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quarta-feira, 21 de julho de 2021

Confundida com obesidade ou alterações linfáticas, conheça a doença que causa “peso” nas pernas e acomete mulheres

A perda de mobilidade, aumento progressivo de gordura em determinadas regiões com o passar dos anos, dor nas pernas, braços ou quadris e dificuldades em eliminar a gordura mesmo com dieta e atividade física são alguns dos gatilhos do Lipedema;

 

Novo estudo publicado nos Estados Unidos revelou que 86% das mulheres ouvidas que optaram pelo tratamento cirúrgico tiveram sua qualidade de vida melhorada, com sensação de alívio do peso nas pernas, e diminuição de dor – algumas das principais queixas de quem sofre com a doença;

 

Cerca de 10% das mulheres em todo o mundo têm a doença e a grande maioria não sabe. No Brasil este número pode chegar a 5 milhões.

 

Instituto Lipedema Brasil, primeiro centro de referência da doença no país, foi criado para mudar esta realidade, informando a população sobre as causas e sintomas, além da importância do diagnóstico precoce; 




O Lipedema, doença causada pelo acúmulo de gordura nos braços, pernas e quadris, que provoca sofrimento físico e psicológico, pode acometer cerca de 5 milhões de mulheres no Brasil. Cerca de 10% das mulheres no mundo, segundo dados de uma entidade espanhola, têm a doença e a grande maioria não sabe.

É confundida muitas vezes com obesidade ou alterações linfáticas, por falta de conhecimento e de informação da classe médica, e atinge quase que exclusivamente o público feminino, pois está associado a um padrão hormonal feminino. 

 

Estudos sobre a doença – Um novo estudo sobre o Lipedema foi publicado nos Estados Unidos. O objetivo deste estudo foi coletar dados de mulheres com a doença, que foram submetidos ao tratamento cirúrgico para determinar se a qualidade de vida, a dor e outras medidas melhoraram após o procedimento. Para isso, foram ouvidas 148 mulheres e o resultado foi positivo. A qualidade de vida mudou para melhor em 84% das mulheres e a dor melhorou em 86% delas. A perda de peso ocorreu em todas as fases até três meses após a cirurgia.

 

Já no Brasil, um estudo da Faculdade Santa Marcelina traçou o perfil epidemiológico de pacientes com Lipedema e revelou que apenas 9% dos médicos consultados estavam aptos a fazer o diagnóstico da doença. O estudo observacional da doença analisou 106 mulheres, utilizando como norte um questionário aplicado às pacientes, com questões cujo objetivo foi analisar a trajetória terapêutica enfrentada por elas.  


A doença, que deverá ser incluída no próximo Código Internacional de Doenças (CID 11) apenas em 2022 - ainda é mal diagnosticada não só no Brasil, mas mundialmente. Ainda segundo o estudo brasileiro, apesar de grande parte das pacientes apresentarem um peso normal, o Lipedema foi confundido com obesidade em 75% das pacientes. Diante dessa realidade, o Instituto Lipedema Brasil (www.institutolipedemabrasil.com.br), o primeiro centro de referência da doença no país, foi criado para compartilhar informações, apresentar o Lipedema para a sociedade e mobilizar todas as mulheres.


Como identificar

Segundo o diretor do Instituto Lipedema Brasil e um dos pioneiros no tratamento de Lipedema no Brasil, dr. Fábio Kamamoto, as principais características do Lipedema, que possui quatro estágios, são: dores frequentes nas regiões das pernas, quadril, braços e antebraços, que ficam mais grossos e desproporcionais em comparação com o restante do corpo, no tornozelo parece que há um “garrote” e os joelhos perdem o contorno. “A mulher pode apresentar hematomas (ficar roxa) por qualquer movimento mais brusco. Isto acontece porque a doença provoca reação inflamatória em células de gordura nestas regiões”, comenta.

 

Gatilhos  É preciso identificar se a mulher tem algumas das características da doença para gerar pontos de atenção. Se há perda de mobilidade, aumento progressivo dessa gordura com o passar dos anos, se há dor em algumas das regiões-foco e dificuldades em eliminar a gordura mesmo com dieta e atividade física, é recomendado procurar ajuda médica, pois pode ser Lipedema. Um dos exames que facilitam o diagnóstico é a ressonância magnética, em que é possível observar o acúmulo de gordura ao redor dos músculos. 

 

Tipos de tratamento – Há dois tipos de tratamento para o Lipedema, o clínico e o cirúrgico. O clínico é composto por dieta anti-inflamatória (legumes, carnes, sem sódio e glúten ou bebidas alcóolicas); uso de plataforma vibratória, que diminui o inchaço nas regiões; drenagem linfática para tirar o excesso de líquido; e, por fim, a técnica de taping, aplicada por um fisioterapeuta para melhorar o desconforto. Estas ações amenizam os sintomas, mas não resolvem o problema da gordura nas regiões dos braços, pernas e quadril, pois não extrai as células doentes. Já o cirúrgico é feito com lipoaspiração e é definitiva. “Uma vez removida, esta gordura não volta mais, pois não há multiplicação dessas células. É possível remover por meio de lipoaspiração até 7% do peso corpóreo. Ou seja, um paciente de 100 quilos poderia remover até 7 litros de gordura”, ressalta dr. Kamamoto.

 


Importância da qualidade de vida - Para o dr. Kamamoto, antes de tratar o Lipedema, é importante que a mulher melhore sua qualidade de vida, por meio de atividades físicas regulares, mude hábitos que podem ser nocivos como bebidas alcóolicas, por exemplo, ter uma perspectiva positiva da vida e uma boa alimentação (tais como evitar consumo de glúten - trigo, alimentos processados ou açúcar). 


Após o tratamento – se a mulher optar pelo tratamento cirúrgico - com a sensação de alívio do peso nas pernas e melhora da mobilidade, tornar a realização de exercícios um hábito se torna mais fácil. “Com uma rotina de exercícios e uma dieta equilibrada, o ganho de massa muscular é visível. Procurar profissionais que possam auxiliar nesse processo é fundamental. O pós-operatório é tão importante quanto a cirurgia”, finaliza dr. Kamamoto.

 

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