essa experiência mais agradável.
Empresas
e marcas precisam mudar a forma como vão trabalhar com os consumidores que,
apesar de mais racionais em seu comportamento e críticos pelo aumento do acesso
e ofertas, desejam melhores serviços e experiências mais agradáveis e
envolventes.
Ao
mesmo tempo em que é preciso enfrentar os desafios da realidade emergente no
reconfigurado ambiente de negócios, no admirável mundo novo, de novo, é preciso
se reinventar para conciliar o racional com o emocional, oferecendo diferenciado
nível de serviços e experiências que atraiam e retenham os empoderados
consumidores-cidadãos que emergiram da pandemia.
Essa
é a mensagem.
Marcos Gouvêa - fundador da Gouvêa Ecosystem
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