Na hora da declaração do Imposto de Renda há um
benefício para quem contratou a previdência privada na modalidade PGBL, mas é
necessário conhecimento para usar a tributação a seu favor
Pelo
fato de a previdência pública ter um teto - atualmente de R$6.437,57 - os
planos de previdência privada vêm surgindo como alternativa para complementação
da aposentadoria. Justamente por ter essa função social, eles contam com alguns
benefícios fiscais, que podem ser utilizados no momento da declaração do
Imposto de Renda (IR).
Dentre
os planos de previdência privada disponíveis no mercado, os mais comuns são os
da modalidade VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) e PGBL (Plano Gerador de
Benefício Livre). Apesar de serem semelhantes, possuem especificidades
importantes: o VGBL é um seguro de vida individual e o PGBL é um plano de
previdência complementar.
Nas
duas modalidades, a mordida do Leão pode parecer igual na hora do resgate. Mas
há diferenças importantes, explicam os especialistas Marcelo Estrela, que é
assessor de investimentos, e o contador Nilson Fabiano Júnior, ambos sócios da
Vertente Invest.
Quem
tem um PGBL pode ter o valor que investe do plano usado para reduzir a
renda tributável no IR e, consequentemente, aumentar a restituição do Imposto
de Renda ou diminuir o valor a pagar. Lembrando que o limite da dedução é
de até 12% de toda sua renda tributável.
Assim,
caso uma pessoa tenha uma renda bruta anual de R$100 mil e tenha contribuído
com seu PGBL até R$12 mil no mesmo ano, esse valor pode ser abatido dos R$100
mil para efeito de cálculo do Imposto de Renda. Ou seja: R$100 mil – 12 mil =
R$88 mil. Assim, para efeito de cálculo do IR, a renda bruta anual será
considerada como R$88 mil e, assim, o IR a ser recolhido será menor ou a
diferença será restituída ao contribuinte.
“Esse
é o maior benefício do PGBL frente ao VGBL”, afirma o assessor de investimento
Marcelo Estrela, sócio da Vertente Invest. 'Em alguns casos, um recolhimento de
imposto que seria de 27,5% em cima de uma renda auferida em um ano pode se
transformar em apenas 10% no aniversário de 10 anos da aplicação no PGBL"
explicou Marcelo Estrela.
Como
é na VGBL
Enquanto
isso, os planos na modalidade VGBL sofrem tributação apenas sobre o seu
rendimento anual. Na prática, isso significa que, se o investidor aplicar
R$1.000,00 e ao final de um ano tiver R$1.140,00, o imposto será cobrado sobre
os R$140,00, que é o ganho acima do capital investido.
É
bom lembrar também que, para quem não tem renda tributável (ou são isentas), o
VGBL acaba sendo a melhor opção, assim como para quem não contribui com o INSS.
E, ainda, quem não faz a declaração no modelo completo também deve optar por
essa modalidade porque somente no modelo completo é que se consegue dar ao Leão
as informações necessárias para a restituição do PGBL.
Além
disso, é preciso tomar cuidado com uma possível bitributação. “Como no PGBL o
Imposto de Renda, na hora do resgate, é tributado sobre todos os valores
aportados acrescido dos rendimentos, se o investidor não se beneficiar do
abatimento na declaração do Imposto de renda, ano a ano, se torna inviável o
PGBL pois o mesmo não usufruiu do benefício e ainda será tributado sobre todo
capital“, complementa o contador Nilson Fabiano Júnior, que também é sócio da
Vertente Invest.
Por
isso mesmo, o contador reforça a importância de se buscar por profissionais
capacitados na hora de escolher os planos e contratar os investimentos, pois
envolve uma contabilidade um tanto complexa. “Se a pessoa não faz um
planejamento ou um acompanhamento profissional corre o risco de não aproveitar os
benefícios fiscais dos planos de previdência ou, até mais grave, corre o risco
de ser bitributada nos rendimentos da sua previdência privada”, arrematou.
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