Mesmo diante de um
diagnóstico difícil, a atenção integral à saúde, considerando aspectos físicos,
emocionais, sociais e espirituais do paciente, é fundamental
“Sempre tem o que fazer”, diz Marisa Cherobim Dias,
enfermeira especializada em cuidados paliativos da Rede de Hospitais São Camilo
de SP sobre pacientes com doenças que ameaçam a vida, muitas vezes sem
possibilidade de cura.
Segundo ela, o tema ainda é considerado um tabu na
sociedade. “Muitas pessoas entendem os cuidados paliativos como uma sentença de
morte, o que leva a uma sensação de desamparo tanto para o paciente quanto para
seus familiares”, comenta.
No entanto, o objetivo é centrar o tratamento na
qualidade de vida, melhorando as condições do paciente em todos os aspectos,
para garantir que ele tenha maior conforto e bem-estar ao atravessar o momento
entre a descoberta do diagnóstico e a convivência com a doença.
Lívia Nery Mendes, geriatra e paliativista na
unidade Granja Viana do São Camilo, reforça que, não sendo possível promover um
tratamento para determinada doença, é necessário fazer o controle dos sintomas
por meio de outras estratégias, sejam medicamentosas ou não, visando aliviar o
sofrimento em uma condição irreversível.
“A medicina não é capaz de curar todas as doenças.
Nesses casos, os cuidados paliativos surgem como um conjunto de práticas terapêuticas
cujo foco está na preservação da dignidade do paciente. Neste momento podemos
não indicar procedimentos que causem dor e sofrimento psicológico cujo
benefício seja questionável”, salienta.
Lívia destaca que os cuidados devem ser realizados
em diversos ambientes, desde sua residência até hospitais especializados. “Com
atendimento multidisciplinar, a unidade da Granja Viana oferece diversas
terapias a esses pacientes, incluindo musicoterapia, terapia ocupacional, entre
outras”, cita.
Seguindo determinações da Organização Mundial da
Saúde (OMS), ao receber o paciente, a instituição avalia seu quadro de forma
ampla, considerando suas dimensões física, psicológica, social e existencial,
bem como seus valores pessoais e espirituais. A partir daí, são propostas
intervenções em conjunto com o paciente e/ou familiares. Dependendo do caso e
da fase da doença, podem ser implementadas medidas mais ou menos invasivas.
Nesse aspecto, a paliativista Isabella Bordim Rosa,
que também atua na unidade, ressalta a importância de proporcionar espaços que
favoreçam o bem-estar e permitam ao paciente entrar em contato com o que é
importante para ele e para sua família, de acordo com suas crenças e preferências.
“A capela sempre aberta para visitas, os jardins terapêuticos onde os pacientes
conseguem manusear as plantas e estar em contato com a natureza, bem como os
diversos ambientes ao ar livre são elementos que inserimos na instituição
visando esse cuidado.
Para a enfermeira Marisa, olhar para o paciente
como um todo vai muito além das terapias aplicadas, levando em conta seus
desejos e particularidades.
“Apesar da morte ser um ainda tabu para muitos de
nós é importante quebrarmos este estigmas e ajudarmos os pacientes a realizarem
experiências e/ou fazer um ritual para marcar de forma especial seus
últimos momentos de vida. Entendemos que nós estamos aqui para suprir essa
demanda também”, conta.
Hospital São Camilo
@hospitalsaocamilosp
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