Não há mínima dúvida sobre a importância do Esporte para economia e para a vida das pessoas. Do lado psico-sociológico, o esporte representa para as pessoas: fuga psicológica da realidade/evasão psicológica; alternativa contra a saturação e mesmice rotineira; compensação aos fracassos e frustrações; extravasão de agressividade; alternativa para integração/projeção social. Todos esses atributos são ainda mais importantes num momento de restrição e isolamento das pessoas, por conta da pandemia.
No campo do marketing, o esporte também é uma
ferramenta poderosa. Que marcas não gostariam de se associar e absorver para si
atributos poderosos como: energia, vibração, diversão, juventude, descontração,
beleza, alegria, emoção, plasticidade, congraçamento, vitalidade, saúde,
superação, força, entretenimento? Quando o Brasil conquistou o direito de
sediar duas das maiores competições esportivas mundiais – Copa do Mudo de
Futebol, em 2014, e Olimpíadas, em 2016 – havia, portanto, a esperança de que
esses megaeventos fossem um catalisador da economia e da imagem do país,
catapultando-o à posição de um dos expoentes mundiais. Infelizmente, por
diversas razões, o Brasil não conseguiu se aproveitar do legado que tais
competições poderiam deixar para o desenvolvimento do país.
Pois bem, a polêmica agora é a intenção de sediar a
Copa América, já que os países o fariam – Argentina e Colômbia –, se declaram
sem condições. Num movimento com jeito de oportunismo, o país se apresenta como
opção. A CBF aceitou a incumbência e acionou o governo federal para encampar a
ideia. Como devemos analisar essa “oportunidade”? Sob a ótica da pandemia, as
contundentes críticas devem ser vistas com certa reserva. São apenas 10
equipes, que seriam divididas em diversas cidades-sede, o que diminuiria muito
os riscos de potencialização da contaminação. Além disso, seria condição sine
qua non que todos chegassem já vacinados, o que diminui ainda mais os riscos.
Não podemos nos esquecer que o Brasil vem realizando jogos do Brasileirão e da
Copa do Brasil, com um calendário bastante intenso. Seria, portanto, um tanto
quanto contraditório criticar a realização de um torneio que envolve 10
equipes, em sedes espalhadas.
Mas a análise mais importante não está no campo da
pandemia. Quais os benefícios reais que um torneio como esse traz ao país-sede?
Se houvesse a previsão de público nos estádios, teríamos a movimentação
econômica, advinda do turismo e dos gastos dos visitantes nas cidades-sede. Mas
isso não será possível. Também não haverá ativações de marcas de
patrocinadores, por conta das mesmas limitações. Restam então as transmissões
dos jogos. Mas essa movimentação já ocorre, independentemente do local-sede dos
jogos.
Então, qual a vantagem em trazer os jogos para o
Brasil? Seria uma cortina de fumaça para encobrir problemas muito mais graves
de um país que não consegue controlar a pandemia, o desmatamento e outras
mazelas? Seria uma forma de dar circo ao povo que carece de pão?
Alexis Pagliarini -
presidente executivo da AMPRO – Associação de Marketing Promocional / Live
Marketing.
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