A era de ouro das startups chegou ao fim? Há poucos anos, conquistar um emprego nessas empresas brilhava os olhos de inúmeros profissionais – atraídos pela rápida escalabilidade do negócio no mercado, possibilidade de crescimento interno em um curto espaço de tempo e, um chamariz de oportunidades de negócios. Mas, em meio a tamanhas ondas de demissões divulgadas nos últimos meses, a construção de uma carreira nessas companhias virou alvo de questionamento para muitos. A resposta para essa dúvida, contudo, irá variar conforme inúmeros fatores subjetivos.
Em uma breve análise cronológica, é de se
impressionar as tamanhas mudanças que as startups sofreram em um curto espaço
de tempo. Há apenas dois ou três anos, o cenário econômico e mercadológico
internacional era o palco perfeito para o desenvolvimento dessas empresas –
marcado por uma mudança de mercado que começou a valorizar jornadas mais
flexíveis, uma hierarquia menos robusta, ambiente de trabalho menos formal e o
início da transição para o modelo remoto.
Atraindo cada vez mais olhares, os fundos de
investimentos nessas empresas chegaram a registrar recordes consecutivos. Em
2021, por exemplo, mais de R$ 46 milhões em captações foram registrados,
segundo dados da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital
(ABVCAP) – quantia três vezes maior à de 2020. Em um cenário altamente
otimista, contudo, tal crescimento veloz foi, ao mesmo tempo, o principal
desacelerador dessas companhias.
Todas as intensas transformações do mercado
macroeconômico tornaram o aporte de investimentos uma missão cada vez mais
difícil, obrigando que muitas startups iniciassem uma série de demissões
recorrentes na tentativa de contingenciar suas despesas e tornar o negócio
novamente viável. Em todos os segmentos, a medida se tornou essencial como
ajuste financeiro de operação, exigindo dos executivos um olhar mais cauteloso
ao avaliar qualquer nova oportunidade de negócio.
Menos dispostos a injetar recursos em empresas,
agora temerosas pela inconstância, buscar uma oportunidade profissional em
qualquer startup deixou de ser um sonho de consumo para, em muitos casos, se
tornar uma opção duvidosa. Não há como afirmar que qualquer vaga nessas
empresas trará sucesso ou fracasso – muito menos, ter certeza de que essas
demissões continuarão ocorrendo. Por isso, aqueles que cogitam se candidatar a
uma carreira nas startups, precisam levar alguns critérios em consideração.
Em sua natureza, as trilhas profissionais nessas
companhias podem ser completamente efêmeras, passíveis de iniciarem e
terminarem a qualquer momento e de forma muito rápida. Diante disso, é
essencial que, ao aplicar seu currículo para uma posição, avalie cuidadosamente
todo o ciclo do negócio. Busque compreender, em termos de governança, aqueles
que estão por trás de sua criação e, especialmente a viabilidade do segmento
apresentado.
É muito comum encontrar startups que se vendem no
mercado por histórias encantadoras e promessas mirabolantes que, apesar de
conquistarem muitas atenções, dificilmente possuem real perspectiva de sucesso.
Mas, para evitar frustrações, é necessário analisar se a companhia possui real
fôlego financeiro para fomentar suas atividades e, acima de tudo, sua
rentabilidade para prosperar.
Por mais devastador que tamanhas demissões sejam, essa readaptação do modelo de negócios pode ser, justamente, a ação necessária para que as startups recuperem seu fôlego e voltem a se tornar tão atrativas quanto costumavam ser. Para aqueles que ainda se questionam sobre a viabilidade de trabalhar nessas empresas, é preciso acompanhar o movimento dessas companhias e analisar seu desempenho. Mas, acima de tudo, unir essas informações com suas próprias ambições e desejos, em prol de uma construção de carreira alinhada aos seus sonhos profissionais.
Ricardo Haag - sócio da Wide, consultoria
boutique de recrutamento e seleção.
Wide
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