Como as oportunidades de trabalho têm acontecido para eles?
Já passamos dos 54,8
milhões de brasileiros com mais de 50 anos, segundo o site Longevidade, que a
cada 21 segundos acrescenta mais um brasileiro cinquentão à população. Como as
empresas, em especial as pequenas e médias, poderão se beneficiar dessa mão de
obra sênior que vem crescendo e cada vez mais produtiva?
O Brasil tem mais de 28 milhões de
idosos (acima de 60 anos), número que representa 13% da população do país. Esse
número pode dobrar de tamanho nas próximas décadas, de acordo com as
estatísticas do IBGE (2018). Em 2043, um quarto da população deverá ter mais de
60 anos, enquanto a proporção de jovens até 14 anos será de apenas 16,3%. O
“índice de envelhecimento” - relação entre a porcentagem de idosos e de jovens
- deve aumentar de 43,19%, em 2018, para 173,47%, em 2060.
Além do aumento da expectativa de vida,
a reforma da previdência também tem feito os profissionais com mais de 50 anos
prolongarem suas trajetórias no mercado de trabalho.
O país ultrapassa os 12 milhões de
pessoas sem trabalho (PENAD Contínua - IBGE) e os 50+ é um dos grupos mais
impactados pela falta de emprego. A taxa de desemprego nessa faixa etária
chegou ao seu nível mais alto em 2020, quando ultrapassou 7% pela primeira vez
desde 2012. De 2019 até o fim de 2020, mais de 400 mil brasileiros acima de 50
anos ficaram sem emprego (IBGE).
Apesar da alta do desemprego, a falta
de mão de obra qualificada vai acometer cada vez mais as empresas em diversas
áreas. Quando a economia voltar a aquecer, não haverá jovens capacitados para
ocupar as vagas que o mercado vai demandar em vários segmentos.
Estamos vivendo mais e o mundo do
trabalho vai precisar se acostumar com quadros funcionais 50+ e com a
longevidade de forma muito mais colaborativa do que assistencial. Especialmente
as médias empresas vão precisar contar com essa mão de obra sênior - já
preparada e experiente - ao invés de abrir vagas para iniciantes que ainda
demandarão treinamento e qualificação.
É preciso ressignificar as formas de
trabalho para os profissionais 50+. Novos modelos de contrato e rotina de
trabalho independente surgem para facilitar e colaborar com a empregabilidade
dos profissionais maduros. As empresas ainda saem ganhando porque se beneficiam
do conhecimento e experiência desses profissionais. Esses, também lucram com
flexibilidade, trabalho híbrido, home-office, autonomia e possibilidades reais
de ganhos além da CLT. Se bem planejado, os novos modelos já aprovados em lei,
podem ser ótimas opções para o profissional e a marca empregadora.
A experiência e o conhecimento tácito
são fundamentais para construir inovações. O profissional sênior tem sido
grande agente da inovação nos formatos e conceito de contratos de trabalho e as
empresas.
Deixando a CLT para trás, esse público
tem apresentado um raciocínio inovador no qual o principal coeficiente é o
tempo que esse profissional sênior vai dedicar a um projeto, a uma empresa. Ele
passa a ser empreendedor de sua própria carreira, vendendo experiência por
tempo dedicado, que não necessariamente precisa seguir o modelo da CLT de
jornada integral.
Esse empreendedor de si próprio passa a
atender mais clientes e as empresas passam a experimentar os benefícios de
contratar por algumas horas na semana um profissional altamente experiente e
qualificado.
Nesse modelo, empresas de porte menor
podem se permitir contratar um CFO, de renome e com experiência à frente de
multinacionais, bancos etc. a custo muito razoável. Exemplos não faltam.
Vivenciamos uma experiência em que uma empresa de pequeno porte contratou um
CFO “estrelado” para atuar 8 horas por semana (não por dia) a um custo
totalmente viável. O modelo deu tão certo que a empresa já quer aumentar o
total de horas contratadas desse profissional.
As nomenclaturas e experiências que
constam no currículo de um profissional sênior, muitas vezes podem afastá-lo
das novas oportunidades de trabalho, porque seus cargos anteriores acabam
assustando o empresário. Ter atuado como CFO, CEO, diretor, superintendente
etc. faz o novo empresário achar que não pode pagar por um profissional de tal
gabarito.
Quebrar esse tabu da CLT é sem dúvida
uma tendência que dá aos profissionais maduros oportunidades de aumentar a
renda sem ‘abrir mão’ dos conhecimentos que adquiriu durante toda sua jornada
profissional. É também uma alternativa para os que não desejam empreender em um
novo negócio.
Essa flexibilidade de contrato de
trabalho é uma alternativa para o profissional sênior dar continuidade a sua
carreira profissional original, ajudando os outros negócios com sua
experiência, mas trocando a meta da empresa por uma meta própria.
Ainda que mal aproveitada e desperdiçada pelas grandes empresas, esse público vem rompendo com os modelos tradicionais de trabalho, aumentando sua qualidade de vida como empreendedores da própria carreira, aprendendo a negociar sua força de trabalho, ampliando suas oportunidades de renda sem ‘deixar o PIB na mesa’.
Juliana Ramalho CEO da Talento
Sênior que atua na inclusão de profissionais 45+ no mercado de
trabalho, COO (Chief Operating Officer) e sócia-fundadora do Grupo Talento Incluir, um
ecossistema de soluções focadas na Diversidade e Inclusão, pioneiro no Brasil, entre
elas a Talento Sênior.
Talento Sênior
UinHub
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