Fundadoras da ECMO Minas, duas médicas e uma enfermeira intensivistas que foram pioneiras na implantação em Belo Horizonte dessa terapia chamada de “pulmão artificial” explicam a necessidade de ter profissionais altamente qualificados para a efetividade do tratamento
Uma das estrelas no combate à Covid-19 por ajudar a resolver
situações de extrema gravidade, a ECMO – sigla em inglês para “Oxigenação por
Membrana Extracorpórea” – ganhou fama repentina no país. Técnica conhecida como
“pulmão artificial”, justamente por substituir as funções do órgão quando
necessário, a ECMO é um procedimento complexo, o que explica muitos dos seus
riscos.
Existem duas formas principais de fazer a ECMO. A forma
venovenosa, que substitui a função pulmonar, e a venoarterial, que substitui a
função cardiopulmonar. Uma cânula é introduzida na veia do paciente, o sangue é
drenado por essa cânula e impulsionado por uma bomba até a membrana que exerce
a função de "pulmão artificial". Nessa membrana, o sangue é
oxigenado, retira-se gás carbônico e esse sangue é devolvido em excelentes
condições ao paciente. O aparelho, no entanto, é apenas uma parte da
terapia.
“A ECMO não é simplesmente uma máquina. Seu principal diferencial
é humano e está na equipe que atua diretamente nos cuidados com o paciente. Em
um cenário ideal, atua no procedimento um time multidisciplinar e capacitado,
com cirurgiões cardíacos, médicos intensivistas, fisioterapeutas, enfermeiros e
acompanhamento 24 horas”, destaca a médica cardiologista e intensivista Marina
Pinheiro Rocha Fantini, especialista em ECMO pela ELSO (Extracorporeal Life
Support Organization), diretora da ECMO Minas.
O procedimento não pode ser indicado a qualquer paciente e o
preparo de um profissional de saúde com foco na terapia pode levar cerca de
três anos. “Definitivamente não é uma terapia para aventureiros”, alerta Dra.
Marina, ao lado das outras duas fundadoras da ECMO Minas, a médica Ana Luiza
Valle Martins e a enfermeira Izabela Cristina Fernandes Rodrigues, pioneiras
por terem participado da implantação, em 2019, do primeiro centro de tratamento
de ECMO em Belo Horizonte, no Hospital Mater Dei.
Hoje, no Brasil, existem 29 centros que se adequaram aos
protocolos da ELSO, entidade responsável por padronizar os procedimentos e
acompanhar as melhores práticas do uso da ECMO em todo mundo.
ECMO salva vidas além da pandemia
Criada nos EUA, há mais de 40 anos, a ECMO já era usada no Brasil
há alguns anos no apoio a cirurgias cardíacas e no atendimento a quadros graves,
em casos como pneumonia severa, aspiração de mecônio por bebês, infecções
pulmonares, asma e insuficiência respiratória.
No caso da Covid, é indicada a pacientes que tiveram o pulmão
acometido pela doença de forma muito grave e que apenas as medidas habituais de
CTI são insuficientes para o órgão funcionar normalmente. Os pulmões são
os órgãos mais atingidos pelo vírus e o equipamento dá suporte à função
pulmonar enquanto a doença é enfrentada, no momento em que a própria ventilação
mecânica já não produz o efeito desejado. Quando os profissionais de saúde
conseguem recuperar as funções normais do pulmão do paciente, o procedimento
pode ser encerrado.
Mini-bios
Dra. Marina Pinheiro Rocha Fantini - cardiologista e diretora da ECMO Minas. Cardiologista pediátrica, cardiointensivista e especialista em ECMO (Oxigenação por Membrana Extracorpórea) adulto e pediátrico pela ELSO (Extracorporeal Life Support Organization). É professora da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FCMMG), dirige a ECMO Minas e coordena os departamentos de Cardiologia Pediátrica e ECMO da Rede Mater Dei de Saúde, além do Centro ELSO de ECMO 814.
Dra Ana Luiza Valle Martins - médica intensivista e diretora
clínica da ECMO Minas. Médica clínica, intensivista e Research Fellow Hospital
Erasme Bruxelas-Bélgica, doutoranda do Departamento de Fisiologia e
Farmacologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Especialista em
ECMO (Oxigenação por Membrana Extracorpórea) adulto e pediátrico pela ELSO (Extracorporeal Life Support
Organization), é diretora clínica da ECMO Minas e atua nas UTIs do
Hospital Mater Dei e do Hospital Eduardo de Menezes (Rede Fhemig).
Izabela Cristina Fernandes Rodrigues - enfermeira especialista
em ECMO e coordenadora de Enfermagem da ECMO Minas. Enfermeira intensivista,
possui especialização em Auditoria na Área da Saúde pela rede de
ensino Albert Einstein e em ECMO (Oxigenação por Membrana Extracorpórea) adulto
e pediátrico pela ELSO (Extracorporeal
Life Support Organization). É enfermeira referência em ECMO da
equipe de enfermeiros da Rede Mater Dei de Saúde, responsável pelos
treinamentos e formação destes profissionais.
ECMO Minas
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