Há pouco mais de um ano atrás, nossas vidas foram atravessadas pela presença de uma ameaça desconhecida e invisível. Perdidos e desorientados, buscávamos sem sucesso alguma informação mais consistente que nos apontasse uma melhor maneira de combatermos esse mal. Mesmo agora, diante de todo o período transposto, não é incomum que continuemos inseguros ao enfrentar a falta de um direcionamento preciso.
Ao lidarmos com uma situação singular, tendemos a
buscar referências anteriores que possam nos ajudar a balizar as novas
experiências ou a seguir determinações provenientes daqueles que consideramos
autoridades no assunto em questão. No entanto, enraíza-se no Brasil uma
crescente polarização sobre os protocolos a serem seguidos na medida em que a
pandemia se estende por um período continuado.
Sem uma sustentação prévia, tendemos a nos apoiar naqueles
que julgamos possuir um maior domínio sobre o tema, por vezes, seguindo suas
orientações de forma irrefletida. Nos comportamosassim, de um modo cada vez
mais impessoal, nos distanciando muitas vezes da lógica, do bom senso e da
coletividade ao buscarmos aplacar,a qualquer custo, a angústia que se
potencializa em meio àquilo que não conseguimos controlar ou contornar.
Como decorrência direta, em nenhuma outra época os
trabalhadores da área da saúde foram tão demandados. Se por um lado a procura
pela prevenção, tratamento e cura do corpo seguem se intensificando, nunca se
debateu tanto sobre saúde mental. Psicólogos e psiquiatras observam alarmados a
avalanche aterradora de novos sintomas que emergem decorrentes do tempo
prolongado de exposição à insegurança e ao medo.
Os profissionais desse campo estão exaustivamente
se reinventando em busca de novos métodos e procedimentos que proporcionem
alívio do sofrimento psíquico que se alastra velozmente. A atualização técnica
que já era contínua, agora se torna ainda mais frequente e indispensável. Numa
corrida contra o tempo, eles se renovam para atender não apenas às novas
exigências que se instalam, como as tantas outras questões preexistentes.
Todos nós fomos atingidos, em algum grau, pelo
Covid e não há possibilidade de passar intacto por tudo o que vem ocorrendo.
Para tanto, estudiosos do psiquismo seguem se atualizando aprocura
deferramentas que tornem esse período mais tolerável. Contudo, é preciso
acolher a fala sobre saúde mental. Gritar por ela. Lutar pela nossa. É
necessário que, cada vez mais, tomemos consciência de seu valor inestimável
para a sustentação do nosso bem estar integral.
Bruna Richter - graduada em Psicologia pelo IBMR e
em Ciências Biológicas pela UFRJ, pós graduanda no curso de Psicologia Positiva
e em Psicologia Clínica, ambas pela PUC. Escreveu os livros
infantis: “A noite de Nina – Sobre a Solidão”, “A Música de Dentro – Sobre a
Tristeza” e ” A Dúvida de Luca – Sobre o Medo”. A trilogia versa sobre
sentimentos difíceis de serem expressos pelas crianças – no intuito de
facilitar o diálogo entre pais e filhos sobre afetos que não conseguem ser
nomeados. Inventou também um folheto educativo para crianças relacionado à
pandemia, chamado “De Carona no Corona”. Bruna é ainda uma das fundadoras
do Grupo Grão, projeto que surgiu com a mobilização voluntária em torno de
pessoas socialmente vulneráveis, através de eventos lúdicos, buscando a livre
expressão de sentimentos por meio da arte. Também formada em Artes Cênicas,
pelo SATED, o que a ajuda a desenvolver esse trabalho de forma mais eficiente.
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