Com
mais de 14 mil respondentes em 25 países, a pesquisa trouxe dados sobre a
preocupação com a saúde mental, liderança e organização do trabalho
A pandemia adiantou
tendências, acelerou a transformação digital e mostrou que, sim, é possível ser
produtivo no trabalho remoto. Uma pesquisa global realizada pela Adecco,
multinacional de recursos humanos presente em 60 países, mostrou que a união entre o conforto
do trabalho em casa e a convivência com colegas de equipe é o que grande parte
dos colaboradores espera do futuro do trabalho, ou seja, o modelo híbrido está
consolidado como opção real no formato de trabalho para cerca de 71% dos
respondentes do estudo.
Com 14.800 pessoas
entrevistadas em 25 países, incluindo o Brasil, o estudo também fez uma análise
considerando todos os entrevistados e incluiu quem não teve a experiência do
remoto e como resultado geral, as pessoas querem passar 53% da semana trabalhando
de forma remota, após a pandemia, e 47% do tempo no escritório. Já quando
analisado por geração, 56% dos nascidos entre 1995 e 2010, os famosos gerações
Z, preferem passar a maior parte da semana no escritório, o que mostra
necessidade de socialização com o colega. Já os nascidos em meados dos anos
1960, os conhecidos como Baby Boomers, querem ter 44% do seu tempo trabalhando
na empresa.
Para o diretor geral
da Adecco Brasil, André Vicente: "os jovens, em sua maioria que estão no
começo da carreira, sentem mais falta da socialização, do dia a dia de
observação do trabalho dos colegas e líderes, para aprender mais e poder criar
conexões, o que explica essa necessidade de estar no escritório mais tempo do
que os profissionais experientes, que já possuem, em sua maioria, um ritmo de
trabalho estabelecido".
Ainda falando sobre
traços geracionais, mas agora, citando as prioridades da vida profissional de
cada geração, a geração Z, se atrai por um bom salário, por empresas que tenham
cultura corporativa forte e engajada e gosta de se sentir confiável para fazer
suas tarefas; os Baby Boomers têm como prioridade a flexibilidade sobre as
horas de trabalho, ser capaz de manter um bom equilíbrio entre vida pessoal e
trabalho e também um bom salário; já os famosos Millennials, nascidos até 1990,
têm como principal foco sentir que seu emprego está seguro, também ter
flexibilidade sobre horas de trabalho e um bom salário.
A pesquisa trouxe
resultados analisando o ambiente de trabalho em casa e do total dos mais de 14
mil respondentes, 71% afirmam terem encontrado um espaço organizado para se
dedicar ao trabalho. O destaque vai para países como Estados Unidos, Austrália
e Brasil que a média gira em 80%. André comenta que esse número alto é
consequência de muitas empresas que ofereceram suporte aos seus colaboradores.
"No começo da pandemia, havia muito preconceito em torno do sistema remoto
de trabalho e como as pessoas iriam performar, mas passando o susto inicial,
foi-se entendendo que o colaborador ganhou agilidade e soube criar seu espaço
dentro de casa e com isso as empresas começaram a incorporar benefícios de
ajuda aos colaboradores como envio de computadores, cadeiras, material de
escritório, entre outros, contribuindo ainda mais com nessa dinâmica de organização",
comenta.
Saúde mental como
protagonista
Outro ponto debatido
no estudo foi a saúde mental em consequência da pandemia do coronavírus. A
síndrome de burnout ganhou ainda mais espaço, pois no começo houve uma
dificuldade em organizar a rotina para manter a produtividade, o que levou a
mais horas de trabalho. A Adecco mostrou que houve um aumento de 14% na jornada
de trabalho desde o início da pandemia e 63% dos respondentes afirmam que
tiveram sua carga horária de trabalho aumentada em mais de 40 horas semanais no
último ano. Já quando falamos em sentirem uma piora na saúde mental, 33% dos
participantes admitem que sentiram uma piora na saúde emocional nos últimos 12
meses. No Brasil, sobe para 43% dos respondentes.
O diretor-geral da
Adecco comenta que os números altos refletem o desafio de equilibrar vida
pessoal com profissional. "Nossos dados escancaram um problema que é a
dificuldade em lidar com a disponibilidade 100%. Com tudo girando no meio
online, é difícil colocar barreiras e saber a hora de parar de trabalhar para
aproveitar a vida pessoal." Questionados sobre a síndrome de burnout, 40%
dos respondentes de todo os 25 países admitem se preocupar com isso.
Liderança
Gestão de times com
novas formas de trabalho e as expectativas em relação à performance diante da
crise foi um tema perguntado aos participantes do estudo. Há um abismo de
habilidades sociais diante dos desafios da gestão. A liderança, desenvolvimento
e aprimoramento de performance precisaram ser conectados com uma gestão da inteligência
emocional, principalmente por parte dos líderes.
Quando o estudo
analisa as relações entre colaborador e gestão, houve uma piora global. Cerca
de 33% dos respondentes que não têm cargos de gestão sentem que estão recebendo
o devido reconhecimento por parte de seus chefes; 45% dos não gerentes sentem
que seu relacionamento com líderes é bom. No Brasil, a confiança na liderança é
especialmente alta, indo na contramão do restante do mundo.
Porém, cerca de 74%
dos pesquisados afirma que é importante ter gerentes que promovam a cultura de
equipe. Porém, dos que não têm cargos de gestão, apenas 37% dos respondentes
sentem que seus líderes estão conseguindo encorajar um bom trabalho, um
ambiente engajado e uma cultura colaborativa.
André finaliza falando
que o estudo tem o intuito de mostrar como os países ao redor do mundo se
adaptaram ao novo modelo de trabalho. "A Adecco tem como objetivo mostrar
para líderes, empresas e profissionais de RH que a preocupação com o dia a dia
na sua empresa deve ser constante", finaliza.
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