Relatório elaborado pela Federação aponta que produção foi de 11,8 milhões de toneladas, 34,76% do total do Brasil
Relatório elaborado pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São
Paulo (FAESP) , a partir de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) , apontou que em 2020 o Estado de São Paulo foi o maior
produtor de frutas do Brasil. A produção paulista foi de 18,11 milhões de
toneladas (34,76% da produção nacional), mais que o triplo do segundo colocado
-- a Bahia, com pouco mais de 5 milhões de toneladas produzidas.
Ao se analisar os dados específico de diferentes
culturas, São Paulo também é o campeão em produção de abacate (163,16 mil
toneladas), banana (1,12 milhão de toneladas), caqui (110,23 mil toneladas),
figo (28,45 mil toneladas) e tangerina (390,39 mil toneladas). Mesmo as frutas
em que não é líder, o Estado ocupa boas posições, como é o caso da goiaba
(segundo colocado, com 223,3 mil toneladas), manga (terceiro, com 259,12 mil
toneladas), melancia (segundo, com 297,11 mil toneladas), pêssego (segundo, com
59,1 mil toneladas) e uva (terceiro, 184,5 mil toneladas). Contudo, as
“estrelas” dos pomares paulistas são a laranja e o limão.
As campeãs
Responsável pela produção de mais de 13,7 milhões
de toneladas de laranja, São Paulo ganha disparado do segundo colocado, Minas
Gerais, com 1,1 milhão de toneladas produzidas em 2020. Outra fruta campeã em
São Paulo, na comparação com as demais unidades da Federação, é o limão. As
lavouras paulistas colheram 1,22 milhão de toneladas no ano retrasado -- em
segundo lugar está o Pará, que produziu pouco menos de 200 mil toneladas. Esses
números colocam São Paulo na primeira colocação de ambas as culturas. Em comparação
à soma da produção de todos os outros Estados do País, são números
impressionantes. No caso da laranja, a produção paulista representa 77,54% da
nacional. E no do limão, 70,6%.
A área destinada à laranja no Estado de São Paulo é
de 362.700 hectares. Os principais municípios paulistas produtores são Casa
Branca (660 mil toneladas), Santa Cruz do Rio Pardo (406 mil) e Mogi Guaçu (357
mil). A área destinada ao limão no Estado é de 31.869 hectares. Os principais
municípios paulistas produtores são Itajobi (183,2 mil toneladas), Urupês (85,3
mil) e Taquaritinga (82,2 mil).
A força econômica das frutas
O valor bruto da produção (VBP) paulista no
segmento de fruticultura é superior a R$ 13 bilhões. Somente a laranja representa 60,83% do total (R$ 7,93 bi), seguida da banana
com 11,1% (R$ 1,44 bi) e
do limão com 9,59% (R$ 1,25 bi --
ela é a segunda em quantidade produzida, mas terceira em faturamento).
A uva vem em quarto lugar com 4,5% do VBP (R$ 0,59 bilhão) -- seguida de
tangerina, melancia, goiaba, abacate, manga, caqui e outras que, juntas,
representam 14% do VBP ou R$ 1,82 bilhão.
Paulistas se destacam no mercado internacional
São Paulo tem importante participação também no
fornecimento de uma variedade de frutas para outros países. A categoria “limões
e limas” é responsável pela maior parte da exportação -- pouco mais de 83,5 mil
toneladas em 2021. Frutas processadas (conservas e preparações, exceto sucos)
vem em segundo lugar, com 30,5 mil toneladas. A exportação de manga atingiu no
ano passado a marca de 9,8 mil toneladas. Essas três categorias juntas
representam 82,92% das exportações -- em valores, totalizam US$ 115,7 milhões, equivalente a
72,27% das vendas em dólares.
A maior parte da produção paulista de laranja é
exportada na forma de suco (2,2 bilhões de quilos em 2021): FCOJ (concentrado e
congelado) ou NFC (não concentrado e congelado). A exportação desta fruta in
natura foi de 1,85 mil toneladas no ano passado. A soma de todas as frutas
exportadas pelos produtores paulistas (sem considerar a laranja em suco, apenas
a fruta in natura) atingiu no ano passado a marca de 149.416 toneladas --
faturando mais de US$ 160
milhões.
São números bastante relevantes, mas que ainda
podem melhorar, considerando que São Paulo também é um grande importador. Em
2021, o Estado importou 115,6 mil toneladas (US$ 209,98 milhões) -- ou seja, os paulistas ainda
importam mais do que exportam.
Outras frutas
Por trás da variedade de cores e sabores da fruticultura paulistas está a dedicação
de milhares de produtores e trabalhadores rurais que mantêm uma produção forte
em uma multiplicidade de culturas. Escolhemos mais algumas que merecem
destaque.
Uva -- o destaque é para Jundiaí -- uma das cidades
com maior produção -- conhecida como a “terra da uva”. Segundo a prefeitura, há
cerca de 200 produtores e 500 hectares destinados a esta cultura. A safra mais
recente deveria ter sido colhida em novembro do ano passado, mas as geadas no
último inverno -- época em que se faz a poda -- atrasou o processo e acumulou a
colheita de toda a produção para janeiro deste ano, prejudicando algumas
vendas. O Estado de São Paulo produziu, em 2020, 184,5 mil toneladas de uva --
é o terceiro maior produtor, ficando atrás de Rio Grande do Sul e Pernambuco.
Cacau -- No final de fevereiro o evento “Dia do
Campo” reuniu produtores, técnicos da Coordenadoria de Assistência Técnica
Integral (CATI), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São
Paulo (SAA), pesquisadores e interessado em cacau. Durante esse evento os
participantes conheceram sistemas de produção instalados em uma Unidade de
Adaptação de Tecnologia (UAT) em São José do Rio Preto. A área de plantio de
cacau na região saltou de 10 hectares para 200 hectares.
