Dra. Mariana Rosário |
2 de abril é o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. É chamado de Transtorno do Espectro Autista (TEA) um conjunto de sinais e sintomas que afetam o neurodesenvolvimento infantil, com diferentes níveis de gravidade. Em todos os casos, há duas condições que se apresentam, que são a dificuldade de comunicação e o comportamento repetitivo ou restrito.
Não se sabe, ao certo, a causa do autismo – e
estudos apontam para situações multifatoriais, como má formação cerebral,
fatores ambientais e genética, sendo que os pesquisadores também avaliam as
condições da gestação e da saúde materna como fatores de grande impacto no
desenvolvimento do TEA.
A ginecologista e obstetra Dra. Mariana Rosario
explica que quando o autismo existe pela condição genética, não há como os
obstetras intervirem diretamente, porque não existem exames específicos para
detecção de algum gene que possa indicar o autismo previamente. Porém, algumas
condições da saúde da mulher podem indicar ao médico que ela terá mais chance
de ter um filho autista – podendo ser prevenidas.
Mães com anemia ferropriva, por exemplo, têm maior
chance de ter filhos autistas. “Isso porque a ausência de Ferro pode causar o
problema. Esse nutriente é fundamental para o desenvolvimento do feto, sendo
envolvido em várias estruturas, inclusive na formação cerebral. É fundamental
que a mãe seja avaliada em toda a gestação, com exames bioquímicos de Ferro
Sérico e Ferritina, com especial atenção ao terceiro trimestre gestacional,
quando ela mais consome esse elemento”, alerta a médica.
O excesso de ácido fólico no organismo materno e a
falta de metilfolato também podem levar ao autismo. O metilfolato é a versão
metabolizada do ácido fólico, essencial para a formação do tubo neural do bebê,
entre outras estruturas. Deve ser suplementado na mãe e no pai pelo menos três
meses antes da concepção e, na mãe, durante toda a gestação, em doses adequadas
às necessidades da gestante. O que ocorre é que ainda existem médicos que
suplementam as mulheres com ácido fólico e muitas delas cujos organismos não
produzem a enzima capaz de transformar ácido fólico em metilfolato. “Assim, o
nutriente não é absorvido adequadamente e quando há excesso de ácido fólico ou
falta de metilfolato no organismo, pode aumentar a chance de autismo”, comenta
Dra. Mariana.
Quem já tem um filho autista também tem grande
chance de ter mais um filho com o mesmo transtorno – e algumas medidas devem
ser tomadas para minimizar o risco, embora não haja garantia de que ele será
completamente evitado. “O casal precisa estar ciente dessa possibilidade.
Aumentamos a suplementação de Ferro e metilfolato, mas não podemos garantir que
outros filhos não sejam autistas justamente pela questão genética”, explica a
médica.
E, para finalizar, alguns estudos apontam para os
processos de fertilização como fator de maior risco para autismo. “Ainda são
inconclusivos, mas pode haver alguma relação. A Medicina ainda tem bastante a
pesquisar, neste caso”, conclui.
Dra. Mariana Rosario – Ginecologista, Obstetra e
Mastologista. CRM- SP: 127087. RQE Masto: 42874. RQE GO: 71979.
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