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quinta-feira, 8 de abril de 2021

Mais de um ano de pandemia. Quem está bem?

Há pouco mais de um ano atrás, nossas vidas foram atravessadas pela presença de uma ameaça desconhecida e invisível. Perdidos e desorientados, buscávamos sem sucesso alguma informação mais consistente que nos apontasse uma melhor maneira de combatermos esse mal. Mesmo agora, diante de todo o período transposto, não é incomum que continuemos inseguros ao enfrentar a falta de um direcionamento preciso.

Ao lidarmos com uma situação singular, tendemos a buscar referências anteriores que possam nos ajudar a balizar as novas experiências ou a seguir determinações provenientes daqueles que consideramos autoridades no assunto em questão. No entanto, enraíza-se no Brasil uma crescente polarização sobre os protocolos a serem seguidos na medida em que a pandemia se estende por um período continuado.

Sem uma sustentação prévia, tendemos a nos apoiar naqueles que julgamos possuir um maior domínio sobre o tema, por vezes, seguindo suas orientações de forma irrefletida. Nos comportamosassim, de um modo cada vez mais impessoal, nos distanciando muitas vezes da lógica, do bom senso e da coletividade ao buscarmos aplacar,a qualquer custo, a angústia que se potencializa em meio àquilo que não conseguimos controlar ou contornar.

Como decorrência direta, em nenhuma outra época os trabalhadores da área da saúde foram tão demandados. Se por um lado a procura pela prevenção, tratamento e cura do corpo seguem se intensificando, nunca se debateu tanto sobre saúde mental. Psicólogos e psiquiatras observam alarmados a avalanche aterradora de novos sintomas que emergem decorrentes do tempo prolongado de exposição à insegurança e ao medo.

Os profissionais desse campo estão exaustivamente se reinventando em busca de novos métodos e procedimentos que proporcionem alívio do sofrimento psíquico que se alastra velozmente. A atualização técnica que já era contínua, agora se torna ainda mais frequente e indispensável. Numa corrida contra o tempo, eles se renovam para atender não apenas às novas exigências que se instalam, como as tantas outras questões preexistentes.

Todos nós fomos atingidos, em algum grau, pelo Covid e não há possibilidade de passar intacto por tudo o que vem ocorrendo. Para tanto, estudiosos do psiquismo seguem se atualizando aprocura deferramentas que tornem esse período mais tolerável. Contudo, é preciso acolher a fala sobre saúde mental. Gritar por ela. Lutar pela nossa. É necessário que, cada vez mais, tomemos consciência de seu valor inestimável para a sustentação do nosso bem estar integral.

 



Bruna Richter - graduada em Psicologia pelo IBMR e em Ciências Biológicas pela UFRJ, pós graduanda no curso de Psicologia Positiva e em Psicologia Clínica, ambas pela PUC.     Escreveu os livros infantis: “A noite de Nina – Sobre a Solidão”, “A Música de Dentro – Sobre a Tristeza” e ” A Dúvida de Luca – Sobre o Medo”. A trilogia  versa sobre sentimentos difíceis de serem expressos pelas crianças – no intuito de facilitar o diálogo entre pais e filhos sobre afetos que não conseguem ser nomeados. Inventou também um folheto educativo para crianças relacionado à pandemia, chamado “De Carona no Corona”.  Bruna é ainda uma das fundadoras do Grupo Grão, projeto que surgiu com a mobilização voluntária em torno de pessoas socialmente vulneráveis, através de eventos lúdicos, buscando a livre expressão de sentimentos por meio da arte. Também formada em Artes Cênicas, pelo SATED, o que a ajuda a desenvolver esse trabalho de forma mais eficiente.


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