Neste Dia do
Médico, conversamos com profissionais que vivenciam a medicina com alegria e
dedicação, apesar dos desafios da pandemia de Covid-19
O
amor e a medicina caminham de mãos dadas. Essa é a perspectiva de muitas
crianças e jovens que sonham em dedicar suas vidas a cuidar de outras pessoas.
E a experiência diária de médicos que encaram a rotina em consultórios e
hospitais já há alguns anos. Como é o caso da Dra. Vivian Milani, radiologista
com especialização em mama da Fundação Instituto de
Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem (Fidi), responsável por gerir sistemas de diagnóstico por imagem
na rede pública de saúde.
“Quando
o paciente está seguro e feliz, ele é capaz de melhorar o seu sistema
imunológico”, observa Vivian. E a médica tem razão. Estudos de função
imunológica, conhecidos como psiconeuroimunologia, constataram que a proteção
do corpo está diretamente ligada a fatores psicossociais. Mas, muito além dos
benefícios clínicos, olhar para o paciente com empatia e desejar oferecer a ele
melhor qualidade de vida são traços fundamentais para quem pretende dar seus
passos na medicina.
Não
à toa o Dr. João Henrique Kolling, médico de família, presidente da Associação Gaúcha de
Medicina de Família e Comunidade, e membro da Doctoralia,
escolheu a especialidade na qual atua. “A Medicina de Família e Comunidade
permite acompanhar o paciente ao longo de sua vida, estabelecendo um vínculo
médico-paciente muito forte. A possibilidade de atender crianças e adultos,
fazer o pré-natal e acompanhar uma pessoa no fim de sua vida, por vezes em
visitas domiciliares, é muito recompensadora”.
A
relação médico-paciente, inclusive, pode ser vista por muitos como meramente
condicionada a ocasiões de diagnósticos de doenças, mas fazê-la progredir para
um vínculo de confiança e carinho também está entre os requisitos do bom
médico.
“Alguns
pacientes precisam simplesmente de alguém que os ouça com atenção e os trate
com carinho. Muitas vezes precisamos cuidar do outro da melhor forma, mesmo
quando não estamos nos nossos melhores momentos”, pondera o Dr. Bernardo Noya,
cardiologista do Hcor – hospital multiespecialista em São Paulo.
Ao
que é complementado por Kolling, “a medicina ensina a nos colocarmos no lugar
dos outros e aprender com a experiência dos outros”.
E os
aprendizados dos últimos anos foram intensos. Quando a pandemia de Covid-19
bateu à porta, em março de 2020, o medo do contágio pelo vírus e da transmissão
a familiares acometeu, sobretudo, os profissionais de saúde. Médicos das mais
diversas especialidades se viram imersos em uma nova realidade, ainda mais
exaustiva e de inseguranças.
Mas
o cenário tinha outro impacto preocupante além da Covid-19: o descuido de seus
pacientes em relação às outras patologias. “Nosso maior desafio foi fazer com
que as pessoas que estavam em tratamento antes, voltassem a se tratar, e também
a retomada dos exames de rotina, porque o diagnóstico precoce é a chave para a
maior chance de cura de muitos diagnósticos, inclusive os de câncer”, relembra
Vivian.
Já
no último trimestre de 2021, com o avanço da vacinação em todo o Brasil, o
desafio da retomada ainda é real e algumas doenças passarão por um pico
preocupante de diagnósticos avançados ou tardios. “O número de pacientes que
apresentam alterações palpáveis de nódulos mamários aumentou e,
consequentemente, o número de casos, por não terem sido diagnosticados com
rastreamento precoce”.
Apesar
disso, a expectativa dos três para o futuro é otimista. Para Noya, a pandemia
mostrou que as pessoas mais saudáveis e mais bem cuidadas têm maior capacidade
de resistir a doenças inesperadas, como a Covid-19. Por isso, as pessoas devem
começar a se cuidar mais e ter um melhor acompanhamento da saúde, para, assim,
estarem mais saudáveis. “Acredito que tenhamos oportunidade de fazer mais
promoção de saúde e menos tratamento de doenças já existentes”.
E,
como futuro e tecnologia são termos complementares, na medicina a realidade não
seria diferente. A telemedicina, por exemplo, é vista com bons olhos pelos
profissionais, mesmo com algumas ressalvas. “Já atendi pacientes no Brasil
inteiro com a telemedicina e é possível fazer. Na minha visão, ela é
superimportante e veio para ficar. Acho que com o tempo, os atendimentos vão
melhorar e eles serão utilizados cada vez mais”, prevê a radiologista da Fidi.
“Temos
que avançar ainda na validação e disseminação de recursos de exame físico
remoto e na definição de critérios que determinem a necessidade do cuidado
presencial, mas, em 2 anos, se desenvolveu uma gama de experiências que
demonstram como essa ferramenta pode aumentar o acesso, facilitar o contato dos
profissionais e pacientes”, defende Kolling.
Além
dos teleatendimentos, outras novidades tecnológicas são aguardadas para
beneficiar pacientes em tratamentos e diagnósticos. Sem substituir, é claro, o
olhar nos olhos, a escuta atenta e o amor, que humanizam e fazem valer a
verdadeira medicina.
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