Jabuticaba -- a produção paulista é uma das maiores
do Brasil. Segundo dados da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São
Paulo (Ceagesp), das 2.445,85 toneladas comercializadas por 39 atacadistas em
2019, 98,54% são produzidas no Estado de São Paulo. A cidade de Casa Branca é a
maior produtora, com mais de 22 mil jabuticabeiras distribuídas em 141 hectares
cultivados por 47 produtores. O resultado de cada safra, em média, chega a 2
mil toneladas, segundo dados da Casa da Agricultura da cidade.
Potencial de crescimento
Tanto a produção para o mercado interno quanto para
exportação tem potencial de crescimento. Cada vez mais novas tecnologias são
aplicadas com vistas ao aumento da produtividade e, no caso das exportações, é
importante se adequar às exigências de cada país.
Francisco de Andrade Nogueira Neto, presidente do Sindicato Rural de Campinas, explica que naquela região os produtores, além da laranja, cultivam figo, uva, caqui, morango, abacate, goiaba, seriguela, atemoia, dentre outras e exportam diretamente para a rede varejista da União Europeia, aproveitando a proximidade do aeroporto de Viracopos. “As frutas são exportadas em aviões de passageiros mesmo. Para exportar para a Europa, é preciso desenvolver tecnologia para atender às normas internacionais de sanidade do produto”, ressalta.
Mercado de trabalho
O forte cenário de produção paulista traz
benefícios econômicos e na geração de empregos. Em 2021 o saldo do mercado de
trabalho formal (número de contratações menos o número de demissões) ficou em
6.181. Houve 76.722 contratações no ano passado -- contudo, como grande parte
das contratações são feitas na época da safra e colheita, parte desses
empregados são desligados depois. O estoque de empregos do setor em 2021
(número de empregados representado pelo saldo de 2020 mais as contratações,
menos as demissões) é de 62.765 -- ou seja, esse é o número de trabalhadores
formais do setor em dezembro de 2021, segundo dados do Cadastro Geral de
Empregados e Desempregados (CAGED).
Em relação ao mercado de trabalho proporcionado
especificamente pelo cultivo de laranja, os dados mais recentes de estoque de
empregos do CAGED apontam 48.390 empregos formais -- número de trabalhadores
formais atualmente em atividade. Contudo, Cláudio Silveira Brisolara, gerente do
Departamento Econômico da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São
Paulo (FAESP), esclarece que a oferta de empregos para esse gênero varia muito
com a época do ano. “A laranja tem uma safra bem definida e há sempre um número
maior de contratações temporários na época da colheita. Depois de terminada a
colheita, muitos deles são desligados. É preciso sempre observar a curva da
sazonalidade do setor para avaliar efetivamente o número de empregos gerados”,
aponta. De todo modo, é uma produção que se mostra como alternativa viável para
trabalhadores rurais em busca de ocupação, mesmo que temporária.
O momento atual do mercado
Com a guerra entre Rússia e Ucrânia, uma crise na
logística internacional -- há falta de navios e contêineres -- vem prejudicando
o comércio internacional, pois se reflete no custo do frete. Se no ano passado
era preciso pagar US$ 4 mil para
embarcar um contêiner de frutas para os EUA, hoje esse preço pode chegar a US$ 11 mil.
Segundo um boletim da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) de março, a estiagem do ano passado impactou na produção e no preço de frutas e hortaliças em fevereiro, conforme apurado em Centrais de Abastecimento (Ceasas) de São Paulo e outras importantes capitais, como Belo Horizonte, Rio de Janeiro.
Mamão e melancia, em momento de baixa oferta, ficaram mais caros nos mercados
atacadistas. No caso da maçã, as variedades Fuji e Gala tiveram aumento da
demanda e pequenas elevações nos preços. O mamão foi menos comercializado, mas
ainda com preços altos na maioria das Ceasas. Mesmo sem crescimento de demanda,
os custos nos últimos meses vêm aumentando, e se refletindo no preço final. Em
relação à melancia, São Paulo voltou a elevar a oferta, com aumento também das
exportações. Banana e laranja, por sua vez, não tiveram um desempenho padrão na
valorização. A banana nanica, por exemplo, esteve mais em conta e brecou os
aumentos da variedade prata em época de entressafra.
Além dos produtores e trabalhadores rurais, há toda
uma cadeia ligada à comercialização de frutas que também depende desse
segmento, como as empresas de beneficiamento (proteção, acondicionamento e
isolamento térmico de produtos agrícolas). Até chegar ao ponto de venda, é um
trabalho complexo que necessita de muito planejamento e eficiência.
Mamão e melancia, em momento de baixa oferta, ficaram mais caros nos mercados
atacadistas. No caso da maçã, as variedades Fuji e Gala tiveram aumento da
demanda e pequenas elevações nos preços. O mamão foi menos comercializado, mas
ainda com preços altos na maioria das Ceasas. Mesmo sem crescimento de demanda,
os custos nos últimos meses vêm aumentando, e se refletindo no preço final. Em
relação à melancia, São Paulo voltou a elevar a oferta, com aumento também das
exportações. Banana e laranja, por sua vez, não tiveram um desempenho padrão na
valorização. A banana nanica, por exemplo, esteve mais em conta e brecou os
aumentos da variedade prata em época de entressafra.
Além dos produtores e trabalhadores rurais, há toda
uma cadeia ligada à comercialização de frutas que também depende desse
segmento, como as empresas de beneficiamento (proteção, acondicionamento e
isolamento térmico de produtos agrícolas). Até chegar ao ponto de venda, é um
trabalho complexo que necessita de muito planejamento e eficiência.
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