Psicólogo, pediatra e pedagogo: especialistas
explicam a importância do brincar para o crescimento das criançasFreepik
Brincar é algo
inerente ao universo infantil, mas também uma atividade e uma linguagem
facilmente compartilhada entre adultos e cuidadores. O brincar é de grande
importância para o desenvolvimento saudável na infância, seja em casa com
grande quintal ou em apartamentos de 40m², já que as crianças têm maior
capacidade de se adaptar do que adultos. Independente do tamanho do espaço, as
crianças se sentem facilmente incentivadas por diferentes estímulos, pois tudo
em volta é novo e gera curiosidade.
É desta forma que a criança desenvolve principalmente a oralidade
e o conhecimento de si mesma, pois resgata o imaginário infantil e cria
memórias afetivas para o resto da vida. “O brincar estimula habilidades
emocionais e favorece o convívio em grupo e o respeito ao próximo, além de exercitar
os grandes e pequenos músculos, que é a coordenação motora ampla e específica,
pontos que são altamente importantes para o desenvolvimento do processo de
leitura e escrita”, explica Sueli Oliveira, coordenadora pedagógica do Colégio
Objetivo DF. Habilidades emocionais, autoconhecimento e o convívio com outras
crianças são características favorecidas pelo processo do brincar.
Brincar no quintal ou no apartamento?
As famílias que têm a oportunidade de ter um quintal ou um lugar
aberto em casa ou próximo de casa para que a criança possa correr, saltar,
rolar, gritar e explorar seus sentimentos é ótimo para que os pequenos possam
socializar e interagir com mais tranquilidade. “É nas brincadeiras mais
expansivas que as crianças descobrem o que podem ou não fazer, onde podem ou
não ir, e consequentemente lidam mais com as frustrações”, explica o psicólogo
Fernando Machado.
“Quando falamos em crianças que crescem em apartamentos, é
importante que os pais explorem as áreas de lazer também como ambientes de
estímulo e resposta para essas relações com os colegas e com o espaço em que
vivem. É possível estimular a brincadeira e o desenvolvimento em qualquer
ambiente, basta prepará-lo”, diz o psicólogo clínico do Hospital Anchieta.
Brincar faz a criança liberar todas as suas emoções e fazer novas descobertas
em um mundo imaginário e real ao mesmo tempo.
A tecnologia pode prejudicar o desenvolvimento?
Nas palavras da pediatra Mádia Costa, as crianças que brincam em ambientes fechados e tem a tecnologia como principal distração são mais ansiosas e têm maior tendência à depressão. “Criancas que brincam na areia, ao ar livre, junto à natureza e aos animais principalmente, apresentam melhor desenvolvimento social, ao contrário das crianças que brincam em ambientes fechados, apartamentos. Com a tecnologia como principal fonte de distração há perda do desenvolvimento social, motor e psicológico. Nesse ambiente não existe troca e nem diálogo”, conclui a pediatra do Hospital São Francisco em Brasília.
A coordenadora pedagógica reforça ainda que há uma perda
significativa no desempenho motor e no relacionamento social para as crianças
que preferem os espaços digitais. “Um dos pontos negativos de tudo isso é o
surgimento do egocentrismo e a falta de senso em repartir. É dever da família
estimular toda forma de desenvolvimento e de proporcionar equilíbrio nas ações,
seja com momentos ao ar livre e outros momentos no ambiente digital”, explica
Sueli. Já o psicólogo Fernando explica que o efeito positivo do brincar está no
desenvolvimento neuromotor cognitivo. “O estímulo que chega com o movimento do
corpo estimula o equilíbrio e a força, além de estratégias de competitividade.
Ou seja, brincar prepara a criança para a vida adulta”, conclui.
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