Conhecido por
performances tecnológicas marcantes como a realizada no encerramento dos Jogos
Olímpicos Rio 2016, o coletivo japonês tem sua primeira exposição individual no
Brasil entre 12 de julho e 2 de outubro, apresentando o panorama artístico de
novas mídias do Japão
Arte e tecnologia se encontram na próxima exposição
da Japan House São Paulo, “O que não se vê – Rhizomatiks”. A mostra inédita e interativa com
entrada gratuita apresenta o trabalho de um dos principais grupos criativos do
Japão, reconhecido mundialmente por projetos que estudam a confluência entre a
tecnologia, análises de bancos de dados e a expressão humana por meio da
arte. Em cartaz de 12 de julho a 2 de outubro, a exposição reúne três
instalações: Sensing Streams 2022 – invisible, inaudible (Ryuichi Sakamoto e Daito Manabe); optical walls (Yoichi Sakamoto) e “Gold Rush” – Visualization +
Sonification of OpenSea activity,
além da seção Rhizomatiks Archive & Behind the Scenes, que traz uma seleção de dispositivos
criados pelo grupo japonês ao longo de seus 15 anos de atividade.
Fundado em 2006, o coletivo Rhizomatiks explora
novas formas de expressão e de tecnologia, apresentando trabalhos inovadores
centrados em pesquisa e desenvolvimento, bem como projetos colaborativos com
outros artistas e pesquisadores. Na cerimônia de encerramento dos Jogos
Olímpicos Rio 2016, no Rio de Janeiro, o coletivo se destacou pela performance
tecnológica que combinava realidade virtual com computação gráfica.
Na Japan House São Paulo, os visitantes poderão
vivenciar diferentes experiências ao adentrar o térreo da instituição nipônica:
interação, imersão e contemplação. Começando pela instalação Sensing
Streams 2022 -
invisible, inaudible –
desenvolvida por Daito Manabe, um dos fundadores do Rhizomatiks, em colaboração com o músico japonês
Ryuichi Sakamoto, compositor de trilhas sonoras vencedoras do Oscar e BAFTA
como a Merry Christmas Mr. Lawrence (e
que participou da cerimônia de inauguração da Japan House São Paulo), a obra
detecta ondas eletromagnéticas por meio de uma antena e torna visíveis e audíveis
as diferentes frequências dessas ondas em tempo real por meio de uma grande
tela de LED, de mais de 10m² com alta definição e alto-falantes. A partir daí,
o público é convidado a interagir com a obra, mudando a frequência e o
comprimento de onda com um controlador manual.
Além disso, as imagens e sonoridades são alteradas
em tempo real, a partir das ondas que estão presentes no local, incluindo
aquelas vindas dos smartphones.
“Nos dias atuais, quando as ondas eletromagnéticas se tornaram parte essencial
de nossa infraestrutura, esta obra nos torna conscientes de um fenômeno que
geralmente passa despercebido - o fluxo, ou fluxos, de uma infinidade de ondas
eletromagnéticas -, ao mesmo tempo em que reflete nosso envolvimento ativo
através de telefones celulares e smartphones”, explica Daito Manabe.
Outro projeto que chega pela primeira vez ao Brasil
é optical walls,
instalação criada pelo engenheiro de hardware do Rhizomatiks, Yoichi Sakamoto, em colaboração com
a empresa química Mitsui Chemicals. Nesta obra, um jogo de luzes de LED
atravessa as lentes dispostas em uma sala escura enevoada criando um espaço
segmentado pela luz. A luz difusa de LED neste ambiente cria paredes de luz que
pairam no ar ou remete a imagem de portas se abrindo no escuro. “Na natureza
existem fenômenos surpreendentemente complexos a partir das ferramentas mais
simples. Por exemplo, a órbita da Terra ao redor do Sol está sobre um eixo fixo
e inclinado, que dá origem às estações do ano e a um conjunto mercurial de
flutuações ambientais. Embora frequentemente esquecida no decorrer da vida
cotidiana, esta inclinação de apenas 23,5 graus gera uma variação
verdadeiramente notável neste planeta que chamamos de lar. Nossa instalação
trata justamente sobre princípios enganosamente simples como esse. No fundo, é
composta puramente de um punhado de fontes de luz rotativas que exploram o
papel da difusão em superfícies planas. Utilizando materiais fabricados pelo
homem, optical walls
demonstra as leis fenomenológicas da natureza e um deslumbrante efeito
caleidoscópico”,
comenta o engenheiro.
