Em tempos de final de ano, o amor convocou todos os sentimentos para
juntos decidirem como cada um iria participar dos festejos.Divulgação/Freepik
De pronto a alegria se declarou companheira da
felicidade. Até porque, juntas, alegram os corações e iluminam os sorrisos.
— “Ah! Ah! Ah!” — diversas gargalhadas podiam ser
ouvidas ao longe. Era a vaidade debochando da alegria e da felicidade, no
instante em que se declarava parceira da arrogância.
A discórdia rapidamente convidou a desarmonia,
muito amiga da raiva que já tinha se acertado com o pessimismo. Resolveram
formar um quarteto.
A tristeza se uniu à solidão, a compaixão ao
perdão, a saudade à nostalgia e a frustração ao mau-humor. E, assim, os
sentimentos foram se unindo.
O aconchego se uniu ao carinho, a amizade à
generosidade, a angústia à ansiedade, o apego à carência, o desânimo ao
desgosto, o egoísmo ao orgulho, a esperança à fé, a humilhação à vingança, a
paixão à união, a piedade à solidariedade, a timidez à vergonha e tantos outros
se uniram.
Pouco a pouco, foram formando duplas, trios, quartetos,
etc. Estava um verdadeiro alvoroço, todos buscavam companhia.
Todavia, como sempre há o estraga-prazeres, a
indiferença, contrariando o grupo, se recusava a ir com quem quer que fosse.
Afinal, a indiferença é o único sentimento que verdadeiramente não aceita
nenhum vínculo. Assim, criou-se um impasse a ser resolvido pela conciliação e
sabedoria que, após muito sentir, concluíram que a indiferença poderia, sim, ir
sozinha, afinal, se ela não era capaz de se vincular a ninguém, deveria ser
respeitada na sua forma de ser. Contudo, receosas de que ela mais uma vez
pudesse ser um estraga-prazeres, foi imposta uma condição:
“ — Você pode ir só, desde que permaneça o tempo
todo voltado para o celular e não converse com ninguém”.
A indiferença, demonstrando indiferença, aceitou a
condição.
Então, quando nos festejos de final de ano você
encontrar pessoas esperançosas, sorridentes e alegres; apaixonadas, unidas e
solidárias; sem falar das que estão se sentindo tristes, solitárias e
desanimadas; e, ainda, as que estão mal-humoradas, raivosas e indiferentes ao
celular; lembre-se de que elas, assim como todas as demais, estão tocadas pelos
sentimentos convocados pelo amor. O sentimento que está sempre pronto a acolher
todos para, assim, colorir a magia da confraternização.
Boas Festas e um Feliz Ano Novo!
Beatriz Breves - psicóloga, escritora, bacharel e
licenciada em Física. Presidente, membro efetivo e fundador da Sociedade da
Ciência do Sentir (SoCis).
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