Uma das ferramentas mais poderosas e utilizadas na comunicação é a escrita e saber escrever, na realidade, passa por alguns fundamentos importantes. Em primeiro lugar, é preciso ter clareza quanto à abordagem que deve ser usada em cada canal: e-mail, mensagens por aplicativo, relatórios, artigos, textos jornalísticos e cartas, por exemplo, precisam ser escritos de maneiras diferentes para transmitirem a mensagem desejada.
Para além disso, existem três mitos que fundamentalmente
rondam a competência de escrever e que mais atrapalham que ajudam. O primeiro é
achar que a gramática correta, por si só, garante um bom texto. É claro que
conhecer as regras gramaticais é importante, mas isso não é suficiente para que
a escrita seja clara e concisa. Há textos que são gramaticalmente corretos mas
que não têm clareza e, portanto, não atingem o seu objetivo.
Outro mito é em relação ao domínio do conteúdo. Muitas
pessoas pensam que saber muito sobre o assunto garante uma boa escrita e isso é
algo que herdamos dos tempos de escola, em que as aulas de redação são focadas,
muitas vezes, no desenvolvimento de temas. Argumentação, fundamentação, dados e
informações relevantes são o ponto de partida, mas só dominar o conteúdo não
necessariamente garante um texto de qualidade.
O terceiro é pensar que o texto é um produto acabado, que
quem escreve bem o faz de primeira e não precisa mexer mais no material. Na
verdade, é o contrário: quem domina a escrita faz, reformula, apaga, edita,
altera a ordem das palavras e dos parágrafos. Escrever bem, às vezes, é sobre
escrever páginas e depois apagar para fazer reformulações com o objetivo de
atender às necessidades daquela mensagem.
O texto é um processo, uma atividade verbal. Edições e
reformulações são essenciais para que ele fique a contento. Além disso, é
importante pensar no que o leitor espera e o que ele não espera ver no texto.
Um e-mail, por exemplo, não deve ser prolixo e conter muitas informações,
porque é um canal de comunicação rápida. O mesmo acontece com os aplicativos de
mensagens, que são mais interativos e, portanto, não devem ser usados para
textos longos.
Na linguística, o gênero é muito importante. Trata-se,
basicamente, de um termo técnico para falar sobre o que cada texto deve
contemplar. Além disso, textos têm movimentos e, para isso, o uso de algumas
técnicas é fundamental, como a inserção de pronomes, expressões e conectivos
para encadear as informações de forma que elas façam sentido.
De maneira geral, portanto, devemos encarar a comunicação
escrita de uma forma mais processual, como uma atividade interativa, que tem
uma expectativa em relação a quem vai receber a informação, além de levar em
conta as técnicas que têm a ver com os movimentos do texto. É importante
encarar dessa maneira e deixar de lado os mitos do texto muito gramatical,
muito conteudista ou como produto.
Vivian Rio Stella - Doutora em linguística pela Unicamp, com pós-doutorado pela
PUC-SP, especialista em comunicação e coordenadora do comitê de Comunicação
Digital da Aberje. Idealizadora da VRS Academy. Professora da Casa do Saber, da
Aberje e da Cásper Líbero. Começou a realizar textos e produzir materiais
didáticos e a dar curso sobre redação e e-mails. Por anos corrigiu redações da
Unicamp. Do mundo acadêmico queria migrar para o mundo corporativo e depois de
anos como consultora montou a VRS, que completa em 2021 oito anos, para
ministrar seus próprios cursos e empreender com liberdade.
VRS Academy
www.instagram.com/vrs_academy/
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