Compartilho a história de uma paciente que me deixou muito triste, para quem sabe inspirar outras mulheres a não se pautarem pelas palavras dos companheiros.
Um dia, atendi uma paciente cuja história me abalou
profundamente. Não foi a primeira, e infelizmente não será a última vez, mas a
cada dia que passa, sinto a necessidade de dizer algo a vocês, mulheres para
que compreendam o significado deste texto.
Essa paciente ouviu de seu parceiro uma crítica
sobre seu corpo, feita há anos. Foi algo baixo, sujo, que mexeu profundamente
com sua autoimagem. E, embora tenha pedido o divórcio após o ocorrido, ela
acreditou nele e carregou aquela frase como uma verdade. Criou um mundo em que
se martirizava e se culpava por ter aquele problema apontado pelo ex. Nunca
mais teve outro parceiro.
Dez anos se passaram — DEZ ANOS — e ela teve
coragem de pedir ajuda e conversar com um médico para lhe operar e retirar de
vez aquele mal. Procurou-me já questionando sobre o valor da cirurgia para
resolvê-lo (não havia nenhuma outra queixa). Teve vergonha em deixar que eu a
examinasse e qual foi minha surpresa quando constatei que seu corpo estava…
normal!
Ela contestou. Não acreditou no que eu lhe dissera.
Já tinha enraizado aquele “defeito” em sua mente e não me ouviu ao dizer que
nada havia de diferente ali, nada diferente de outras mulheres. Pedi que me
mostrasse onde estava o que a incomodava, que me apontasse com o dedo. Ela não
conseguia identificar o local do problema, mas estava certa de tê-lo, porque o
ex-marido lhe contara.
Ela não tinha nada. Pedi para que me contasse como
foi o ocorrido e percebemos que o marido se utilizou de uma mentira para
chantageá-la. Fato: ela não tinha nada. Foram anos de escravidão em uma
chantagem emocional.
Chorou de alegria quando entendeu que sempre
estivera completamente sã. Rindo, comentou que até já tinha pedido dinheiro
para os filhos para ser operada!
Não contarei qual o problema dela, mas exemplifico:
mulheres, não deixem que o parceiro as pressione a ter relação sexual (de
qualquer tipo). E quando o sexo for espontâneo, usem camisinha. Eles usam o
amor como argumento para uma eventual não proteção, mas lembrem-se que quem
ama, cuida.
Seu corpo, suas regras
Não deixem de usar aquela roupa, acessório,
maquiagem, penteado ou sapatos por objeção dele.
Mulheres, não deixem que falem mal do seu corpo, do
seu peso, da sua altura. Não deixem que lhes agridam com frases sobre qualquer
parte dele: culote, bunda, peito ou cabelos.
Cada mulher tem uma vagina diferente. A sua vagina
pode ser rosa, castanha, escura, peluda, desproporcional, enrugada, fechada,
larga… Só você tem o direito de não gostar dela. E se isso acontecer, procure
ajuda.
Não se deixem intimidar quando questionarem sobre
quando virá namoro, casamento, filho.
Sei que as mulheres muitas vezes são guiadas pela
emoção, mas não é razão que eu peço. O que peço é que se guiem pelo amor – o
amor-próprio!
Aceitem apenas críticas construtivas e elogios.
Comentários desnecessários atrapalham anos da sua vida, jogue-os fora. Peguem
os comentários feitos sobre vocês e passem por um filtro para entender o quão
verdadeiro é aquilo. Se ainda assim, achar que o problema é mesmo em você, ouça
uma segunda opinião. E peça opiniões de outras mulheres. Não se prendam a
valores que não são seus.
Dr. Rodrigo Ferrarese - especialista é formado pela Universidade São
Francisco, em Bragança Paulista. Fez residência médica em São Paulo, em
ginecologia e obstetrícia no Hospital do Servidor Público Estadual. Atua em
cirurgias ginecológicas, cirurgias vaginais, uroginecologia, videocirurgias,
cistos, endometriose, histeroscopias, pólipos, miomas, doenças do trato genital
inferior (HPV), estética genital (laser, radiofrequência, peeling,
ninfoplastia), uroginecologia (bexiga caída, prolapso genital, incontinência
urinaria) e hormonal (implantes hormonais, chip de beleza, menstruação,
pílulas, DIU...). Mais informações podem ser obtidas pelo perfil
@dr.rodrigoferrarese ou pelo site https://drrodrigoferrarese.com.br/
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