O Brasil é o segundo país com a maior taxa do mundo nesse procedimento
O Brasil é o segundo país com a maior taxa de
cesáreas do mundo, ultrapassando 55% dos partos e perdendo apenas para a
República Dominicana, número que contraria a recomendação da Organização
Mundial da Saúde e que preconiza uma taxa de 10-15% de cesarianas.
De acordo com a Dra. Flávia do Vale, obstetra e
coordenadora da Maternidade do Hospital Icaraí, a maneira mais segura do bebê
nascer é através do parto vaginal que, segundo a médica, representa internações
hospitalares mais curtas e recuperações mais rápidas para as mães que dão à
luz.
“Os bebês são menos propensos a precisar de
cuidados especiais e, por isso, se não houver problemas sérios com sua gravidez
ou trabalho de parto, o parto vaginal, geralmente, é a escolha mais segura”,
explica.
A Dra. Flávia explica que a escolha pela cesariana
tem estado em grande evidência nos últimos anos e é aplicada para preservar o
bem-estar da mãe e do bebê, resolvendo situações de risco.
“As técnicas utilizadas foram se aprimorando e
tornando a cesariana um procedimento bastante seguro. Todavia, temos observado
em todo o mundo um aumento progressivo das taxas desse procedimento”,
complementa lembrando que existem diferentes razões para uma mulher querer a
cesariana.
“Há o medo da dor, do trauma do períneo, medo,
mesmo que não justificado, de risco de morte para o bebê e paralisia cerebral
do mesmo”, enumera.
Para a médica, não existe uma legislação do Brasil
sobre o direito da mulher pedir uma cesariana e explica que os Conselhos
Regionais de Medicina já se posicionaram no sentido de dizer que as mulheres
têm o direito de pedir uma cesariana.
“As principais sociedades do mundo orientam que, na
ausência de indicações maternas ou fetais para o parto cesáreo, o parto normal
é mais seguro, apropriado e deve ser recomendado para as pacientes”.
A autonomia da mulher é importante, deve ser
respeitada e sempre pensada em termos de beneficência.
A médica afirma que é importante discutir com as
mulheres sobre esse desejo, informando pontos como: os riscos
imediatos, os riscos a médio e longo prazo, qual o tamanho de família que ela
deseja, já que cesarianas excessivas também são complexas e podem comprometer a
saúde da mulher.
“Existe, sim, uma diferença entre o serviço público
e o privado, inclusive nas taxas de cesariana, que, no serviço privado, são
maiores que 85%, enquanto no serviço público estão em torno de 45%. Isso já
mostra que no serviço privado existe muito mais complacência e aceitação dos
profissionais na realização das cesarianas. No SUS, de uma maneira geral, são
raros os serviços que vão agendar uma cesariana primária em uma mulher sem
cesariana anterior, a não ser que, efetivamente, ela manifeste de forma muito
intensa e se posicione na sua interlocução com o serviço”, finaliza.
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