O impacto econômico da obesidade e do sobrepeso equivale a 1,8% do produto interno bruto (PIB) do Brasil e deverá atingir 3,8% da economia do país em 2060.
O cálculo foi apresentado em um relatório recente realizado pela RTI
International e Federação Internacional de Estudos da Obesidade (World Obesity
Federation), com contribuições da Universidade de Berkeley, na Califórnia.
O estudo avaliou o impacto econômico da obesidade e do sobrepeso, durante os
próximos 40 anos, em oito países: Espanha, Arábia Saudita, Índia, Tailândia,
Austrália, Brasil, África do Sul e México. "O impacto econômico e social
do sobrepeso e da obesidade é substancial para países com diferentes níveis de
renda", aponta o relatório.
Os países selecionados possuem variedade geográfica e diferentes níveis de
renda. Além disso, todos tinham estimativas anteriores para fins de comparação.
O estudo será expandido para incluir a maioria dos países ao redor do mundo em
2022.
"A obesidade é uma doença causada por vários fatores, incluindo
suscetibilidade genética, nutrição com alta densidade energética, baixa
atividade física e estresse. A obesidade também é um fator de risco para várias
outras doenças não transmissíveis (DNTs) como doenças cardiovasculares,
diabetes e câncer", explica o cirurgião do aparelho digestivo e
especialista no tratamento cirúrgico da obesidade, José Alfredo Sadowski.
As doenças relacionadas à obesidade são responsáveis por mais de 4,7 milhões de
mortes em todo o mundo a cada ano, metade das quais ocorrem entre pessoas com
menos de 70 anos de idade.
O relatório informa que a obesidade está aumentando em todos os países do
mundo, entre os anos de 1975 e 2016 e que - uma melhor compreensão das suas
consequências econômicas - pode ajudar a fortalecer e implementar políticas
públicas abrangentes e intersetoriais voltadas à prevenção, controle e
tratamento da obesidade.
"A pandemia da COVID-19 demonstrou que somos capazes de dar respostas
sociais e mundiais aos desafios da saúde quando há vontade política e quando recursos
são disponibilizados. O tempo de ação está passando e o problema aumenta cada
vez mais", reforça Sadowski.
Medidas - Entre as sugestões de medidas propostas no relatório, para
conter o avanço da obesidade nos países analisados, estão a restrição da
comercialização de alimentos e bebidas para crianças, a tributação diferenciada
de bebidas adoçadas com açúcar, a obrigatoriedade do valor calórico na
embalagem e limitação dos tamanhos das porções.
Outra medida seria a voltada aos governos e entidades formuladoras de políticas
públicas para que sejam adotados princípios rigorosos de engajamento para
evitar que interesses comerciais minem as metas de saúde. "As intervenções
para lidar com a obesidade exigirão uma abordagem de ‘todo o governo’ e ações de
vários setores para criar um ambiente mais saudável para a população", diz
o documento.
Perda de peso reduz gordura no fígado - Acaba de ser divulgado um estudo
recente, realizado nos Estados Unidos, e que comprovou a redução da gordura no
fígado em pacientes que passaram pela cirurgia bariátrica. O estudo
observacional analisou 1.100 pacientes, na Clínica Cleveland ao longo de 12
anos, e que tinham uma forma agressiva de doença hepática gordurosa.
Destes, 650 passaram pela cirurgia bariátrica. O resultado foi que, além da
perda de peso, 90% deles deixaram de tomar medicamentos para o o fígado devido
a remissão da doença.
Apenas cinco dos pacientes que passaram pela cirurgia bariátrica desenvolveram
posteriormente algum tipo de problema no fígado, se comparado com 40 dos 508
pacientes que não fizeram o procedimento. Os pesquisadores não identificaram
exatamente a relação causal na diminuição dos riscos de doenças graves do
fígado ou do coração nos procedimentos da perda de peso, mas constataram que
a cirurgia bariátrica pode fornecer benefícios à saúde além da perda de
peso.
"Concluímos que a cirurgia bariátrica, além de ajudar na perda de peso,
pode proteger o fígado", disse o cirurgião Ali Aminian, diretor do
Instituto Bariátrico e Metabólico da Clínica Cleveland e principal autor do
estudo
Os pacientes diagnosticados também apresentaram risco menor de doenças
cardiovasculares. Eles tinham 70% menos probabilidade de sofrer de derrame ou
insuficiência cardíaca ou morte de doença cardíaca, de
acordo com o estudo publicado no JAMA.
"O resultado da doença pós-cirúrgica foi o mais baixo que
vi em 30 anos de estudos, uma redução de 88% na progressão para doença hepática avançada — disse o médico Steven Nissen, diretor do
Instituto Vascular da Clínica Cleveland e autor sênior do estudo, durante
participação no XXI Congresso Brasileiro de Cirurgia Bariátrica e Metabólica,
realizado em São Paulo.
O cirurgião paranaense, José Alfredo Sadowski, reforça que não existem
medicamentos para a doença hepática gordurosa não-alcoólica. "Aconselhamos os
pacientes a perder peso e adotarem hábitos alimentares
mais saudáveis para reduzir a gordura e diminuir
a chance de inflamação e fibrose no fígado, um órgão
vital que transforma alimentos em nutrientes e filtra substâncias nocivas do
sangue", enfatiza.
Cerca de 100 milhões de adultos americanos são ultra obesos e cerca de 250
mil deles se submetem às operações bariátricas a cada ano. Mais de
40% dos adultos americanos lutam contra a obesidade. Cerca de 75% têm doença hepática
gordurosa não-alcoólica, que costuma ser uma condição silenciosa,
muitas vezes sem sintomas em suas fases iniciais.
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