A exposição “O que não se vê – Rhizomatiks” traz ainda a obra “Gold Rush”
– Visualization + Sonification of OpenSea activity focada no universo digital, em
especial no movimento dos NFTs
e da CryptoArt, e
provoca uma reflexão sobre os desafios da “corrida pelo ouro” moderna. O
trabalho audiovisual surgiu das inúmeras pesquisas do coletivo em seu
“CryptoArt Experiment”, plataforma desenvolvida pelo Rhizomatiks como um mercado para a compra de CryptoArt. Bem no meio dessa fronteira entre
economia, tecnologia e arte, Gold Rush é um registro das 24 horas anteriores e posteriores ao
dia 11 de março de 2021, data em que a obra "Everydays: The First 5000
Days", do artista norte-americano Beeple, foi vendida pela casa de leilões
britânica Christie's por
US$69.346.250,00 – um marco para a história das NFTs e da arte. Buscando refletir sobre a
estética do NFT,
que possui regras, lógica e estrutura totalmente diferentes das que são
encontradas no mercado de arte existente no mundo físico, Daito Manabe analisou
e tornou visível os dados da transação comercial dentro do OpenSea (plataforma de negociação de NFTs) –
durante o dia no qual a obra supramencionada foi arrematada.
Para a diretora cultural da Japan House São Paulo e
curadora da exposição, Natasha Barzaghi Geenen, “essa obra não chama a atenção apenas
para um assunto tão atual quanto os NFTs, criptomoedas e blockchains, mas dá visibilidade para o dinamismo
das relações virtuais e suas tantas possibilidades”.
Para os mais curiosos, a exposição da Japan House
São Paulo ainda conta com uma seção dedicada a uma variedade de colaborações,
trabalhos, registros de pesquisas e seus desenvolvimentos e outros projetos que
foram desenvolvidos pelo Rhizomatiks no Japão e no mundo. A Rhizomatiks
Archive & Behind the Scenes
apresenta uma seleção de dispositivos criados pelo coletivo entre 2006 e 2021
que sublinha a inventividade do grupo tanto no campo tecnológico e da
exploração e criação de hardwares e dispositivos, quanto artístico. São vídeos,
dispositivos originais (como drones e outros objetos) e documentações, pelos
quais é possível entender um pouco dos bastidores do processo de tentativa e
erro que levam à produção única do coletivo japonês.
“Era um desejo antigo trazer uma exposição dedicada
ao trabalho do Rhizomatiks, com suas propostas experimentais, com seus jogos
tão atuais entre o real e o virtual, suas novas possibilidades tecnológicas e
de expressão. A seleção destas quatro obras específicas foi feita para que
as pessoas possam conhecer alguns dos diferentes aspectos desse laboratório
artístico que transita de maneira livre entre o mundo virtual e físico, entre
os diversos campos de criação, entre as artes e o entretenimento”, comenta a
curadora da exposição. “Para isso, criamos também um web app exclusivo para esta exposição, que
além de conteúdos acessíveis, trará um micro universo sobre as obras e outros
assuntos que perpassam os trabalhos do coletivo, como tecnologia e ciência.
Serão imagens, vídeos e entrevistas com especialistas com conexões que trarão
um panorama sobre o processo de desenvolvimento do grupo japonês. Como
complemento, haverá uma playlist musical
no Spotify
criada pelo próprio Daito Manabe exclusivamente para a mostra na JHSP”,
complementa Natasha. Dentro do programa JHSP Acessível, a exposição “O que não
se vê – Rhizomatiks” conta
com recursos de audiodescrição, libras e bancada com elementos táteis.
Sobre Rhizomatiks
O Rhizomatiks explora as possibilidades de novas
formas de expressão e de tecnologia, apresentando trabalhos inovadores por meio
de projetos centrados em pesquisa e desenvolvimento, além de obras e projetos
colaborativos com outros artistas e pesquisadores. Movendo-se livremente entre
o universo digital e real, sua atuação contempla diversas áreas como artes,
mídia, publicidade e entretenimento, arquitetura, desenvolvimento urbano e
planejamento e operação de softwares e hardwares.
Dentre seus projetos mais conhecidos está a constante colaboração com os grupos
musicais japoneses ELEVENPLAY e Perfume, além da performance ao vivo que
combinava realidade virtual com computação gráfica, apresentada no encerramento
dos Jogos Olímpicos Rio 2016, no Rio de Janeiro.
Serviço:
Exposição “O que não se vê – Rhizomatiks”
Período: de
12 de julho a 2 de outubro de 2022
Local:
Japan House São Paulo – Avenida Paulista, 52 (térreo) - São Paulo, SP
Horários:
terça a sexta, das 10h às 18h; sábados, das 9h às 19h; domingos e feriados, das
9h às 18h.
Gratuito.
Reserva antecipada (opcional): https://agendamento.japanhousesp.com.br/
A exposição conta com recursos de acessibilidade (Libras, Audiodescrição,
elementos táteis).
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