OPINIÃO
Sempre que alguém cita a palavra crise, lanço o
desafio: tire o S da palavra e transforme crise em crie - temos o futuro em
nossas mãos. É uma proposta para encarar momentos críticos como oportunidades.
O mundo passa por um período de muitas mudanças e incertezas a respeito do
cenário econômico. Mas, mesmo assim, é possível fazer uma aposta para o setor
industrial brasileiro: será o ano da inovação aliada com a sustentabilidade. Ou
seja, o ano de criar pensando nas consequências futuras.
A aposta não é apenas um desejo para o ano que
começa, mas sim, fruto de um novo patamar que se abre com a instalação da
tecnologia 5G no Brasil. O leilão foi realizado pelo governo federal em 2021,
os contratos com as empresas vencedoras foram assinados em dezembro, e assim,
já é possível iniciar a instalação da infraestrutura para a nova tecnologia. O
prazo previsto pelo edital para que o serviço seja oferecido nas capitais vai
até julho de 2022, e nas demais cidades, até 2029. Para toda a população, será
a possibilidade de maior conectividade.
Para o setor industrial, de imediato, há benefícios
como aumento de conectividade, transferência de arquivos e melhoria na
qualidade de reuniões por videoconferência. Mas, o grande avanço será na
chamada Internet das Coisas (IoT), que significa uma revolução tecnológica ao
permitir comunicação entre equipamentos, por meio de sensores, softwares e
demais tecnologias, com o objetivo de conectar e trocar dados com outros
dispositivos e sistemas pela internet.
A cadeia produtiva, dos mais diversos setores,
avançará muito com a IoT e os mecanismos de nuvens, inteligência de dados,
utilizados no dia a dia das empresas. Sem falar das possibilidades de inovação
dos novos produtos, o que vai gerar ganho de consumo. Não são consequências de
curto prazo, mas a hora de planejar e investir é agora.
Sairá na frente quem já mantém no DNA a pesquisa
para inovação. Porém, tal avanço será um salto para a reputação da empresa se
estiver aliada às ações de sustentabilidade e demais pilares da agenda ESG – environmental,
social and governance. De nada adiantará investir em inovação de
procedimentos e produtos se as diretrizes para uma cadeia mais sustentável,
social e que envolva um novo tipo de governança não estiverem no escopo.
Os avanços tecnológicos devem permitir a diminuição
no desperdício de recursos naturais, uso de energias alternativas para a
produção, melhoria da cadeia produtiva, diminuição de tempo nos processos,
organização dos dados e melhor comunicação. Empresa, colaboradores,
consumidores e toda rede de relacionamentos ganham se o avanço tecnológico e de
processos estiver aliado com a sustentabilidade.
Não é possível ignorar as consequências da crise
econômica, como a escassez de insumos e matérias-primas, e elevação dos preços
no mercado mundial. Mas é razoável prever, apostando em um novo marco
tecnológico e política industrial que incentive a inovação, que o ano de 2022
possa representar a retomada da indústria e de forma responsável.
Matthias Schupp -
CEO da Neodent e EVP do Grupo Straumann da América Latina
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