Apaixonada pela história e a
delicadeza das peças para decoração de paredes, arquiteta Marina Carvalho
aborda a tradição, dá dicas e inspira com seus projetos
No espaço da bancada que foi reservada para as refeições do dia a
dia dos moradores, a arquiteta Marina Carvalho apostou na sutileza dos pratos
decorados para compor a parede que foi revestida com a leveza dos formatos hexagonais
|Fotos: Evelyn Müller
Além da ser um item essencial para as refeições, a versatilidade
da decoração de interiores explora uma outra função muito interessante para os
pratos: protagonizar a composição de paredes, trazendo charme, graça e o afeto
que imediatamente nos remete às lembranças de uma casa de avó. E essa tradição
das louças, que se mantém mais viva que nunca, não está conectada somente ao
universo da cozinha. Pelo contrário! O carinho e a beleza da composição das
peças pode estar presente em vários ambientes das residências.
Mas eis que as dúvidas são guiadas por dois pontos principais:
como escolher e em quais paredes apostar no uso dos pratos no décor? Entusiasta
do uso do elemento, a arquiteta Marina Carvalho, à frente do escritório que
leva seu nome, explica como gosta de aplicar a louça nos seus projetos de
arquitetura e interiores. “Sempre digo que podemos trilhar por duas vertentes.
A primeira delas é criar essa atmosfera de uma casa que nos conecta às memórias
de nossas vidas e ao aconchego. Mas com a multifuncionalidade dos pratos,
podemos seguir por uma linha mais moderna, sofisticada e ao mesmo tempo clean.
Considero também uma boa alternativa para substituir os quadros”, comenta a
profissional.
A arquiteta ainda ressalta que hoje em dia é possível comprar o
prato que mais combina com o estilo decorativo do projeto – seja em lojas do
ramo ou pela internet –, ressignificar peças herdadas de família ou mesmo, o
próprio morador, realizar o desenho na louça seguindo o caminho do ‘faça você
mesmo’.
Leveza e ares de uma casa gostosa de se viver: à esquerda, no aparador da sala de jantar, o p&b dos pratos ressalta o floral e o mood ilustrativo. Já no espaço da parede que estaria vazio, ao lado da porta, a composição retrô com versões redondas e quadradas, nos conectam à atemporalidade da louça portuguesa com suas as estampas florais e azuis |Fotos: Evelyn Müller
Selecionando
os pratos
Para a escolha, é
importante pensar na composição que será elaborada, considerando a perspectiva
de misturar referências diferentes de tamanhos, formatos e desenhos, que vai
depender do gosto pessoal de cada um. Nesse processo de definição, pode-se
levar em conta a predileção por frases marcantes, paisagens, gravuras e traços
ligadas à uma cultura. A arquiteta Marina Carvalho revela que, nesse processo,
vale visitar as lojas ou conferir o e-commerce dos estabelecimentos para
selecionar as peças e produzir essa combinação. “Para não errar, o legal é
eleger uma referência visual, que pode ser de cor ou formato, para guiar esse
processo. Em um contexto de coleção, o décor da parede com pratos deve
transmitir uma harmonia visual muito aprazível”, ensina Marina
Composição
A disposição dos
pratos na parede também vai depender da criatividade do morador e do
profissional de arquitetura, mas algumas referências cooperam para que a
organização – simétrica ou assimétrica – revele um olhar que transmita o belo.
O primeiro passo é definir a parede e analisar se as peças farão sentido ao
estarem fixadas naquele local. “Na decoração, sempre precisamos avaliar se fará
sentido que o item fará sentido quando posicionado naquele lugar”, explica a
arquiteta.
Passando para a
parte prática, a simulação, tendo em vista as metragens de altura e largura,
auxilia para demarcar com exatidão o ponto de instalação de cada prato. Para
tanto, Marina sugere o exercício de montar o layout em outra superfície – do
chão ou em uma mesa grande –, para a sinergia de combinações alcançar o
resultado que agrade o morador. “A partir disso, minha dica é tirar uma foto
que ajudará a não esquecer e nortear o processo”, aconselha.
Outro jeito de
efetuar o arranjo da montagem é traçar o contorno dos pratos, com um lápis ou
caneta, em um papel pardo. Após projetar a forma de cada um, basta recortar e
colar na parede para visualizar a disposição, possibilitando uma ideia real de
como ficarão. Marina ainda ressalta que o ideal é não deixar um prato muito
distante do outro, uma vez que o sentido é evocar a união como um único
elemento, chamando a atenção como um todo. Se a parede não tiver nenhum móvel
encostado, o recomendado é deixar as louças a 1,70m de altura (entre o ponto
mais alto da produção até o piso).
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