A crise da Covid-19 colocou o tema saúde, definitivamente, na agenda das empresas. Saúde Ocupacional costuma estar sob o guarda-chuva de Recursos Humanos (RH), mas geralmente apenas para cumprir com as exigências legais. Ou seja, levar a cabo os exames admissionais, periódicos e de demissão, de uma maneira bem burocrática, fazendo apenas o mínimo necessário. E também por conta disso, os funcionários não costumam dar valor a estes momentos. No final das contas, todos perdem, porque seria a oportunidade de a empresa e o funcionário atuarem de forma preventiva no cuidado com a saúde. Para uma gestão mais estratégica da saúde dos colaboradores, se faz necessária uma parceria mais efetiva entre as áreas de Recursos Humanos e os médicos do trabalho.
Há empresas que, por
força da lei, precisam ter um corpo médico dedicado. Nestes casos, por que
não fazer o trabalho completo? Ter uma equipe que se dedique a atuar
preventivamente, com exames mais completos e acompanhamentos mais próximos?
Talvez porque estejamos educados a atuar apenas na doença. Nos últimos anos, o
tema saúde dentro das empresas tem ganhado relevância, mesmo antes da
pandemia, uma vez que estatísticas de instituições internacionais já vinham
apontando para uma aceleração de doenças mentais. Condições como burnout,
depressão, estresse e ansiedade, felizmente, estão sendo aos poucos
desestigmatizadas, e as pessoas estão falando mais abertamente a respeito. Ao
mesmo tempo, as empresas estão se dando conta de que o trabalho (tipo e
ritmo, convívio com colegas e chefes e outras situações) pode ser um dos
fatores que contribuem para estes distúrbios. Uma pesquisa recém-divulgada pela Fidelity and Business Group
on Health, feita com 166 grandes e médias empresas nos Estados Unidos,
mostrou que nove em cada dez empregadores pretendem aumentar seus programas
de bem-estar e saúde mental em 2021. Já está bem estabelecida a correlação
entre bem-estar e saúde no trabalho, produtividade e inovação. Estudos
acadêmicos deixam claro que empresas onde as pessoas se sentem bem alcançam
resultados superiores. Também podemos olhar para a saúde sob a perspectiva
financeira. Segundo
estudo publicado em 2017 pela Deloitte,
cada 1 Euro investido em saúde mental traz um retorno de 5 Euros para os
empregadores. Em um levantamento de
2021 sobre bem-estar financeiro, feito pela PwC nos Estados Unidos, quase
dois terços dos trabalhadores disseram que seu estresse financeiro aumentou
desde o início da pandemia. Os líderes de RH sabem que esta questão impacta
na saúde mental e uma forma de contrabalançar isso são as plataformas
digitais que educam e aconselham os colaboradores a manter as finanças em
ordem. Todos estes dados
internacionais nos fazem pensar: será que aqui no Brasil os empregadores já
se conscientizaram de que precisamos ir além da atuação na doença, e atuarmos
de forma efetiva em prevenção e saúde? E que as novíssimas plataformas
tecnológicas, como a HSPW (Health and Safe Place to Work, que acompanha a
saúde integral dos colaboradores), podem ser grandes aliadas? Como saúde é
integral, não pode haver saúde mental sem a física, financeira e
organizacional. Acredito que todos precisamos prestar mais atenção nisso. No Brasil, o seguro
saúde/ assistência médica ainda ocupa o lugar principal quando falamos de
benefícios em saúde para o colaborador. Ele é bastante valorizado mesmo entre
as populações mais jovens, sendo um fator importante de atração de talentos.
O que é diferente nesse momento é uma busca por mais flexibilidade no plano
de benefícios. Não existe um plano perfeito que atenda igualmente a todos.
Então, deve-se buscar soluções flexíveis que possam ser customizadas por cada
usuário. E, pela perspectiva da empresa, esta é a segunda linha de custo
administrada pelo RH. Se é assim, por que não fazer um bom trabalho na sua
gestão e realmente fazer a diferença na vida das pessoas com uma atuação mais
próxima e ampla? Empresas mais
humanizadas, que já entenderam que gente é realmente o seu principal ativo,
estão na vanguarda e já adotando estas novas tecnologias. Marcelo Nobrega -
Referência no setor de Recursos Humanos, o executivo reúne mais de 20 anos de
vivência na área, tendo ocupado cargos como Vice-Presidente de RH na TAM,
Diretor de RH na Arcos Dorados e Diretor de RH na Reckitt Benckiser.
Atualmente, é investidor e mentor de startups como a HSPW (Healthy and Safe Place to Work), onde é Conselheiro
para Inovação e Soluções em Recursos Humanos. Além disso, presta serviços de
desenvolvimento de liderança, treinamento corporativo e coaching de
desenvolvimento de carreira na aceleradora de pessoas Você Está Contratado!.
Graduado e com mestrado em Ciências da Computação pela Columbia University,
com doutorado em Engenharia Industrial pela UFRJ (Universidade Federal do Rio
de Janeiro) e MBAs em Finanças (IBMEC-RJ) e no setor de Óleo & Gás
(UFRJ), Marcelo ainda é certificado como coach pelo Teacher´s College da
Columbia University. https://www.linkedin.com/in/nobregamarcelo/. |
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terça-feira, 20 de julho de 2021
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