Em pouco mais de 1 ano, “Faz o Bem Circular” já distribuiu 16 cadeiras em diversos estados brasileiros. Além dos equipamentos, projeto oferece dicas de cuidados para melhorar a qualidade de vida dos animais e apoio emocional para tutores
Imagine a seguinte cena:
um cachorro consegue escapar do petshop, corre para a rua assustado e bang! É
atropelado. Veterinário daqui, exame dali, vem o diagnóstico: o cachorro ficou
paraplégico. Ou ainda, tem aqueles tutores que descartam seus amigos de quatro
patas quando ficam velhos e com alguma dificuldade de locomoção. Seja por não
saber o que fazer ou pelo simples descaso, muitos tutores acabam decidindo pela
eutanásia do animal.
As situações descritas,
infelizmente, não são tão raras como gostaríamos. O que está mudando, no
entanto, é o resultado. Hoje, veterinários e tutores têm deixado de sacrificar
animais deficientes ou com dificuldades de locomoção. Terapias, tratamentos e
uma oferta maior de cadeiras de rodas desenvolvidas especialmente para os pets
estão fazendo com que os animais deficientes tenham cada vez mais longevidade e
qualidade de vida.
“O desenvolvimento
tecnológico das cadeiras de rodas para animais nos últimos anos foi muito
grande aqui no Brasil. Até pouco tempo, só tínhamos opções de equipamentos
artesanais, feitos com tubos de PVC adaptados, ou de material muito pesado.
Hoje, temos profissionais, como engenheiros, engajados no desenvolvimento de
cadeiras e até fabricantes com modelos impressos em 3D sob medida”, diz a
advogada Flavia Panella, idealizadora do projeto Faz o Bem Circular e tutora da
Olívia, uma cachorrinha paraplégica que faz sucesso no Instagram.
O custo de uma cadeira
de rodas especialmente desenvolvida para determinado animal não é baixo, muitas
vezes se tornando inacessível para muitos tutores. É neste momento que entra o
projeto. “Os pedidos de ajuda são constantes, mas também tem muita gente
querendo contribuir. O que eu faço é conectar essas pessoas. Recebo as doações
e encaminho para os animais que estão precisando, ou procuro cadeiras de porte
compatível em outros projetos parceiros, como Cão de Rodinhas e Amigos do
Chico, ambos de Curitiba-PR, e campanha #aishados, de Santos-SP. Essa rede, que
hoje chega a cerca de 500 pessoas e que chamamos carinhosamente de corrente do
bem, só vem crescendo”, diz a advogada.
Em pouco mais de um ano,
o Faz o Bem Circular já doou 16 cadeiras de rodas e diversos outros itens como
órteses, coletes para hidroterapia, fraldas e remédios nos estados de São
Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais,
Pernambuco, Goiás e Paraná. Além das doações, a tutora da Olivinha dá dicas de
cuidados como o esvaziamento da bexiga, evitar machucados devido à locomoção,
como o arrasto, e prevenir assaduras e escaras, entre outras. Ela também
participa de palestras sobre o tema, com foco na visibilidade da causa dos
animais deficientes. “Muitas vezes as pessoas não têm a mínima ideia de como
lidar com o animal com deficiência. Em muitos lugares nem veterinários estão
preparados”, diz Flavia, que também oferece apoio emocional a muitos tutores.
Histórias
de amor e superação
Com 16 cadeiras doadas
em 1 ano e 5 meses, o projeto Faz o Bem Circular coleciona não só boas ações,
mas também histórias emocionantes. A vira-latas idosa Laika foi uma das
beneficiadas pelo projeto em parceria com o projeto Cão de Rodinhas. Devido a
idade, a cachorrinha perdeu completamente a mobilidade das quatro patas, mas
não a altivez. Tutora da Laika, dona Lourdes, de 70 anos, também não conseguia
mais carregá-la. “Estava difícil, eu ficava triste mas não conseguia ajudá-la
mais. Só tenho a agradecer a todos do projeto” diz dona Lourdes.
A cadeira é de quatro
apoios, desenvolvida para animais que, como a Laika, não movimenta nenhum
membro. “A cadeirinha foi essencial para trazer mais qualidade de vida a Laika.
porque assim ela não fica o tempo todo deitada e pode auxiliar até na alimentação,
evitando que ela se engasgue, como em outros casos já relatados por tutores”,
diz Flavia Panella.
A Jujuba é outra que
está se adaptando muito bem a sua nova vida de “cãodeirante”. Vítima de
atropelamento, a vira-latas ficou paraplégica da cintura para baixo. “Tinha
muito medo dela ficar em depressão porque era uma cachorrinha muito ativa. Mas
só foi colocar ela na cadeirinha que ela saiu correndo de novo”, diz Gabriela
Gonçalves, tutora da Jujuba.
No mês passado, a
cadeira da Jujuba saiu de Curitiba via Correios até o bairro de Interlagos, em
São Paulo, e contou com o engajamento de várias pessoas. “A rede é assim, uma
doa a cadeira, outra posta no Correio, outro doa o frete, é uma ação que
mobiliza em média 5 a 7 pessoas”, diz Flavia.
Redes Sociais (Instagram):
@fazobemcircular
@oliviaderodinhas
@cao_de_rodinhas
@projetoamigosdochico
@aishafrenchie_giani
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