O auxílio-doença, nomeado como benefício por incapacidade, segundo requisitos da Lei n. 8.213/91, é destinado aos segurados que se encontram incapacitados para o trabalho, seja por doença ou acidente, não possuindo condições de obter renda pela prestação de suas atividades profissionais.
Entretanto, a perícia no INSS é bastante rigorosa e demorada, a ponto de muitas pessoas com doenças graves morrerem em meio ao curso da ação previdenciária na justiça. Além da longa espera, os benefícios são constantemente negados.
Segundo dados fornecidos pelo INSS ao Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP), do total de 39,3 milhões de pedidos de benefícios previdenciários recusados entre 2010 e 2020, quase 21 milhões foram de auxílio-doença, ou seja, 53,2%.
Para agravar o cenário e aumentar a lentidão dos processos, o direito ao benefício passa pela medida conhecida como pente-fino, que foi iniciada no governo Temer e continua na gestão atual por meio da revisão administrativa prevista na Lei 8.212/91 e reforçada pela Lei 13.846
Por conta dos obstáculos e das dúvidas
sobre o benefício por incapacidade, ou auxílio-doença, a advogada Carla
Benedetti, sócia da Benedetti Advocacia, mestre em Direito Previdenciário pela
PUC/SP, associada ao IBDP (Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário) e
coordenadora da pós-graduação em Direito Previdenciário do Estratégia
Concursos; listou os principais mitos e verdades acerca do benefício:
Toda doença garante o direito ao
auxílio
Mito:
O que gera o direito ao benefício é a incapacidade de exercer sua atividade profissional
por consequência da doença ou do acidente. “A perícia do INSS avalia se as
sequelas realmente impossibilitam o segurado a desempenhar suas funções
específicas”, reforça Carla Benedetti.
Apenas quem é empregado pode ter o
benefício
Mito:
Qualquer pessoa que seja segurada tem direito ao auxílio-doença, incluindo
autônomos, empreendedores, facultativos ou contribuintes individuais.
Quem tem dois empregos pode receber
dois benefícios
Depende:
Caso o motivo do afastamento tenha deixado o indivíduo incapaz de exercer seu
trabalho em apenas um dos empregos, a concessão só valerá para este. No
entanto, se a incapacidade se estende aos dois trabalhos, a pessoa tem direito
ao benefício por ambos os empregos.
Há exceções na exigência da carência de
12 meses de contribuição
Verdade:
O segurado não precisa cumprir a carência exigida em casos de acidente de
qualquer tipo, acidente de trabalho, doença gerada pelo trabalho e doenças
listadas pelo Ministério da Saúde e Previdência Social, como tuberculose ativa,
hanseníase, alienação mental, neoplasia maligna, cegueira, paralisia
irreversível, cardiopatia, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante,
nefropatia, doença de Paget (osteíte deformante), Aids, hepatopatia e
contaminação por radiação, com base em conclusão da medicina especializada.
Quem não paga INSS pode ter direito ao
benefício
Mito:
O auxílio-doença é um benefício da Previdência Social. Sendo assim, apenas os
contribuintes têm direito ao auxílio. “Vale lembrar que o indivíduo que deixou
de contribuir tem ainda o período de aproximadamente um ano como assegurado
pela previdência, podendo receber o benefício dentro deste prazo. Já para
pessoas que perderam o emprego, o período é de aproximadamente dois anos”,
pontua Carla Benedetti.
O único documento necessário para
solicitar o auxílio é o atestado médico
Mito:
Além dele, é preciso um relatório médico detalhado e todos os exames que
comprovam a incapacidade de o segurado trabalhar. Segundo a advogada, com estes
documentos, a perícia do INSS irá avaliar o comprometimento da enfermidade, o
nível de gravidade e a duração da incapacidade.
Quem recebe auxílio-doença não pode
trabalhar
Verdade:
O segurado em prazo de auxílio-doença não pode exercer atividade remunerada. Se
o fizer, o benefício será cancelado desde o retorno à atividade (art. 60, § 6º
da Lei 8.213/91).
O INSS pode negar o afastamento ou
conceder um período inferior ao solicitado
Verdade:
A perícia do INSS pode conceder um prazo de afastamento menor do que o
recomendado pelo seu médico ou até mesmo negá-lo. “Neste último caso, o
segurado pode ingressar com uma ação na justiça”, finaliza Carla Benedetti.
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