Sedentarismo, má alimentação e estresse são fatores importantes no desenvolvimento desta doença crônica, além de causas genéticas e hormonais
Dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) mostram que um a cada quatro brasileiros estão
obesos, sendo que 61,7% da população está acima do peso. Embora atualmente
existam muitas correntes em favor da aceitação do próprio corpo, não podemos
esquecer que, quando o assunto é obesidade, estamos falando de uma alteração no
organismo, uma doença crônica que pode trazer graves consequências se não for
combatida.
“Aceitar-se não é sinônimo de ter
saúde. São dois assuntos diferentes”, afirma Dra. Lívia Salomé, médica
especialista em Medicina do Estilo de Vida pela American College of Lifestyle
Medicine. A médica reforça que a obesidade no início da vida adulta é uma
preocupação da Organização Mundial de Saúde (OMS) porque isso, por si só, já abrevia
o tempo de vida. “Sem falar no risco potencializado de entrar em um quadro mais
grave ao contrair a Covid-19”, diz a especialista.
Atualmente, se fala muito em quebrar
padrões de beleza impostos ao longo do tempo, o que é muito positivo para
evitar
Segundo ela, é preciso lembrar que a
aceitação do corpo não significa estar com a saúde em dia. “São dois assuntos
diferentes. Independentemente de padrões estéticos, a obesidade pode
desencadear outros problemas de saúde”.
Dra. Livia esclarece que o acúmulo de
gordura no organismo aumenta o risco de doenças como hipertensão arterial,
aumento do colesterol e triglicérides, diabetes, apneia do sono, acúmulo de
gordura no fígado, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e também
pode desencadear alguns tipos de câncer. “Claro que estas doenças não são
exclusividade de pessoas obesas, mas estar com sobrepeso representa um
importante fator de risco para todas elas”, esclarece.
Os números do IBGE sobre os índices
de obesidade entre os brasileiros traduzem o comportamento da população durante
o isolamento. Entre os fatores que vêm colaborando para que as pessoas
ganhem peso, estão o sedentarismo e o estresse, que levam as pessoas a mudarem
os hábitos alimentares intuitivamente, muitas vezes descontando a ansiedade na
comida. “Ao passo em que comem mais, elas deixam de realizar atividades do dia
a dia ao ar livre, assim como os exercícios físicos, que são deixados em
segundo plano”, diz a médica.
Além disso, ela revela que a
obesidade também pode ter causas genéticas e hormonais, o que requer um
tratamento multidisciplinar, como propõe a Medicina do Estilo de Vida (MVE). “O
paciente precisa se conscientizar de que a obesidade é uma doença crônica e que
é necessário mudar completamente o estilo de vida para melhorar. É uma
transformação composta por muitas etapas, inclusive psicológica e emocional”,
afirma a Dra. Livia.
Ela ressalta que não existe fórmula
mágica capaz de garantir emagrecimento rápido e duradouro. “Normalmente, as
estratégias bruscas e imediatistas levam a um resultado que dificilmente será
mantido por um longo período”, informa a Dra. Livia.
Conforme a especialista, o melhor
caminho é realizar uma mudança geral no estilo de vida - especialmente sobre a
alimentação, exercícios físicos, equilíbrio mental e qualidade do sono. Outro
ponto importante é investigar possíveis causas da obesidade, como alterações
hormonais. “Desta forma, o médico especialista pode tomar as melhores decisões
para ajudar o paciente a se manter saudável e com mais qualidade de vida”,
finaliza a especialista.
Dra. Lívia
Salomé - Graduada pela Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), tem especialização em Clínica Médica e certificação em Medicina do
Estilo de Vida pelo American College of Lifestyle Medicine. Atualmente, é
vice-presidente da Regional Minas Gerais do Colégio Brasileiro de Medicina do
Estilo de Vida (CBMEV).
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