A obesidade é uma doença crônica, caracterizada pelo acúmulo de gordura corporal, decorrente de um desequilíbrio entre o consumo alimentar e o gasto energético. Está associada a aspectos genéticos e alterações endócrinas e aumenta fatores de riscos como hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares, doenças articulares, entre outros1.
O excesso de peso é avaliado através de uma medida
chamada de índice de massa corporal (IMC), utilizada para identificar o padrão
de sobrepeso e obesidade pela fórmula IMC = peso (kg) x altura 2 (m), em que o
excesso de peso ocorre a partir de IMC > 25 kg/m2 (sobrepeso) e a obesidade
é classificada a partir de IMC acima de 30kg/m22.
Dados obtidos pela Pesquisa de Vigilância de Fatores de
Risco e Proteção para Doenças Crônicas por inquérito telefônico (Vigitel Brasil
2019) mostram que no Brasil o excesso de peso (IMC superior a 25 kg/m2) foi de
55,4% e 19,8% para obesos (IMC superior a 30kg/m2)3.
Entre os mais diversos tipos de tratamento como dietas e
medicamentos, a mudança no estilo de vida é fundamental para que ocorra a perda
de peso e sua manutenção junto com as práticas alimentares adequadas, por meio
do consumo de alimentos promotores de saciedade como ovo, são de suma
importância.
A ingestão de ovo no café da manhã em planos alimentares
com restrição calórica, sobretudo carboidratos, é uma estratégia interessante,
pois a proteína aumenta a saciedade e evita beliscos ao longo do dia4. Um
estudo realizado por Ratliff et al, aponta que o consumo de ovos no café da
manhã resulta em uma menor variação de glicose e insulina plasmática e apresenta
menores valores de grelina com redução de ingestão de alimentos5.
Entretanto, nem todos os pacientes têm sucesso na
modificação dos padrões alimentares e estilo de vida e a cirurgia bariátrica é
um recurso que pode melhorar a qualidade de vida do indivíduo.
Para a realização da cirurgia existe um caminho a ser
trilhado com a realização de exames, acompanhamento psicológico e nutricional,
esse último que oferece o suporte pré e pós-operatório. Nestas fases, o ovo é
um alimento bem-vindo porque é uma fonte de proteína de fácil digestibilidade,
tão importante no período pós-cirúrgico, principalmente nos primeiros quinze
dias, quando a dieta liquida é bem restritiva.
O consumo de sucos proteicos preparados com a clara do
ovo é uma forma de aumentar o aporte proteico nesta fase e a gema compõe a
preparação salgada na forma de sopas liquidas e coadas. O ovo é um alimento de
sabor neutro e pode ser facilmente incorporado às preparações a um custo muito
acessível.
A dica da nutricionista Rosana Rossi, especialista em
cirurgia bariátrica, é preparar um suco proteico com a clara de ovo cozida
batida com suco de maracujá. Já a gema na forma de farofinha, pode ser
adicionada ao caldo salgado sempre respeitando a textura que deve ser liquida e
coada. O consumo de 2 ovos diariamente fornece 12g de proteína, que somados a
outras fontes proteicas como leite e iogurte proporcionam a variação.
Passados 15 dias, uma nova textura passa a fazer parte da
alimentação do paciente e o ovo mexido é muito bem-vindo porque é um momento em
que o paciente já deseja mastigar alimentos sólidos. Por ser macio, de fácil
mastigação, deglutição e digestão, o ovo é uma ótima opção.
Além da proteína, esse alimento contém gorduras mono e
poliinsaturadas, vitaminas do complexo B, vitamina lipossolúveis, minerais e
carotenoides. O ovo é prático, de baixo custo e faz parte do dia a dia do
paciente.
Lúcia Endriukaite - Nutricionista do
Instituto Ovos Brasil.
Referências
1 - www.abeso.org.br
2 - World Health Organization
(WHO) Obesity and overweight (who.int)
3 - Brasil. Ministério da Saúde.
Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise em Saúde e
Vigilância de Doenças Não Transmissíveis. Vigitel Brasil 2019: vigilância de
fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico:
estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de
risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros
e no Distrito Federal em 2019 [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde,
Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Análise em Saúde e
Vigilância de Doenças não Transmissíveis. – Brasília: Ministério da Saúde, 2020
4- Vander Wal JS, Gupta A.,
Khosla P., Dhurandhar NV. O café da manhã com ovo aumenta a perda de
peso. Int J Obes (Lond). 2008; 32 (10): 1545-1551. doi: 10.1038
/ ijo.2008.130
5- Ratliff J, Leite JO, de Ogburn R, Puglisi MJ, VanHeest J, Fernandez
ML. Consuming eggs for breakfast influences plasma glucose and ghrelin,
while reducing energy intake during the next 24 hours in adult men. Nutr
Res. 2010 Feb;30(2):96-103. doi: 10.1016/j.nutres.2010.01.002. PMID: 20226994
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