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quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Cesáreas eletivas podem trazer riscos ao bebê

ONG Prematuridade.com alerta para a questão; situação é comum no fim do ano


Os bebês chamados “termo precoce”, nascidos entre a 37ª e a 38ª semanas gestacionais, muitos deles de cesáreas eletivas - quando não há indicação técnica para esse tipo de parto, podem apresentar resultados de saúde mais semelhantes aos nascidos prematuros.

 

De acordo com os dados analisados pela plataforma Valor Saúde Brasil by DRG Brasil®️ e que constam no Observatório da Prematuridade - documento produzido pela ONG Prematuridade.com -, dos recém-nascidos “termo precoce”, 29% necessitaram de internação hospitalar para tratamento de complicações perinatais, sendo que 21% foram admitidos em UTI, com tempo médio de permanência na unidade de 8,2 dias. O levantamento foi feito com base nas altas hospitalares codificadas pela plataforma Valor Saúde Brasil by DRG Brasil® no período de 1º de janeiro de 2019 a 30 de setembro de 2021. A análise constituiu uma população de aproximadamente 300.000 partos ocorridos em regime de internação hospitalar, tanto em instituições vinculadas ao SUS (Sistema Único de Saúde) quanto à Saúde Suplementar, distribuídas nas 5 regiões brasileiras, com concentração nas regiões sudeste, sul e centro-oeste.

 

“Altas taxas de cesáreas eletivas acabam ocasionando o nascimento não apenas de bebês prematuros, mas também dos chamados de termo precoce. Para essas crianças, trata-se de uma perda média de 10 dias de gestação em relação ao ciclo esperado de 280 dias. Isso impacta nas taxas de internação neonatal e ocorre também em locais onde há déficit de leitos”, fala a diretora executiva da ONG Prematuridade.com, Denise Suguitani.

 

Os dados levantados pelo Observatório da Prematuridade indicam que o Brasil tem 9.560 leitos de UTI neonatal, divididos entre tipo I, II e III, porém, nem todas as localidades possuem essa última (para bebês que necessitam de nível de atenção muito alto), como os estados do Acre, Amapá, Bahia, Maranhão, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima e Tocantins.

 

Ainda no estudo do DRG Brasil®️, que consta no Observatório da Prematuridade, foi apontado que, dos bebês “termo precoce” que necessitaram de cuidados da Unidade de Terapia Intensiva, 49% precisaram ser entubados e colocados em ventilação mecânica (VM) e, 20% destes, demandaram tempo de suporte ventilatório maior que 4 dias.

 

As informações mostram que esses bebês utilizaram 12% do total de dias das internações registradas por toda população neonatal nas UTIs. A taxa de mortalidade intrahospitalar foi de 3% e, dos que internaram em UTI neonatal, 6%.

 


Outras evidências

Um estudo liderado por pesquisadores do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia) e publicado em outubro deste ano na revista científica PLOS Medicine (EUA), apontou que a cesárea sem indicação é associada a risco 25% maior de mortalidade na infância. Pesquisadores brasileiros e do Reino Unido analisaram17 milhões de nascimentos ocorridos no Brasil entre 2012 e 2018. Já quando analisado os nascimentos de crianças com indicação médica, a cesárea foi associada com redução dos óbitos, “evidenciando a importância do procedimento quando devidamente indicada por um médico", ressaltou a Fiocruz.

 

Em 2018, a ANS (Agência Nacional de Saúde) chegou a fazer campanha, no início do mês de dezembro, após verificar que, sobre os partos realizados por beneficiárias de plano de saúde, há redução de cesarianas no final de dezembro e aumento no período anterior ao Natal, mostrando haver antecipação dos nascimentos que ocorreriam na época das festas de fim de ano. Os últimos dados mais atuais da ANS, referentes à 2019 e divulgados em outubro deste ano, apontam que, dos 287.166 partos realizados através de planos de saúde privados, 56,71% das cesáreas foram realizadas antes do início do trabalho de parto.

 

A diretora executiva da ONG Prematuridade.com lembra que o impacto do nascimento de um bebê prematuro vai muito além das sequelas de saúde que a situação pode causar para essa criança e do trauma psicológico que ela deixa para as famílias. “O parto que acontece antes das 37 semanas de gestação desencadeia um ciclo de eventos que afeta tanto o individual quanto o coletivo de uma sociedade, incluindo desde o vínculo afetivo entre mãe e filho, até os setores da Economia, da Saúde, da Cidadania e o mercado de trabalho.”


 

Sobre a ONG Prematuridade.com

A Associação Brasileira de Pais, Familiares, Amigos e Cuidadores de Bebês Prematuros – ONG Prematuridade.com, é a única organização sem fins lucrativos dedicada, em âmbito nacional, à prevenção da prematuridade, à educação continuada para profissionais de saúde e à defesa de políticas públicas voltadas aos interesses das famílias de bebês prematuros.

 

A ONG é referência para ações voltadas à prematuridade e representa o Brasil em iniciativas e redes globais que visam o cuidado à saúde materna e neonatal. A organização desenvolve ações políticas e sociais, bem como projetos em parceria com a iniciativa privada, tais como campanhas de conscientização, ações beneficentes, capacitação de profissionais de saúde, colaboração em pesquisas, aconselhamento jurídico e acolhimento às famílias, entre outras.

 

Atualmente, são cerca de 5 mil famílias cadastradas, mais de 180 voluntários em 22 estados brasileiros e um Conselho Científico Interdisciplinar de excelência. Mais informações: https://www.prematuridade.com/.


 

Observatório da Prematuridade - A ONG também produziu o Observatório da Prematuridade, documento desenvolvido com base nos dados coletados pela Numb3rs Analytics e nas altas hospitalares codificadas pela plataforma Valor Saúde Brasil by DRG Brasil® no período de 1º de janeiro de 2019 a 30 de setembro de 2021. O material reúne diversos cenários de todo o país, como números de partos por tipo (vaginal ou cesareana); quantidade de leitos de UTI neonatal; número de consultas de pré-natal realizadas; quantidade de pediatras por estado; faixa etária das mães (uma vez que complicações gestacionais e no parto representam a principal causa de morte entre meninas de 15 a 19 anos mundialmente, pois existe maior risco de problemas – entre os quais a prematuridade -, segundo a Organização Mundial da Saúde), entre outros.

O conteúdo completo está disponível no link https://prematuridade.com/_files/view.php/download/pasta/9/618d55b6235f1.pdf

 

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