Sintomas como sede e fome fora do normal,
além do aumento da produção de urina, podem ser sinais da doença, alerta
especialista do Hospital Pequeno PríncipeOs níveis de glicose precisam ser controlados quando se tem o diagnóstico de diabetes – Foto: Camila Hampf
“Quando saíamos, ela começou a mostrar um cansaço fora do normal: pedia colo toda hora, além de sentir muita sede e precisar fazer xixi toda hora”, conta Jacira Gusso, mãe da Giovanna, diagnosticada com diabetes tipo 1 quando tinha 6 anos. Desde então, a menina trata a doença com cuidado na dieta, medição de glicemia e aplicação de insulina. “A Giovanna não tinha uma alimentação ruim: já comia frutas e verduras no dia a dia. No início tiramos os sucos, pois ela gostava muito; hoje toma pouco, e nos adaptamos com os integrais no dia a dia. Aos 17 anos, ela vive como qualquer pessoa que cuida da saúde: não exagera em absolutamente nada, descarta frituras, refrigerantes e guloseimas. Gosta de massas, mas come com moderação”, detalha a mãe da adolescente.
“Os
sintomas mais expressivos do diabetes tipo 1 são muita sede, chamada de
polidipsia, além de aumento na produção de urina e também apetite em excesso”,
explica Gabriela Kraemer, responsável pelo Serviço de Endocrinologia do
Hospital Pequeno Príncipe. “Algumas crianças podem, ainda, ter dores
abdominais, cansaço e tontura. Se estes sinais aparecerem, é importante
consultar um médico e fazer exames de sangue”, alerta a especialista.
Há
vários tipos de diabetes, mas o tipo 2 e o tipo 1 são os mais comuns. O
primeiro é causado por hábitos alimentares inadequados; e o segundo, que
aparece na maior parte dos diagnósticos da doença em crianças, tem causas
genéticas. “O diabetes é uma doença autoimune: o organismo combate a produção
de insulina, que é um hormônio que ajuda o corpo a aproveitar a glicose. Quando
isso não acontece, o resultado pode ser a hiperglicemia”, esclarece Kraemer.
Estela
Mendes Alberti sabe bem o que é isso, pois foi durante uma crise de excesso de
açúcar no sangue que ela soube que tinha a doença. “Eu tinha 11 anos e, num
primeiro momento, a médica não pensou que pudesse ser diabetes. Só na
sequência, após ingerir uma quantia considerável de açúcar, é que o diagnóstico
veio”, relata a professora, que hoje tem 28 anos e faz acompanhamento com a
Dra. Gabriela Kraemer desde então. “Na época, eu precisava levar uma lancheira
para a escola e também para passeios. Conviver com essas restrições, há 17
anos, não foi fácil. Mas, com o passar do tempo, tudo foi se tornando parte da
rotina”, relembra Estela. Nestas quase duas décadas após o diagnóstico, ela tem
muitas histórias para contar. “Tive apoio dos colegas da escola, dos meus pais:
todos acabavam adequando a alimentação para me ajudar. Minha família, até hoje,
consome produtos dietéticos e só usa adoçante”, conta.
Medir a glicose com aparelhos específicos é parte da rotina dos diabéticos – Foto: Camila Hampf |
“Agora, o mercado para diabéticos é mais acessível, tanto na quantidade de produtos quanto de informação. Isso ajuda a gente a lidar bem com a doença”, conclui Estela. “Costumo dizer que eu quero morrer com diabetes e não morrer de diabetes”, declara. Para a Jacira, que convive com o diagnóstico da filha há mais de dez anos, as informações foram fundamentais. “A Giovanna foi internada no Hospital Pequeno Príncipe e acompanhada pela Dra. Gabriela Kraemer, que nos orientou, explicou tudo que estava acontecendo. Com certeza essa atitude fez toda a diferença em nossas vidas”, finaliza.
Os
números do diabetes no Brasil e no mundo
De
acordo com os dados mais recentes divulgados pela Federação Internacional de
Diabetes (IDF, sigla em inglês), a doença aumentou quase 16% de 2019 para 2021,
entre pessoas de 20 a 79 anos: de 463 milhões de diagnosticados, o número
saltou para 537 milhões. Isso significa que um em cada dez adultos desenvolveu
o diabetes.
Os
números mais recentes da doença no Brasil, entre crianças e adolescentes, são
de 2019. Segundo a nona edição do Atlas da Diabetes, 95.500 meninos e meninas
com menos de 20 anos foram diagnosticados com o diabetes no país. No ranking
global, o Brasil é o terceiro no mundo com mais casos nessa faixa etária: só
perde para Estados Unidos e Índia.
O
Dia Mundial do Diabetes é lembrado em 14 de novembro. A data foi criada em 1991
pela IDF junto com a Organização Mundial da Saúde (OMS) para abordar os efeitos
da doença na saúde da população.
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