Aumento do número
de pessoas mais novas diagnosticadas com pressão alta se deve principalmente ao
sedentarismo e à má alimentação
O administrador Gustavo Loesch descobriu a
hipertensão aos 29 anos em exames de rotina. Acima do peso e com dieta
alimentar desequilibrada, precisou adotar um novo estilo de vida, além do uso
da medicação indicada pelo cardiologista, para controlar a pressão arterial.
“Perdi peso, cortei gorduras, reduzi o consumo do sal e faço uso de medicamento
contínuo há mais de oito anos”, conta.
Segundo dados do Vigitel, do Ministério da Saúde,
houve aumento em 14% dos diagnósticos de hipertensão arterial em adultos jovens
(entre 20 e 44 anos) nos últimos 10 anos. Para a cardiologista e coordenadora
do serviço de Check-up do Hospital Marcelino Champagnat, Aline Moraes, entre os
motivos desse aumento estão o estilo de vida mais sedentário e o maior consumo
de sal. No entanto, também impactou nesse aumento o crescimento do número de
jovens que têm realizado a aferição da pressão arterial e a adoção de valores
mais baixos para caracterizar normalidade – hoje sendo os famosos “doze por
oito” (120 x 80 mmHg).
“Via de regra, a hipertensão arterial é
assintomática, e a pressão pode ficar mais elevada em situações de estresse e dor
e ser uma resposta normal do organismo. Por isso, as avaliações periódicas são
fundamentais, quando não se tem sintomas”, ressalta a médica.
Jovens hipertensos e a Covid-19
A Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz divulgou um
relatório que mostra que o crescimento das taxas de hospitalizações por
Covid-19, no mês de março, em pessoas com faixas etárias de 30 a 59 anos
superou o aumento global da doença. Considerando todas as idades, o crescimento
de casos chegou a 700%, se comparado a janeiro, enquanto em jovens essa
escalada passou de assustadores 1.000%. Essa é mais uma preocupação das
autoridades de saúde, já que a hipertensão é um dos agravantes para os
infectados pelo coronavírus.
Ao longo da pandemia, profissionais de saúde e
pesquisadores têm tentado compreender os motivos dessa piora dos pacientes
hipertensos. Estudos indicam que a Covid-19 é uma doença que modifica respostas
metabólicas, inflamatórias e de coagulação, gerando o comprometimento de vários
órgãos, incluindo o coração. Pessoas que já tenham alterações crônicas do
coração ficam, então, mais suscetíveis a ter evolução mais grave da
doença.
Especialista em hipertensão, a cardiologista Aline
Moraes reforça que o aumento da pressão arterial pode fazer alterações como a
hipertrofia do músculo cardíaco, o que pode aumentar o risco de trombose. “Em
alguns pacientes hipertensos, notamos que há uma espécie de engrossamento que o
coração faz para dar conta da pressão mais alta e que dificulta o relaxamento
do coração. Quando essa hipertrofia é considerável, ela pode gerar também
aumento dos átrios. Essas alterações podem fazer o paciente reter mais líquido
nos pulmões, provocar arritmias e aumentar o risco de trombose - todos
problemas muito associados à pior evolução da Covid-19”, reforça. “Quem já sofre
com pressão alta precisa manter os níveis bem controlados com medicação e um
estilo de vida saudável, além de tomar todos os cuidados já conhecidos como uso
de máscara, higienização das mãos e distanciamento social para evitar a
contaminação do coronavírus”, conclui.
Hospital Marcelino Champagnat
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