Rinotraqueíte e traqueobronquite são altamente contagiosas e causam desconforto nos pets. É importante ficar atento aos sintomas
Quem tem criança em casa já está habituado ao ciclo
das viroses que acometem os pequenos, especialmente nesta época do ano, de ar
seco e variação brusca de temperatura. Os sintomas são velhos conhecidos:
tosse, coriza, febre, inapetência, noites mal dormidas. É assim com as
crianças, é assim com os animais de estimação.
No caso dos pets, os nomes são bem específicos:
rinotraqueíte para gatos e traqueobronquite para cães. Embora haja casos
inversos – traqueobronquite felina e rinotraqueíte canina – eles são mais raros
de acontecer, de acordo com Marcela Muriel Marques, médica-veterinária clínica
geral do Veros Hospital Veterinário.
Como identificar
Os tutores devem ficar atentos às manifestações
clínicas, muito parecidas com a gripe humana. A rinotraqueíte atinge o trato
respiratório anterior dos bichanos – nariz e garganta – e se manifesta por meio
de congestão e secreção nasal abundantes, catarro e falta de apetite ocasionada
pelo comprometimento do olfato. “Em alguns casos mais graves, a doença pode
evoluir para febre e, nos mais graves ainda, para uma infecção generalizada e
pneumonia”, alerta Marcela.
Já a traqueobronquite canina, como o próprio nome
diz, ataca traqueia e brônquios, o chamado trato respiratório posterior. Por
isso, a doença se manifesta pela tosse seca, principalmente depois que o cão
faz algum esforço nas brincadeiras. A “tosse dos canis”, como é mais conhecida,
pode vir acompanhada de secreção nasal, inapetência, prostração e, por estar
associada também a uma bactéria (a bordetella), também pode se agravar na forma
de pneumonia.
Tão logo apareçam essas manifestações clínicas, os
pets devem ser levados imediatamente ao médico-veterinário. Por se tratar de
doenças autolimitantes – aquelas combatidas pelas defesas naturais do corpo – o
tratamento constitui basicamente em fortalecer o organismo e amenizar as
manifestações clínicas por meio de nebulização, inalação com soro fisiológico,
limpeza e desobstrução nasal para diminuir o desconforto dos bichinhos.
Quando o quadro evoluiu para uma infecção causada
pela bordetella ou outra bactéria oportunista, a medicação inclui a prescrição
de antibióticos. As manifestações clínicas podem durar de cinco dias a seis
semanas, então, quanto mais cedo o pet for levado ao médico, menores são as
chances de complicações.
Dá para prevenir
A rinotraqueíte e a traqueobronquite são altamente
contagiosas, mas transmitidas de formas diferentes. A rinotraqueíte é passada
de um gato para outro por meio das secreções. É comum, por exemplo, uma fêmea
adulta, que tenha o vírus incubado, transmitir a doença para a ninhada por meio
da lambedura.
“Se você detectar que um dos filhotes parece
gripado, o ideal é que ele seja isolado e não mame no mesmo horário da ninhada,
para evitar que os outros tenham contato com aquela secreção”, orienta Marcela.
Do mesmo modo, filhotes devem permanecer isolados de qualquer gato adulto, seja
na rua ou dentro de casa, até que completem o esquema vacinal primário.
A traqueobronquite exige um pouco mais de atenção
dos cuidadores de cães, pois é transmitida pelo ar, a partir das gotículas
expelidas pela tosse do animal infectado. Assim, um cão saudável pode contrair
a doença pela simples proximidade com outro contaminado, durante um passeio ou
até mesmo na mesa de banho do pet shop. Nesse caso não basta evitar o contato,
é preciso manter o distanciamento.
Vacina sim
Como nem sempre é possível separar uma ninhada ou
inibir a vida social dos animais de estimação, a vacinação continua sendo a
forma mais segura de combater a rinotraqueíte e traqueobronquite. Daí a
importância de manter a carteirinha do seu pet em dia.
Para os gatos, o esquema vacinal deve começar com
no mínimo 45 e no máximo 60 dias de idade, com aplicação de doses mensais até o
animal completar 16 semanas. No caso dos cães, a vacinação começa entre 12 e 16
semanas contadas a partir do nascimento, acompanhada de nova dose no mês
seguinte. Concluída a imunização primária, os animais devem retornar todo ano
ao médico-veterinário para tomar a dose única de reforço.
Marcela explica que as vacinas são essenciais para
preservar a saúde dos pets, mas têm limites. “Não é porque eles estão vacinados
que não vão desenvolver essas doenças. Eles podem, sim, desenvolver, mesmo
vacinados, mas com sintomas mais brandos”.
Em caso de dúvida, consulte sempre o
médico-veterinário do seu pet. Ele é o melhor profissional para orientar sobre
o esquema vacinal, prevenção, tratamento e os demais cuidados da saúde animal.
Fonte: Marcela Muriel Marques - médica-veterinária
clínica geral do Veros Hospital Veterinário. Graduada em Medicina
Veterinária pela Universidade de São Paulo (2015), tem ampla vivência em
terapia intensiva, urgências e emergências. Possui aprimoramento em Clínica e
Técnicas Cirúrgicas. É profissional experiente em atendimento clínico e
medicina preventiva de pequenos animais.
Veros Hospital Veterinário
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